Capítulo oito: Staring out an open window catching my death

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Faltavam duas semanas para o Samhuinn. Os moradores de Woodvale estavam ocupados com a competição contra nossa cidade rival, Stonehaven, e os turistas se divertiam com a perspectiva de obter o melhor dos dois mundos, afinal, apenas uma rua separava as duas cidades. Os bistrôs ofereciam pratos com decorações de runas célticas e exibiam decorações medievais como letreiros envelhecidos e garçonetes com vestidos longos — aos poucos, Woodvale transformava-se na Escócia do passado, aquela onde nessas terras as famílias Wood e Vallée decidiram criar uma vila.

Martha e o prefeito Sean decidiram chamar o evento de Festival dos Druidas. Aconteceria durante o dia 31 de outubro, e à noite manteríamos nossa tradicional fogueira — com a adição de um momento de contação de estórias que Taylor faria. Ela já tinha algumas estórias curtas, na verdade. Uma se chamava "Sem corpo, sem crime" e a outra "Carvalho". Essa segunda envolvia um ritual com encantos que despertavam um pouco de medo e hipnotização ao mesmo tempo.

Desde que voltou da viagem escolar, minha irmã Bailey estava ocupada com uma coreografia para a segunda etapa do Festival. Mamãe ficou responsável por supervisionar tudo e ela estava enlouquecendo um pouco com isso, mas parecia satisfeita por poder garantir que Woodvale sairia vencedora — e na primeira página de um jornal nacional importante. Minha mãe Emma passava boa parte da noite com Stephanie e Oliver, os três responsáveis pelo concurso de pratos típicos.

Ao lado dos outros lojistas, estava ocupada em decorar toda a cidade para que ela parecesse medieval. Eu estava o tempo todo preocupada com tecidos, fitas e objetos de festa, mas não era nada que não pudesse dar conta. Além disso, Woodvale tinha uma aura que, por natureza, era outonal e mística. As frondosas árvores estavam pintadas em tons de vermelho, laranja, amarelo e marrom, então nossas tinham esses tapetes naturais e coloridos, além do doce perfume dos arbustos de álissos que estavam espalhados por toda a cidade.

Na minha vitrine, coloquei alguns livros em gaêlico escocês para despertar a curiosidade dos turistas além do título mais recente que eu tinha lido, "Old & Rare Scottish Tartans", um tópico específico, mas muito interessante. Com a ajuda de Taylor, havia uma nova prateleira próxima à vitrine com livros sobre bruxaria. "História da Bruxaria", "A Bruxa de Évora", "Guia das Bruxas sobre Fantasmas e o Sobrenatural" e "Letters from the devil's forest."

Claro, também coloquei algumas cópias dos livros da Taylor na vitrine.

Dei uma boa olhada na minha pequena livraria.

— Parece que estamos de volta à era de ouro das Terras Altas — comentei à Taylor, que estava sentada atrás do balcão com a sua inseparável máquina de escrever. Parecia que metade do livro estava pronta. — O que achou?

— Está ótimo — comentou Taylor sem erguer o olhar. Só ouvi o som agudo e mecânico das teclas, e tinha visão parcial do cabelo solto e cacheado.

Suspirei e me aproximei, inclinando-me sobre o balcão para observá-la. Ela vestia um cachecol vermelho com uma jaqueta de couro marrom envelhecida, uma saia xadrez curta cor de caramelo e um par de all star também marrom envelhecido. Na mão esquerda, havia uma tala de pulso que com muita insistência da minha parte, Taylor estava usando. À contragosto, e ela fazia questão de pontuar isso o tempo todo.

— Achei que o médico tinha pedido para essa mão descansar um pouco.

— Ele pediu — retrucou Taylor, e logo percebi que ela não estava em um bom dia ou com um bom humor. — Mas eu escolhi ignorar. Isso só... — ela parou de escrever e encostou-se na cadeira, correndo as mãos pelo rosto, que logo ficou todo vermelho. — Está impossível. Você já reparou como a história de Woodvale é cheia de lacunas? Estou me esforçando para ser o mais fiel possível aos fatos, mas com apenas duas semanas faltando eu estou disposta a apenas... escrever qualquer coisa e torcer pelo melhor.

WOODVALE • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora