Capítulo dezenove: my face in a red flush

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CAPÍTULO DEZENOVE

Era bem depois da hora do almoço quando voltamos para a casa de Fergus. Felizmente, James e o marido de Fergus, Sean, ainda não tinham comido, então todos nós nos reunimos ao redor da mesa de madeira para saborear uma refeição deliciosa.

Como entrada, tivemos uma sopa substanciosa feita com carne de cordeiro, cevada, legumes e caldo. Em seguida, purê de nabo e batata como acompanhamento para alguns pratos de haggis e um delicioso salmão defumado, servido com pão integral amanteigado e bolachas de aveia.

A mesa estava repleta de comida, cuidadosamente decorada com toalhas bordadas em tons de vermelho e marrom, um vaso de lindas margaridas secas e xícaras coloridas para as crianças, com sidra de maçã.

Antes, Fergus havia mencionado que tinham uísque, mas eu rapidamente disse que Taylor e eu não bebíamos. Ele sabia da minha situação, claro, porque conhecia a história da minha mãe — como todos na cidade. Foi um alívio que ele não trouxe álcool para a mesa e nem sequer mencionou, porque embora soubessem sobre a questão da mamãe Abigail com álcool, eu não queria que Taylor fosse exposta a esse nível de fofoca.

No entanto, Taylor não percebeu nenhuma menção a uísque. Ela não conseguia parar de olhar ao redor de vez em quando porque estava apaixonada pela pequena casa deles. Ela me disse quando entramos pela primeira vez: "isso parece a casa de uma velha mística."

Tudo era feito de madeira rangente; havia uma pequena escada em espiral e uma lareira bem esculpida, parecida com a da Lady Odette B&B. Havia flores secas por toda parte, assim como um aparador com uma mesa de ferro forjado de pé de máquina de costura antiga. As paredes eram feitas de pedras grossas, como as casas de séculos atrás. Até as pinturas melancólicas pareciam contribuir para a personalidade desta casa.

Quando terminamos de almoçar, Fergus avisou que a sobremesa ainda não estava pronta, mas que as crianças podiam brincar com os três cachorros de estimação que estavam no cômodo ao lado, a sala de estar. Eu conseguia ouvir as risadas e perguntas incessantes de Dodie e os murmúrios baixos e tímidos de James, junto a eventuais latidos dos bichinhos.

Em certo momento, Taylor não conseguiu esconder o quanto estava curiosa sobre tudo e isso chamou a atenção de nossos anfitriões.

— Com licença, Taylor — disse Sean, o marido de Fergus, um homem muito bonito com bochechas gordas e vermelhas e olhos pequenos castanho-esverdeados que lembravam um pouco os de James. — Parece que você está apreciando as pinturas. Já ouviu falar de William McTaggart?

— Não muito — disse Taylor — Estou assumindo que ele foi muito inspirado pelo impressionismo, por causa da forma como parece que ele usou a pincelada. Me lembra um pouco de Turner, sabe, o pintor romântico inglês. Acho que fiz uma ou duas aulas sobre história da arte na faculdade.

— O que você estudou? — perguntou Sean.

— Literatura Inglesa e Cinema — disse Taylor, surpreendentemente, um pouco tímida.

— Uau, isso é tão legal — Sean levantou suas pequenas sobrancelhas — Eu adoraria ir para a faculdade se tivesse a chance. Eu amo arte desde criança. Foi uma das razões pelas quais eu queria esta casa em primeiro lugar. Veja bem, este lugar pertencia a Lorna Wood, irmã de nosso fundador Duncan Wood. Um de seus descendentes no século XIX, acho que era um homem chamado Scott ou algo assim, Ele adorava colecionar cópias de obras-primas, mas McTaggart era especial para ele. Quando comprei aqui, encontrei um monte de notas sobre suas pinturas, a natureza e a relação do homem com ela. Tenho quase certeza de que ele escreveu uma vez algo assim, como a morte não era o fim nem o começo. Era um ciclo interminável, algo como o ouroboros, sabe? Ele olhava para esta pintura, que está na nossa sala de estar, chamada "A Tempestade", e tinha epifanias.

WOODVALE • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora