Capítulo dezoito: every bait-and-switch was a work of art

969 108 312
                                    

Assim que chegamos às rochas perto da praia, improvisei uma cama grande com cobertores confortáveis e quentes, almofadas, e logo me deitei.

Observei Dodie tocar a água gelada, correr para longe, apenas para voltar e tocá-la novamente com suas mãos pequenas. Taylor a segurava e a levantava no ar, fingindo que a jogaria na água gelada, fazendo com que Dodie gritasse e se contorcesse em seus braços para escapar. Dodie corria por toda a praia, coletando pedras, gravetos, mostrando a Taylor algum animal que encontrava ou suas teorias sobre onde as sereias poderiam estar escondidas.

Após alguns minutos, o som das ondas quebrando e suas risadas tornaram-se distantes, como uma canção de ninar etérea trazida pelo vento que me fez adormecer. Sonhei com o farol, pássaros e com olhos azuis-acinzentados lindos e melancólicos. Mesmo durante o sono, ainda conseguia ouvir suas vozes distantes, e estes sons murmurantes pintaram a tela de fundo da minha mente enquanto eu adormecia mais profundamente.

Eu sabia que em algum momento acordei brevemente para ouvir Taylor, sentada à beira d'água com Dodie, explicando alguns mitos sobre sereias — como, na Grécia Antiga, elas eram as sirenas, que eram meio pássaros, mas no período Clássico, já eram meio peixes. Essa última imagem tornou-se bastante popular na Idade Média. Taylor então contou a Dodie que a Escócia tinha muitas criaturas místicas e mágicas. Os Kelpies, por exemplo, eram criaturas metamórficas que viviam como focas no mar e se transformavam em humanos quando estavam em terra. Nas histórias gaélicas, eram frequentemente descritos como "maighdean-mhara", que significa "donzela do mar".

Adormeci outra vez e, quando acordei, ouvi apenas um cantarolar baixinho. Ao meu lado, Taylor estava deitada com um livro e de vez em quando, o abaixava para perscrutar Dodie, que estava sentada nos cascalhos com os pés descalços rodeada por gravetos, pedras e folhas, além das mãos cobertas por lama e grama. Muito concentrada na sua brincadeira particular.

Suspirei e, ainda embolada nas cobertas, me arrastei até deitar a cabeça no colo de Taylor, que abaixou o livro de imediato e passou os dedos por entre os fios do meu cabelo.

— Está com dor? — ela perguntou — Precisa de algo? Coloquei a bolsa de água quente no porta-luvas e a cartela do seu comprido também, se quiser. Ah, e trouxe um remédio para dor de cabeça.

— Não, está tudo bem — respondi e bocejei — Apenas um pouco amuada. Qual livro é esse?

— "Poemas de Emily Dickinson" — respondeu Taylor, que deixou o livro sobre a mochila de Dodie ao seu lado e então fez um sinal para eu erguer a cabeça. — Quero me deitar aqui com você.

Ergui as três cobertas nas quais estava embolada e dei espaço para Taylor deitar a cabeça no meu travesseiro. Ela lançou um olhar à Dodie e se deitou, mas ao invés de apenas apoiar a cabeça ao meu lado, Taylor puxou o meu suéter, que era mesmo largo, e se colocou dentro dele, sorrindo feito uma criança com o seu grande feito. Usei as cobertas para nos cobrir, beijei a ponta gelada do seu nariz e senti Taylor colocar sua perna sobre mim. Aproveitei para apoiar minha mão na parte de trás da sua coxa.

— Você está quentinha, — ronronou Taylor, com as mãos ao redor da minha cintura e o rosto na curva do meu pescoço. — Vou ficar aqui para sempre.

— Minha gatinha dengosa.

— Esse é o apelido mais brega e fofo que já recebi.

— Fala como se não gostasse de coisas bregas.

— Bom, gosto de você, então...

— Ei!

Taylor riu baixinho e beijou o meu pescoço.

— Dê uma olhada na Dodie, por favor.

Ergui minha cabeça e encontrei Dodie do mesmo jeito que antes. Sentada com seus brinquedos improvisados, cantarolando baixinho e concentrada no que quer que sua imaginação estivesse criando.

WOODVALE • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora