Capítulo vinte e quatro: all along there was some invisible string

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CAPÍTULO VINTE E QUATRO

Dois meses depois.

Dodie vestia uma meia-calça, um casaco e um par de Oxford com fitinhas. Tudo vermelho. Sobre seus cabelos cacheados, havia uma boina preta que a fazia parecer muito fofa. Ela estava em sua cama novinha em folha, queen-size, com uma cabeceira em formato de concha em uma cor azul-claro.

Todo o seu quarto tinha um tema oceânico e de sereia, com paredes pintadas em tons suaves de rosa e azul que lembravam ondas, um lustre bege cheio de conchas penduradas, uma cômoda de madeira com fotos emolduradas, uma pequena caixa de jóias também adornada com conchas e algumas bonecas de sereia, além de muitos ursinhos com nomes inusitados. Ao lado de sua cama, havia uma mesinha de cabeceira branca com livros sobre mitos escoceses para crianças, curiosidades sobre o oceano e livros de sereias para colorir.

Taylor havia dito que Dodie amava seu quarto e não parava de falar sobre ele, e eu sabia o porquê. Tudo o que ela amava estava ali. Havia até uma grande foto da sua primeiríssima festa do pijama, em um fim de semana em que ela convidou todos os seus novos amigos da escola — Jem, Blue e Pippa — para dormirem aqui.

Foi provavelmente a noite mais cansativa de nossas vidas, minha e de Taylor, mas Dodie se divertiu muito com seus amigos e até os pais deles mencionaram que notaram que as crianças foram muito bem tratadas, então valeu a pena, especialmente porque havia essa foto fofa dessas crianças pequenas e Dodie tinha o sorriso mais radiante de todos.

Dei uma olhada no espelho na porta do guarda-roupa cor-de-rosa. Vesti uma meia-calça preta que pertencia a Taylor, mas estava na minha casa por algum motivo e um vestido xadrez vermelho e preto que mais parecia uma camiseta comprida. E que Taylor também deixou convenientemente em cima da minha cama na última vez que dormiu lá. Pelo menos o sapato marrom era meu. Dodie disse que era um alívio me ver usando algo que não fosse uma calça, um comentário semelhante ao que Taylor havia dito dias atrás, sobre como eu não tinha vestidos ou saias.

Encarei Dodie sobre a cama. Nós iríamos visitar uma fazenda de árvores de Natal, e Taylor era a única que ainda estava se arrumando, trancada em seu quarto para impedir que os outros gatos filhotes brigassem com o pobre Benji. Dodie estava pronta e impacientemente sentada em sua cama com um panfleto sobre a tal fazenda em mãos, enquanto o gatinho Benji descansava a cabeça em seu colo.

— Acho que sua mãe discorda um pouco do meu guarda-roupa e decidiu começar a escolher o que vou vestir sem eu saber.

— Só percebeu isso agora? — murmurou Dodie, sem erguer o olhar — Ela faz isso comigo desde que nasci e olha que já tenho quase sete anos!

— Bom ponto — respondi. "Quase sete anos", era como Dodie se apresentava desde que alcançou a tenra idade dos seis anos, há pouco menos de duas semanas. Ela queria muito ter sete, a idade de Jem.

Dodie bufou, impaciente.

— MAMÃE! — Ela gritou tão alto que Benji, o gato, saltou da cama — FALTA MUITO?

Taylor respondeu, igualmente alta:

— QUASE PRONTA.

Dodie e eu nos entreolhamos.

— Quarta vez? — perguntei, referindo-me às vezes que Taylor nos disse isso.

— Sexta — corrigiu Dodie, irritada. Ela não estava com um bom humor e eu suspeitava que não era a única. — Duas vezes antes de você chegar.

Suspirei e fui até o quarto de Taylor, que ficava de frente para o de Dodie. A porta estava fechada, com uma guirlanda natalina pendurada. Bati suavemente.

WOODVALE • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora