Capítulo vinte e dois: never be so polite you forget your power

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Ao longo da próxima semana, minha mãe conseguiu enviar Taylor para um psiquiatra e um psicólogo. Eu ainda não tinha ideia do que elas tinham conversado no banheiro, e tinha a sensação de que não saberia. Não era um problema se Taylor não quisesse me contar, só queria ter certeza de que ela estava bem, o que era uma palavra forte quando se tratava da saúde mental de Taylor. Havia uma espécie de medo e alívio no dia em que ela e minha mãe foram ao médico, mas eu mantive a calma e levei Dodie para o parque em frente à minha casa.

Aproximando-se do final de outubro, quase todas as folhas das árvores estavam no chão, pintando a grama em tons melancólicos de laranja escuro, marrom e vermelho e lançando ao ar bálsamos de orvalho e terra úmida. O parque era grande, com um lago frio e cintilante que, de manhã cedo, tinha uma névoa de cor perolada que Dodie decidiu ser um espírito mágico.

Caminhamos pela antiga ponte com Dodie segurando uma das minhas mãos e um graveto na outra. Ela cheirava a óleo de amêndoas e algo açucarado. Como sempre, Dodie estava falando sobre tudo o que conseguia ver: as flores, os pássaros e a água.

Isso me fez pensar, pela primeira vez, que Dodie e Taylor partiriam em breve. Doze horas de distância. Uma parte de mim se sentia boba por ficar um pouco triste, especialmente porque tínhamos nos conhecido há pouco tempo, mas havia outra voz, mais alta, dizendo que a maioria das lésbicas vão morar juntas após se conhecerem por três semanas, então eu era apenas outro estereótipo.

Mas eu realmente gostava da Taylor. Ela era tão inteligente e eloquente; o livro dela tinha sido concluído na noite anterior e ela o havia enviado para os editores. Taylor não me deixou dar uma olhada, mas eu sabia que era bom, pois já havia lido e ouvido seus poemas e contos antes. E Taylor era tão encantadora, com aquele sorriso lírico e aqueles belos olhos melancólicos; eu não queria parar de olhá-la. Eu queria que ela ficasse. Não queria contar a Taylor por causa da situação de Dodie, mas eu queria implorar para que ela ficasse em Woodvale para sempre.

Essa cidade não seria a mesma sem ela.

Havia também a Dodie, que era a criança mais doce que eu já tinha conhecido. Havia tanto da Taylor nela, mas também existiam essas pequenas coisas, tão infantis, tão características da Dodie. Ela sempre estava tão apaixonada pelo mundo, e tudo, especialmente o cotidiano, parecia fascinante quando falava sobre isso. As coisas mais simples, como vacas peludinhas ou um almoço comum, Dodie as descrevia com o maior encantamento.

Eu me perguntava se a Taylor já tinha sido assim, uma vez? Ou era apenas a Dodie?

A voz de Dodie despertou-me dos meus devaneios.

— Estava aqui pensando com meus botões — ela começou, e apontou os botões do casaco como se tivesse levado a expressão ao sentido literal. Isso, ou era uma daquelas piadas muito ruins que a Taylor adorava fazer em qualquer oportunidade. — Na escola, quando fazemos amigos, damos apelidos uns aos outros. Eu nunca ganhei apelido algum, só "Dodie", que foi a mamãe que criou e não que a mamãe e eu não sejamos amigas... nós somos, tipo, melhores amigas de todo o mundo, sabe, daqui da Terra, até a lua e depois até... até... saturno.

— Por quê até saturno?

— É o único planeta que eu conheço — explicou Dodie com um sorriso cheio de dentinhos — Mas, eu queria saber se você quer ser minha amiga também, Maude?

Ela olhou para cima com olhos azuis brilhantes.

— Pensei que já éramos amigas — eu disse.

— Ah, — Dodie piscou um pouco e então sorriu para mim. — Sério? Isso é realmente legal da sua parte. Então, já que somos amigas, eu queria te dizer que criei um apelido para você. Está pronta?

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