-- Mãe, eu entendo que você precisa de espaço. Mas por que até agora?-- Fica a apenas alguns estados de distância! Querida, eu simplesmente não posso mais morar aqui. Sem o seu pai, simplesmente não é certo para mim.-- Mamãe parece chateada agora, ela fica quieta por alguns minutos e eu ouço sua respiração instável e chorosa.
-- Só vou sentir sua falta. Morar em uma casa tão grande sem você ou seu pai por perto... vai levar algum tempo para me acostumar.-- Tento mudar um pouco de assunto.
Mamãe recuperou um pouco da compostura, suspirando.
-- Você vai ficar bem. Você é mais durona do que eu. Se morar nesta casa vai ajudar a aliviar as contas, quero que faça isso. Eu te amo e quero ver você menos estressada.
-- Obrigado, mãe. Vou pensar sobre isso e te aviso. Tenho que ir, meu próximo paciente está aqui.-- Depois que desligo meu telefone, colocando-o sobre a mesa, ouço uma batida na porta. -- S-sim, entre.
Um homem mais velho, magro e desalinhado entra pela porta. É Lawerence, ele tem oitenta anos e está tendo problemas para dormir. Ele também começou a andar dormindo depois que sua esposa, com quem estava casado há sessenta anos, morreu há alguns meses.
-- Boa tarde Lawrence, como você está?
-- Merda, doutora. Tem sido um inferno, eu acho...
Ele para, seus velhos olhos cansados começam a ficar vidrados. Suas grossas sobrancelhas cinzentas abaixam ainda mais, escondendo-as.
-- Acho que estou tentando encontrar Cindy.-- Ele enxuga os olhos, suspirando.
-- Por que você pensa isso?-- Eu pergunto, tentando não chorar.
-- O homem da máscara está me levando até ela.
-- Espere, que homem? Lawrence, você mora sozinho, não é?-- Confusa, me inclino para perto dele na beirada do meu assento.
-- Ele está lá, sempre me observando. Acho que está me ajudando a encontrar Cindy. -- Lawrence sorri, seus olhos escurecem e as nuvens lá fora bloqueiam o sol.
Meu peito aperta e parece que há uma carga elétrica no ar. O sorriso de Lawrence agora é sinistro, então, na minha visão periférica, uma sombra sai de trás de mim.
-- Doutora? Com licença, doutora?
Eu ouço a voz de Lawrence. Meus olhos piscam e sinto tudo voltar ao normal. A sala está iluminada e ensolarada, e Lawrence está lá agora com um olhar preocupado, me observando.
-- Sinto muito. Lawrence, por favor, continue.-- Balanço a cabeça e recosto-me na cadeira, pronta para ouvir novamente.
-- Doutora, estou conversando há quase trinta minutos. Você está bem, querida? -- Ele coloca Suas mãos delicadas em meu joelho, dando tapinhas nele.
-- Vamos continuar isso na próxima semana. Vou lhe dar um tempo extra também. Acho que estou com falta no departamento de sono ultimamente.
-- Tudo bem, querida, já é hora de qualquer maneira.
Ele se levanta com cuidado, certificando-se de que suas pernas estão funcionando. Quando ele está perto da porta, ele se vira, com uma expressão preocupada nos olhos.
-- Durma um pouco, querida. Você, mais do que ninguém, sabe que as coisas simplesmente não ficam bem quando você não dorme.
Com isso ele se foi e eu desabei na cadeira.
Que porra foi essa? Adormeci enquanto meu paciente falava? Como Lawrence era meu último paciente, decidi voltar para casa mais cedo. Mesmo estando em casa não tenho tranquilidade, tenho que decidir o que vou fazer com a casa da mamãe. Eu realmente quero morar sem ter ninguém por perto?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Insônia | deus do Sono
FanfictionAshley Bianchi é uma terapeuta do sono que está lidando com a perda de seu pai. Após sua morte, ela ficou com uma terrível insônia. Ela tenta ajudar seus pacientes da melhor maneira possível, enquanto mantém uma vida normal. Mas será que ela consegu...