CAPÍTULO 30| Limbo

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Estou caminhando há pelo menos uma hora e nada mudou ao meu redor. Não havia sinal de árvores diminuindo como antes, nem aberturas, nem colinas. Ali ao longe consigo ver uma árvore com folhas de aspecto branco, é sinal de que alguém está, ou esteve por perto. Quanto mais me aproximo da árvore reconheço o tecido amarrado à árvore. É o mesmo material de que é feito este manto branco.

Que diabos isso significa? Onde diabos estou? Aquela sensação de estar sendo observado se insinua e eu me viro rapidamente. Não houve tempo para reagir ao que aconteceu. Fui empalado novamente, exatamente no mesmo lugar de antes. A espada penetrou na árvore, me mantendo no lugar. Meus olhos se fecham e eu luto para respirar, então olho para cima e vejo aquela máscara vermelha olhando para mim.

-- Você não tem o direito de se intrometer e me interromper. -- A voz de Dante agora está mais profunda e distorcida.

A lâmina começa a torcer e eu grito de agonia enquanto meu coração se contorce e se contrai. Tudo fica preto e sinto como se tivesse voltado ao meu corpo. Estou de volta onde comecei novamente.

-- Porra! -- Eu gritei, olhando para o mar de árvores diante de mim.

Cada vez que tentei encontrar Dante, o verdadeiro Dante, falhei. Devo ter morrido umas vinte ou trinta vezes, cada vez sendo esfaqueado no peito da mesma forma. Depois recomeçava tudo de novo, a máscara vermelha tornando-se cada vez mais sinistra cada vez que nos encontrávamos. Todos os pedaços de tecido branco amarrados nas árvores são pessoas que mataram como eu? Isso não explica por que Dante estaria atacando aquelas outras pessoas.

Agora pensando que o branco poderia chamar atenção para mim me livrei dele. Tirando o roupão o mais rápido que pude, joguei-o para o lado e corri pela floresta. Finalmente tudo parece familiar novamente, é como se fosse a primeira vez. Lembrando o caminho que tomei quando encontrei meu Navio no cume.

Esforçando-me para correr mais rápido do que nunca, cheguei ao cume num instante. Praticamente pulando o penhasco, me levanto graciosamente e continuo descendo pelo outro lado. Dante está lá, brandindo uma espada contra as três figuras em vestes brancas como antes.

-- Dante! -- Eu grito, meus olhos se enchendo de lágrimas enquanto corro até ele.

Quando ele se vira eu corro direto para sua espada. Tento agarrar seu roupão para não cair, minha visão fica embaçada enquanto estremeço com a dor entorpecedora da mente.

-- Você! V-você não deveria estar aqui. Este é o meu domínio! --  Sua voz enche minha cabeça.

Estou presa olhando para a espada em meu estômago, sem saber o que fazer. Deixei tudo depender do fato de que pensei que Dante estaria do meu lado.

-- Tire isso dela. Isso fará você se sentir ainda melhor. --  Dante de mascara vermelha sai de trás dele.

Eu poderia dizer em sua voz que havia um sorriso malicioso em seu rosto.

-- Melhor ainda, deixe-me ajudá-lo. Você a empalou de maneira totalmente errada! -- Ele condescende com Dante.

Chegando ao redor dele, ele move a lâmina dentro de mim.

-- Hmm, viu isso? É onde você deveria ter apontado o Dante! --  A máscara vermelha explica com entusiasmo.

Depois de apontar a lâmina em direção ao meu coração, ele forçou Dante a deslizar a lâmina em meu coração. O único som que me escapou foi um grito baixo e doloroso. Apenas deixe-me morrer e reiniciar, não aguento isso.

-- V-vá em frente, me destrua se isso ajudar você a me esquecer. -- Eu mal me reconheço na maneira como pareço.

Este não sou eu. Eu pego as mãos trêmulas de Dante, colocando ambas no punho, envolvendo-o com os dedos.

-- Eu... pensei que nosso vínculo fosse... forte. Mas parece que eu estava enganada. -- Eu forço a expiração entre respirações irregulares.

Dante está tremendo e sua respiração está irregular e em pânico. Atrás dele vejo o outro amarrando o tecido branco na árvore como todos os outros pedaços de tecido. Dante não puxa a espada de mim, mas a enfia mais fundo em mim até me segurar contra ele.

-- Você precisa sair daqui. Você não pertence aqui.--  Sua voz está cheia de emoção crua, agora que estou mais perto dele sinto todo o seu corpo tremendo. Sua mão vem por trás de mim até a minha nuca, segurando-a firmemente.

-- Eu continuo morrendo não sei o que fazer. --  Eu sussurro. Neste ponto, minhas pernas começam a ceder e Dante me mantém em pé.

-- Continuaremos matando você, a menos que você saia. Não vou parar de derrubá-lo. Quando você acordar, use seu conhecimento como um recipiente e saia. -- Assim que ele termina de falar, ele arranca a lâmina do meu peito e eu caio no chão.

Insônia | deus do Sono Onde histórias criam vida. Descubra agora