-- Eu ainda vejo. Não muito claramente, mas eu sei que ele está lá. É como se com o canto do olho eu pegasse aquela máscara, ou aquelas vestes. Ah, eu simplesmente não presto atenção nisso e está tudo bem.
-- Aquele tinha uma máscara branca, certo? E aquela com marcas vermelhas, você viu algo assim? -- Eu me inclino para frente clicando na caneta algumas vezes.
-- Não, eu não presto mais muita atenção. Mas nada disso. -- Lawrence me olha um pouco e se recosta na cadeira.
Termino de escrever o que ele me explicou e discuto uma possível mudança de medicação. Sabe-se que alguns remédios para dormir podem causar alucinações e coisas assim. Lawrence concorda se for realmente necessário, mas insiste que está bem.
-- Você tem trabalhado em alguma de suas pinturas ou desenhos desde que seu sono melhorou?
-- Na verdade eu trouxe uma coisa para você. -- Ele entrega uma tela embrulhada. -- Achei que seria estranho te dar algo, mas senti que era para você. Por favor, abra em casa, querida. -- Ele sorri. -- Minha inspiração aumentou, então, para responder à sua pergunta, sim. -- Seu sorriso aquece meu coração e eu aceno.
-- Tenho alguns trabalhos de casa para você, Lawrence, se não for muito incômodo. Gostaria que você mantivesse um diário do que está vendo. Vou me dar algumas dicas sobre o que exatamente poderia fazer com que você visse essas coisas. -- Levantando-me, vou até minha estante e tiro um pequeno livro de capa dura.
Há um espelho no centro da prateleira e quando olho para meu reflexo vejo o homem mascarado com marcas vermelhas. Ofegante, deixo cair o livro e pulo para trás, enquanto meus olhos encontram o reflexo novamente, ele se foi.
-- Caramba! -- Murmuro baixinho enquanto pego o livro de volta.
Lawrence parece confuso por um momento, mas rapidamente disfarça com um sorriso.
-- Olha você aqui.-- Dei um meio sorriso e olhei entre o livro e ele.
-- Eu reconheço esses momentos, doutora. -- Ele coloca o livro ao seu lado suspirando. -- Você também está vendo? O homem da máscara?
-- Sonhei com algo assim há algum tempo. Acho que foi depois de uma sessão entre você e eu.--
Lawrence acena com a cabeça, um pouco triste, não vou confirmar.-- Bem, acho que é a nossa hora. Certo, doutora?
-- Hmm, sim. Mesmo horário na próxima semana, só não se esqueça de agendar com a recepcionista. Obrigada novamente pelo presente, Lawrence, isso foi gentil. -- Sento-me e sorrio.
Depois que Lawrence vai embora, minha mãe me liga.
-- Ei, mãe! Como você está se adaptando? -- Relaxei um pouco, feliz em ouvir a voz dela.
-- Tem sido ótimo, as coisas estão a todo vapor! E você, querida? -- Ela parece feliz, mas quando pergunta como estou, sua voz muda. Ela está preocupada, eu sei.
-- Na verdade tem sido bom. Tenho descansado melhor, então você sabe que isso sempre ajuda em tudo.
-- Oh, que bom! Isso me deixa tão feliz. Como vai o trabalho?
-- Tudo bem, mas tenho um novo paciente chegando. Ouvi... coisas... mas veremos como isso se desenrola.-- Suspiro enquanto preparo meu novo caderno e pastas para ele.
-- Você sabe melhor do que ninguém como lidar com pessoas que sentem falta do sono. Tenho certeza que tudo correrá bem. Eu te amo e te ligo na semana que vem, certo?
-- Eu também te amo, mãe. Até mais. -- Coloco meu telefone de volta no bolso do blazer e ouço uma batida.
O que estão achando da escrita?
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Insônia | deus do Sono
FanficAshley Bianchi é uma terapeuta do sono que está lidando com a perda de seu pai. Após sua morte, ela ficou com uma terrível insônia. Ela tenta ajudar seus pacientes da melhor maneira possível, enquanto mantém uma vida normal. Mas será que ela consegu...