CAPÍTULO 5| Presente

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-- Eu ainda vejo. Não muito claramente, mas eu sei que ele está lá. É como se com o canto do olho eu pegasse aquela máscara, ou aquelas vestes. Ah, eu simplesmente não presto atenção nisso e está tudo bem.

-- Aquele tinha uma máscara branca, certo? E aquela com marcas vermelhas, você viu algo assim? --  Eu me inclino para frente clicando na caneta algumas vezes.

-- Não, eu não presto mais muita atenção. Mas nada disso. --  Lawrence me olha um pouco e se recosta na cadeira.

Termino de escrever o que ele me explicou e discuto uma possível mudança de medicação. Sabe-se que alguns remédios para dormir podem causar alucinações e coisas assim. Lawrence concorda se for realmente necessário, mas insiste que está bem.

-- Você tem trabalhado em alguma de suas pinturas ou desenhos desde que seu sono melhorou?

-- Na verdade eu trouxe uma coisa para você. -- Ele entrega uma tela embrulhada. -- Achei que seria estranho te dar algo, mas senti que era para você. Por favor, abra em casa, querida. -- Ele sorri. -- Minha inspiração aumentou, então, para responder à sua pergunta, sim. -- Seu sorriso aquece meu coração e eu aceno.

-- Tenho alguns trabalhos de casa para você, Lawrence, se não for muito incômodo. Gostaria que você mantivesse um diário do que está vendo. Vou me dar algumas dicas sobre o que exatamente poderia fazer com que você visse essas coisas. --  Levantando-me, vou até minha estante e tiro um pequeno livro de capa dura.

 Há um espelho no centro da prateleira e quando olho para meu reflexo vejo o homem mascarado com marcas vermelhas. Ofegante, deixo cair o livro e pulo para trás, enquanto meus olhos encontram o reflexo novamente, ele se foi.

-- Caramba! --  Murmuro baixinho enquanto pego o livro de volta.

Lawrence parece confuso por um momento, mas rapidamente disfarça com um sorriso.

-- Olha você aqui.-- Dei um meio sorriso e olhei entre o livro e ele.

-- Eu reconheço esses momentos, doutora. -- Ele coloca o livro ao seu lado suspirando. -- Você também está vendo? O homem da máscara?


-- Sonhei com algo assim há algum tempo. Acho que foi depois de uma sessão entre você e eu.--
Lawrence acena com a cabeça, um pouco triste, não vou confirmar.

-- Bem, acho que é a nossa hora. Certo, doutora?

-- Hmm, sim. Mesmo horário na próxima semana, só não se esqueça de agendar com a recepcionista. Obrigada novamente pelo presente, Lawrence, isso foi gentil. -- Sento-me e sorrio.

Depois que Lawrence vai embora, minha mãe me liga.

-- Ei, mãe! Como você está se adaptando? --  Relaxei um pouco, feliz em ouvir a voz dela.

-- Tem sido ótimo, as coisas estão a todo vapor! E você, querida? --  Ela parece feliz, mas quando pergunta como estou, sua voz muda. Ela está preocupada, eu sei.

-- Na verdade tem sido bom. Tenho descansado melhor, então você sabe que isso sempre ajuda em tudo.

-- Oh, que bom! Isso me deixa tão feliz. Como vai o trabalho?

-- Tudo bem, mas tenho um novo paciente chegando. Ouvi... coisas... mas veremos como isso se desenrola.--  Suspiro enquanto preparo meu novo caderno e pastas para ele.

-- Você sabe melhor do que ninguém como lidar com pessoas que sentem falta do sono. Tenho certeza que tudo correrá bem. Eu te amo e te ligo na semana que vem, certo?

-- Eu também te amo, mãe. Até mais. -- Coloco meu telefone de volta no bolso do blazer e ouço uma batida.


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