Ashley Bianchi é uma terapeuta do sono que está lidando com a perda de seu pai. Após sua morte, ela ficou com uma terrível insônia. Ela tenta ajudar seus pacientes da melhor maneira possível, enquanto mantém uma vida normal. Mas será que ela consegu...
O som das batidas do meu coração enche meus ouvidos, depois aquele sino tocando novamente. É o Sono, minha cabeça gongo, repetidamente, me fazendo gemer. Minha cabeça parece que vai explodir.
-- Sleep. -- Enfio os dedos no azulejo tentando respirar apesar da dor que isso traz.
-- As sombras encontraram você, ótimo. Parece que você é um ímã para a malevolência. Livrou-se de um e você coletou muito mais para ele livrar do seu corpo. -- Tudo o que faço é ouvir. Sono, não consigo ver nada, por mais que olhe ao redor. -- Continue a ouvir Dante, e ele os guiará no caminho certo. Embora vocês dois precisem consumar seu vínculo.
A voz de Sleep é severa e não cria espaço para questioná-lo. Mas por mais tola que eu tenha sido, faço isso de qualquer maneira.
-- C-consumado? Que vínculo? -- Meus olhos se arregalam esperando a resposta do Sono.
-- Dante conhece o ritual. Não faça perguntas tolas para as quais você sabe as respostas.-- Ele cospe.
-- Eu entendo.
Sinto a energia do Sono se dissipar, o barulho na minha cabeça silencia. Abro a porta do banheiro olhando para o escuro, incapaz de ver muita coisa. Freneticamente procuro Dante na escuridão, sentindo mais pânico tomar conta de mim quanto mais tempo passo sem vê-lo. Com muito medo de falar uma palavra, chego à cama e me enrolo completamente sozinha.
Como é habitual na minha rotina de sono, observo o sol nascer pela janela do quarto. Depois de expurgar uma daquelas sombras ligadas a mim, agora sei como é tê-las dentro do meu corpo.
Aquela sensação de enjôo, até mesmo a sensação de algo nadando dentro de mim, não estava toda na minha cabeça. Demoro muito para sair da cama, mas consigo, preciso.
Enquanto preparo um café, um arrepio percorre minha espinha e o manto de Dante escorrega dos meus ombros. Eu o puxo com força ao meu redor, respirando fundo algumas vezes para me acalmar.
O sono me explicou que utilidade eu tenho para ele. Isso significa que quanto mais tempo eu mantiver essas coisas ligadas, mais tempo estarei a serviço dele? A única maneira que consigo pensar em “coletar” essas sombras é de outras pessoas atormentadas por elas. São meus pacientes?
Essa seria a única explicação, tem que ser essa. Faltando quase mais uma semana para voltar ao trabalho, começo a ficar ansioso com o que poderia trazer comigo. Consumida com pensamentos sobre possíveis cenários, tomo meu café em silêncio.
Já é mais tarde que ouço meus vizinhos começando o dia. Sem perceber, cochilei na mesa de jantar. A sensação de natação nas entranhas me acorda de surpresa, dessa vez é diferente, há mais dor.
Pressionando minha testa contra a mesa, tento respirar fundo e relaxar meu corpo, mas uma sensação repentina e penetrante me faz gritar. Trêmula, puxo o roupão e vejo uma área machucada ao meu lado. Começa pequeno e depois começa a crescer até ocupar metade da minha cintura.
Outro golpe penetrante e eu tusso, minha boca se enche de sangue. O gosto insuportável de ferro em minha boca me faz vomitar e cair no chão. O sangue respinga no chão da cozinha e eu grito.
-- Que fraco. Por que escolhi um corpo tão fraco? Patético! -- Uma voz distorcida e maligna fala.
-- D- Dante -- Eu ofeguei, alcançando a mesa, derrubando minha caneca no chão.
-- Cale a boca! Apenas morra e liberte todos nós de volta ao mundo! -- Ele grita para mim, e outra facada de dor intensa me atinge no estômago.
-- Dante!-- Eu grito agora engasgando com meu sangue. Estou sangrando internamente, essa dor é intensa demais para sugerir o contrário.
Agora deitado no chão, com falta de ar, sinto a mudança muito familiar na sala. Dante agora está parado na minha frente e novamente eu o vejo arrancar uma sombra da minha, lutando por um momento para subjugá-la. Este parece mais sinistro que o anterior.
-- Você! Você não! -- Ele grita, antes de emitir um grito estridente e desaparecer.
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Sleep e Sono, são a mesma pessoa.
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