Insônia | deus do Sono

CAPÍTULO 28| Patética

Eu me afasto dele, acolhendo-o. Quem seria digno o suficiente para estar com um ser como ele. Receptáculo híbrido ou não, ainda sou humana e estou muito ligada ao mundo físico. Tenho certeza de que com o tempo até o Sono perceberá isso e me descartará.

-- Eu não sou digna disso. O que estou pensando? -- Esfrego meus olhos, continuando a recuar. -- Aquele outro Receptáculo estava certo, sou simplesmente patética e fraca. Você apenas tem que continuar pulando para me salvar.

Meu coração desmorona quando as palavras que tenho relutado em dizer finalmente saem. Quando dou mais um passo para trás caio, mas o chão não me segura. Eu deslizo observando tudo ao meu redor virar de cabeça para baixo.

-- Ashley! -- Dante grita para mim.

Eu o vejo correndo em minha direção, com a mão estendida. Não tenho tempo para pegá-lo ou mesmo registrar o que está acontecendo. Então, quando tudo se esclarece e volta ao foco, estou em algum lugar completamente diferente. Agora pousei em uma floresta escura, há uma luz azul profunda lançada sobre tudo. As árvores são grossas, seus galhos retorcidos e emaranhados.

As cores dessa floresta estão erradas, é como se alguém tivesse mexido demais em um filtro de cores. O brilho azul mesmo estando escuro, as folhas das árvores são laranjas e vermelhas, raízes grossas e deformadas e vinhas ocupam o chão da floresta tornando difícil ver qualquer parte do solo abaixo delas. Primeiro uma praia isolada com uma casa enorme, agora este lugar estranho. Poderia eu estar presa em outro sonho desenvolvido por outra sombra?

Levantando-me e levantando-me do chão, sacudo a poeira e olho em volta. Para onde eu vou daqui? Há um caminho pequeno e um tanto claro entre duas árvores à minha frente, então opto por ele. Passando com cuidado pelas raízes retorcidas, caminho entre as árvores.

Já estou andando há algum tempo, as árvores parecem finalmente diminuir. Quando saio para o espaço aberto, noto algo passando por algumas árvores em uma colina ao longe. Poderia ser um animal? Mas, novamente, não vi ou ouvi nada, exceto eu andando o tempo todo. Nenhum cervo ou pássaro, nem mesmo um esquilo. No cume há uma árvore mais baixa, de aparência mais velha, parece que há folhas brancas misturadas com vermelhos e laranjas.

Que diabo é isso? Apertando os olhos tento ver a árvore de longe, mas não adianta, ainda está muito longe. Talvez seja para lá que eu precise ir. Mais uma vez, continuo minha caminhada com cuidado, agora subindo uma encosta íngreme até o cume que vi de longe. Pouco antes de chegar ao topo, meu tornozelo fica preso e eu escorrego e caio, deslizando de barriga para baixo até o sopé da colina.

-- Merda! -- Eu seguro meu estômago

Aproveito um momento para me acalmar e deixar a dor aguda diminuir. De repente, começa a parecer que tenho alguém atrás de mim, observando. Uma rápida olhada por cima do ombro não revela nada além da floresta vazia de onde vim. Inspirando profundamente, começo minha subida novamente, verificando meu equilíbrio a cada degrau. Quase exatamente no mesmo lugar, escorrego novamente, mas consigo me recuperar. Agora, de joelhos, no topo do morro, percebo que as folhas brancas que vi são apenas tiras de tecido branco amarradas meticulosamente a vários galhos.

Depois de recuperar o fôlego, não perco tempo inspecionando a árvore mais detalhadamente. Infelizmente não tem muito o que tirar, não sei o que é o tecido branco. A sensação de estar sendo observada surge no fundo da minha mente, fazendo-me olhar por cima do ombro novamente. Mesmo assim, não vi ninguém ao meu redor. Minha mente pensa em Dante, mas ainda não tenho certeza de como me sentir em relação a tudo isso. Quando me viro para olhar a árvore, entre todas as folhas e tecidos aquela máscara vermelha está ali me encarando.