CAPÍTULO 35| Lua cheia

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Acordo novamente gritando, sentando na cama. Está escuro como breu, mas posso sentir mãos em cada lado dos meus ombros.

-- Você está segura. Eu peguei você. -- Eu ouço a voz calma de Dante.

Estou constantemente acordando de sonhos ou o quê?! Minha mente está finalmente quebrando?
Ainda assustada com os sonhos, eu me afasto balançando os braços, então um dos meus punhos acerta a máscara de Vessel e posso ouvi-la voando pelo chão. Paro e corro para onde vou acertar, do outro lado da sala. Com todo o cuidado eu o pego em minhas mãos olhando para ele. Esperando que mude de cor em mim, mas permanece branco.

-- Sinto muito.. eu não queria. -- Minha voz é áspera e baixa enquanto me seguro para não chorar, apertando suas costas contra meu peito.

-- Nunca consigo dizer se é você ou não, tudo ao meu redor e a maneira como vejo as coisas estão mudando. Não sei o que está acontecendo comigo. -- Posso ouvir Dante saindo da cama vindo até onde estou.

-- Muita coisa mudará quando nos tornarmos um. Todo mundo é diferente, mas eu entendo o que está acontecendo. -- Dante alcança minhas mãos, pegando sua máscara.

-- Sinto muito por ter causado dor a você, Ashley. Tudo o que aconteceu foi... inesperado. Aquele Receptáculo que atacou você... -- Ele para, então se ajoelha ao meu lado.

-- Era... você. Era a sua sombra. -- Virei-me para ele e ele desviou o olhar de mim, afundando-se culpado na escuridão.

-- Achei que a transferência para mim poderia ter acontecido quando nos tocamos. Mas foi uma sensação tão diferente que não pensei nada sobre isso.

-- Você não se lembra de nada? E da praia e da floresta? -- Eu afundo minha cabeça.

-- A casa e a praia... sim. Que floresta é essa de que você fala? -- Ele parece preocupado.

Sem a máscara obscurecendo sua voz, posso realmente ouvir a mudança nela.

-- Estava escuro, as árvores eram grossas e cheias de folhas vermelhas. E havia outras árvores com tecido branco amarrado nelas também. --  Explico, esperando que ele responda, mas ele fica em silêncio. -- Eu encontrei você... você estava perseguindo pessoas com vestes brancas. Mas não importa o quanto eu tentasse encontrar você, aquele mascarado vermelho continuava me matando. então, ele forçou você a me atropelar com aquela espada. -- Eu tremo lembrando da sensação em meu peito.

-- Não, como você fez isso? Foi para lá que você foi quando desapareceu da praia? -- Ele se aproxima de mim, mas estendo minha mão para mantê-lo afastado. -- Não deixe que o que minha sombra lhe disse faça você se questionar. É minha sombra, portanto tem minhas inseguranças e ódio. Esses sentimentos e fardos são meus para suportar, não seus. -- Sua voz é rouca enquanto ele se levanta.

-- Como você?

-- Escapou? Quando pensei que ia morrer  pela centésima vez, cavei minhas mãos no solo e senti toda a floresta e tudo ao meu redor nela. Eu o encontrei, e a saída. Enterrei aquela porra  profundamente sob essas raízes.

Mesmo sabendo que o que Dante explicou era verdade, não pude deixar de questionar tudo. Com ele confirmando que era realmente sua sombra, me pergunto se é assim que ele se sente por mim.

-- O que preciso fazer para que você confie totalmente em mim? Já expliquei tudo para você.

Ele se aproxima de mim colocando uma mão no meu ombro, apertando. Meu peito aperta novamente com seu toque e cravo minhas unhas no carpete.

-- Por que eu? O que há de tão especial em mim? Eu não sou ninguém... nada parecido com você. Não entendo como você pode me achar tão interessante.

-- Não precisa haver uma explicação para tudo, Ashley! Você não pode simplesmente aceitar o que é? Algumas coisas não podem ser simplesmente colocadas em palavras.

Ele estende a mão para mim e antes que eu tenha a chance de afastá-lo, ele me prende no chão. Surpreendida com o que estou vendo diante de mim, suspiro. A lua cheia que iluminava metade do quarto agora está brilhando intensamente na metade superior do rosto de Dante. Do nariz para baixo, seu rosto pintado se mistura à escuridão, fazendo parecer que ele está apenas espiando. Aqueles olhos verdes brilhantes brilhando ao luar me observam atentamente, com uma pitada de vulnerabilidade neles. Estou sem palavras, presa olhando para aqueles olhos e rosto pálido.

-- Você confia em mim agora? -- Ele respira, estreitando os olhos para mim.

Insônia | deus do Sono Onde histórias criam vida. Descubra agora