VULCÃO
Subir o monte daquele vulcão não é fácil, sua encosta é íngreme, em alguns pontos as rochas são entrecortadas com as trilhas, mas por serem pouco usadas estão com pedras soltas ou desabando. Estou suando sob o sol quente, minhas mãos estão cortadas pelas pedras e meu tornozelo doí, cada pedra que desliza é um perigo, tento me agarrar nas pedras, mas meus dedos já estão dormentes. Essa subida deve ser impossível para um humano sem equipamentos adequados, principalmente durante a noite.
Conforme o topo vai se aproximando a terra está mais fértil e a trilha pode ser usada. Dentro da cratera externa há várias plantações e casas, além de piscinas naturais com águas termais. Mas sei que meu destino está na cratera menor. A trilha desta vez está bem marcada e é fácil de seguir, dentro da chaminé, como é chamada este segundo vulcão, existe uma estrutura circular em pedra; são dois círculos, o menor dentro do maior com algumas pedras em destaque, talvez representem os dois vulcões. No círculo menor existe, em pedra, uma formação parecida com uma espécie de trevo de cinco folhas, acredito que venha daí o nome deste complexo vulcânico, Zvijévda, a estrela.
No centro da estrutura existe uma entrada circular, é lá que devo entrar para encontrar a viúva, na escuridão da noite. Enquanto me deixo levar pelo instinto e desço pelo túnel escuro para o centro da terra a temperatura aumenta e logo estou me perguntando se é uma boa ideia construir uma estrutura dentro de um vulcão, seja ativo ou não.
No fim daquela escada vertical, com total privação da visão e audição, demorei para perceber que estava numa espécie da câmara ampla e escura com uma pequena luz tremeluzindo a uma certa distância, segui até a luz desejando ter uma parede para me apoiar, e aos poucos a luz foi parecendo cada vez mais forte, mas sei que é uma ilusão causada pela pouca visibilidade do local, e entrei numa segunda sala iluminada por pequenos recipientes de vidro que ficam no teto e geram a luz. E lá estavam as viúvas.
- Filha, pedi para te chamar porque tenho informações que lhe podem ser úteis. Não se iluda com nossa aparência, assim como vocês do Sul nossa vida aqui nas terras primitivas é muito longa, e nós também podemos escolher nossa aparência, um presente seu Ilíria, mesmo que você não se lembre, isto não diminui o valor da dádiva.
Tanto eu como Nežen, vemos Ilíria em você, e sabemos que você está incompleta, uma parte já está contigo, só não a reconheceu ainda, mas a verá antes de reconquistar Dryden, outra parte este local está tentando te revelar, mas talvez seja tarde e esteja perdida para sempre. Por que você não veio antes de destruir tanto de você mesma? Você seria capaz de relembrar de muito mais, meu coração sofre por sua perda Ilíria. Procure estar aberta aos sinais.
- Posso fazer algumas perguntas? Gostaria de saber seu nome, e se pode me chamar de Lìä. E como vocês acendem essas luzes? E não é perigoso ficar dentro do vulcão, percebi o aumento da temperatura conforme descia? E vocês não tem nenhuma suspeita do porquê os homens não conseguem sobreviver nas Zvijezda.
- Meu nome é , talvez você venha a se lembrar, mas esse lugar foi criado por você. Eu conheci você, Ilíria, me lembro muito bem de sua tristeza pela história das primeiras védett, protegidas. Você andava com Nia, com naquela época e ficou muito irritada com os estupros, as mulheres sofriam diferentes formas de torturas e muitas não se sentiam seguras. E você me concedeu poderes para auxiliá-las e me chamou de...
- Eu te chamei de védnöknő, a protetora.
- Sim, e este lugar deveria ser biztosítás.
- Eu me lembro, deveria ser seguro para as protegidas, as védett. E você é Samúð, a compassiva.
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Avassaladora
FantasyUma batalha está prestes a irromper, o exército das sombras avança sobre os mitanianos e a esperança de detê-los recai sobre duas mulheres, cujo passado ainda é desconhecido, inclusive para elas mesmas. Vencer as sombras, porém, será apenas um obst...