Avassaladora

Capítulo 4

Morgana e Yäm chegaram cedo a minha tenda, eu acabara de me arrumar para enfrentar o dia.

- Vamos. Como Lìä vai demorar para levantar resolvemos passar o dia com você. Disse Morgana daquele jeito que não se aceita um "não" como resposta.

Fomos até as mesas de alimentação e comemos à vontade, muitos feridos da batalha estavam lá, se recuperando, mas bem-dispostos. Meu olhos se fixaram num grupo de combatentes do exército inimigo que apesar de estarem tímidos, circularam livremente entre as mesas visivelmente impressionados com a quantidade e qualidade dos alimentos.

- Nós nos recuperamos muito rápido aqui no Sul, quanto aos sobreviventes do outro exército eles não são nossos inimigos, somente as sombras devem ser destruída, não as pessoas que estavam sobre sua influência; sob nosso ponto de vista, fomos adversários nesta luta, se eles quiserem podem partir, são homens livres. Me diz Yäm sem retirar os olhos da comida.

Morgana e Yäm brincam e se provocam durante todo o café, e como comem! Eles são muito belos e fortes. Ela é uma mulher alta, sua pele tem um tom mais acobreado, como a de Yäm, porém enquanto ele possui aquele cabelo longo, liso e negro, ela exibe cabelos castanhos e cacheados.

- Ꞧicḣḁrð, você comeu tão pouco. Tem certeza que vai aguentar o treino? Me diz subitamente Morgana e me olha como se nós tivéssemos um compromisso previamente agendado do qual eu havia me esquecido.

- Treino? Eu não treino! Minha perna direita não tem forças, mal sustento o meu peso com ela, não posso lutar desde que sofri uma lesão considerada irrecuperável, nem me mover com eficiência. Morgana treinar é impossível.

- É por isso que estamos aqui. Mor e eu temos um plano para recuperar sua lesão e fortalecer a musculatura. E existem técnicas mitanianas que podem ser úteis para sua defesa. Yäm sorria enquanto falava, seu bom humor me fez desejar aceitar a oferta de amizade de ambos.

- E não me chame de Morgana, é Mor para os amigos e família.

- Se eu aceitar este plano maluco de vocês, imortais do Sul, prometem não me matar enquanto ela não acordar, nós ainda possuímos alguns assuntos pendentes.

- Combinado. Não te matar enquanto ela não acordar. E eles simplesmente riram.

Ilara, uma curandeira, me espera na arena de treinamento. Eu não sei bem o que eu esperava, talvez de alguma forma, eu achasse que as curandeiras eram como Mírian, feitas da própria luz da lua, mas ela é bem parecida com Mor, porém mais baixa e cheia de adornos: os pés estavam descalços, e os tornozelos possuem uma espécie de pulseira que os enfeita com delicadas correntes incrustadas com pedras brancas e termina num anel enlaçando um dos dedos, o pulso esquerdo é adornado com um pulseira parecida e os dedos das mãos tem vários anéis. O pescoço, colo e orelhas estão com joias combinando, o cabelo e testa estão com um conjunto de peças num intrincado trabalho com gemas azuis, e uma corrente fina desce dos cabelos até uma argola em seu nariz, seus olhos estão pintados de preto e a boca de vermelho vivo, seu vestido é de um azul escuro com desenhos dourados. Ela é hipnotizante, se Mírian é a lua, Ilara é o céu estrelado.

Após os seus cuidados, acordamos uma série de visitas para um tratamento que envolve não somente a lesão da perna direita, mas todo o corpo que segundo Ilara precisa ser reequilibrado.

Passei o dia treinando e talvez valha a pena ser saco de pancadas dos dois amigos de Lìä, realmente aprendi algumas técnicas que gostaria de me habituar, então pretendo continuar com os treinamentos, mas tenho certeza que os dois contiveram sua força o tempo todo durante os exercícios, e mesmo que eu estivesse na minha melhor forma física eu não gostaria de ter que enfrentar nenhum deles numa luta real.