Capítulo 24

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CAPÍTULO 24

Minha família me acompanhou até as Colinas Mearas, uma grama baixa e pequenos arbustos vermelhos crescem entre as pedras do local. Estávamos no fim do dia e dormiríamos ali, pela manhã Zamira e eu continuaríamos a jornada até as ruínas ao Norte, enquanto os demais retornariam cada um com sua missão. Ꞧicḣḁrð está sentado sozinho tem o prato nas mãos, mas não tocou na comida, fui até ele.

- Vou ficar tão preocupado com você, eu sei que sabe lutar, usar uma faca, tem seus poderes e que Zamira sabe se defender, mas não consigo me conter, fico preocupado.

- Eu também ficarei preocupada, você também tem seu papel a desempenhar e eu nem sei o que é.

- Assim como, eu não sei o seu, nem porque você e Zamira devem ir sozinhas.

- Tudo é tão difícil, e o tempo para nós é tão precioso para ficarmos separados, a última coisa que desejo é me separar de você.

- Desde que você me contou sobre a história de Lwnä, eu tenho ficado mais aflito.

- Amor, eu disse que a proximidade da humana com o mitaniano prolongou a sua vida, é esperança para nós.

- Mas, terminou a história com a morte da humana e a loucura do mitaniano e eu não quero que sofra.

- Eu sei. Dormimos juntos, abraçados com os dedos entrelaçados e cheios de preocupação um com o outro.

O amanhecer prometia um dia lindo.

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O caminho era acidentado e ao contrário do que eu previa começou a chover. No início uma chuva fina e refrescante, mas em pouco tempo se transformou num temporal. Não havia nenhum tipo de abrigo, a caminhada ficava cada vez mais perigosa, e andávamos com muito cuidado. Nossa única proteção eram as roupas de viagem, feitas de um material flexível para os movimentos, porém forte para as intempéries, nos movimentávamos com ajuda de bastões e tentávamos nos cobrir com as capas normalmente usadas em longas jornadas. Não havia como dormir, mas comíamos, estava tudo molhado, mas com a caminhada ininterrupta comeríamos qualquer coisa.

Avançávamos lentamente, sem sinal de calmaria, nem de um local seguro, não sabíamos se era noite ou dia, o tempo fechado, a chuva torrencial e os ventos fortes nos impediam de ter uma visão da direção do caminho que tomávamos. Procurei ao máximo me comunicar com os ventos para diminuir sua intensidade e mudar sua direção e nos facilitar um pouco a jornada, mas tudo era muito difícil.

Nós sentimos quando o relevo mudou, a água que corria pelos nossos pés já na altura do joelho foi ficando para trás e começamos a subir, no início a tempestade e os ventos atrapalhavam o avanço, agora o terreno foi ficando mais íngreme e as pedras estavam escorregadias.

Zamira, apesar de não possuir os equipamentos de escalada de Jòsëph'v, está melhor que eu e por sinais me mostra os melhores lugares para segurar e fixar os pés, mas é difícil ver qualquer coisa. A escalada torna impossível acessar o alimento sem soltar as pedras, assim, exaustas continuamos sem dormir e agora sem a comida. Meus dedos começavam a escorregar das pedras senti por duas vezes que iria cair, o avançar era muito lento e exaustivo, pedras se soltavam, estavam escorregadias, a chuva não diminuía, apesar dos meus poderes o vento ainda assolava, era desesperador, por mais esforço que colocássemos na tarefa mais impossível parecia realizá-la.

Então, abruptamente o topo surgiu, Zamira muito mais ágil que eu, acendeu a fogueira, nós comemos e dormimos, não sei dizer quanto tempo passou entre nossa partida até ali. Quando finalmente acordei, Zamira estava de pé olhado o caminho de onde viemos.

AvassaladoraOnde histórias criam vida. Descubra agora