Soul (Shota)

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Estávamos jogando videogame em seu quarto. Costumávamos fazer isso sempre que nos víamos.
Sn- ahh, dessa vez você não vai ganhar de mim - o jogo estava praticamente em minhas mãos.
Antes de realizar o último movimento, todos os aparelhos da casa desligam.
Sn- o que foi isso?!
Sh- uma queda de energia!
Sn- eu sei que foi uma queda de energia, mas justo agora?!!! - falo incrédula.
O garoto dá de ombros e deixa o controle do vídeo game de lado.
Tento procurar meu celular que estava há pouco tempo comigo.
Sh- o que você está fazendo?
Sn- vou pegar meu celular, não estou vendo nada, preciso da lanterna dele.
Sh- aqui!
Tento ir até ele, mesmo não tendo noção alguma de nossas posições. Ele liga a lanterna me orientando um pouco sobre o caminho.
Sn- ahh, que escuridão - pego o celular de suas mãos.
Sh- eu não sabia que você tinha medo do escuro.
Sn- eu não tenho medo do escuro.
Sh- tem certeza?
Sn- claro que eu tenho, eu nunca tive medo do escuro.
Sh- então vamos voltar a jogar?
Sn- como vamos jogar sem energia?
Sh- não precisa ser videogame.
Sn- então o que você sugere?
Sh- bem... Eu não pensei nisso direito.
Sn- ahh - sento no chão e coloco o celular também no local - vamos brincar de verdade ou desafio.
Sh- esse jogo é tedioso - ele senta ao meu lado.
Sn- não é! Então sugira algo melhor!
Sh- vamos ficar deitados e esperar a luz voltar?
Sn- por que você tem que ser tão chato?
Sh- tudo bem, vamos brincar!
Sn- verdade ou desafio?
Sh- não, isso não! Vamos apenas perguntar e responder.
Sn- tá bem... Eu não tenho muitas curiosidades que queira saber sobre você.
Sh- as perguntas aparecem com o tempo.
Sn- tá bem... Qual é o seu maior medo?
Sh- ahh, você tem certeza que sou eu o chato aqui?
Sn- ahh, vamos deixar essa besteira de lado e contar algumas histórias de nossa vivência, eu tenho uma boa, deixa eu contar...
Começo a contar minha história, porém, antes de chegar na metade, noto o garoto no mundo da lua. Seus olhos estavam fixados em mim, mas a sua mente estava muito distante.
Sn- Shota! - ele não responde nada, apenas permanece com seus olhos fixados no mesmo ponto.
Passo minhas mãos em frente ao rosto do garoto, tentando tirá-lo do transe.
Ele pisca algumas vezes, mas não solta nenhuma palavra.
Sn- Haku Shota! - encosto minhas mãos em seus ombros - você ainda está aí? - chego mais perto do rapaz.
Sh- eu gosto de você.
Sn- ufa! - solto um suspiro de alívio - eu achei que você tinha sido abduzido, sei lá, já estava ficando com medo - ele me lança um olhar demasiadamente complexo para ser interpretado naquele momento - você nem estava prestando atenção no que eu estava falando.
Sh- você fala tanto!
Sn- aii, essa doeu! - coloco a mão em meu peito - foi você quem não quis brincar de verdade ou desafio, por isso eu comecei a falar.
Ele fica quieto por mais um momento.
Agito seus ombros com cautela.
Sn- de novo não! Volta para esse mundo.
Suas mãos tiram as minhas, rapidamente, do local exposto e o mesmo se inclina instantaneamente, depositando um beijo furtivamente em meus lábios. Tento recuar, mas sou impedida devido a uma de suas mãos que seguravam minha nuca, me prendendo naquela posição.
Me deixo levar e um beijo suave se inicia quase que imediatamente.
Após alguns segundos, abro meus olhos e tomo consciência do meu ato, empurrado o garoto para longe.
Sn- O QUE FOI ISSO?!!!!!!
Sh- eu falei que gostava de você!
Sn- eu não sabia que era desse jeito, você já falou isso tantas vezes que eu apenas deixei para lá.
Sh- todas as vezes que eu falei foi nessa intenção, mas você nunca levou à sério.
Sn- eu não sabia que você falava dessa forma.
Sh- agora que você sabe disso, eu não vou me importar de ser o seu namorado de agora em diante.
Sn- Shota, somos apenas amigos.
Sh- não somos apenas amigos, você me beijou também, eu sei que você gostou do beijo, amigos não se beijam dessa forma.
Perco as palavras devido a sua inusitada explicação.
Sn- eu... Eu...
Sh- você também gosta de mim, mas não quer admitir isso, mas agora você não precisa se sentir assim, eu contei isso primeiro.
Sn- você não pode tirar conclusões precipitadas.
Sh- eu posso sim! - ele dá uma pequena pausa - Já que somos namorados agora, nós podemos nos beijar novamente?
Sn- mas eu não concordei com isso!
Sh- então você acha que não serei bom o suficiente para ser o seu namorado?
Sn- não é isso!!
Sh- então você só está com vergonha de admitir que gosta mesmo de mim?
Sn- não eu... Ahh, eu aceito ser a sua namorada! - deixo o cansaço me levar, impedindo de formular mais algum argumento para justificar meus pensamentos.
Sh- então... Eu posso te beijar agora? - ele chega mais perto com um movimento quase que imperceptível.
Sn- você não precisa perguntar isso - chego perto dele e, antes que ele volte a fazer mais perguntas, uno nossos lábios.
Ele não demora para perceber a situação e se entrega ao beijo.
De repente somos surpreendidos com um clarão em nossos rostos. Desato o beijo e olho para cima. Todas as luz tinham voltado.
Sn- uau!!! A energia voltou! - digo entusiasmada.
O garoto se move rapidamente, indo em direção ao interruptor, desligando a luz do cômodo, voltando para sentar no mesmo lugar de antes.
Sn- ué, porque você fez isso?! - pergunto sem entender toda aquela façanha.
Sh- está tudo bem! - ele segura minhas mãos - vamos retomar o que estávamos fazendo antes da energia voltar!
Sn- mas... - sua boca interrompe minhas palavras.
Desisto de tentar entender o que se passavam dentro de sua cabeça e me dedico ao beijo suave que se formava entre nós.

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