Capítulo 13

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Ao mesmo tempo que Yoongi tentava deixar o trabalho escolar em dia, achava quase impossível se concentrar. Então, alguns dias antes do baile, quando se pegou lendo o mesmo parágrafo do livro de História pela quinta vez, desistiu de vez. Levantando-se da escrivaninha, se espreguiçou e então ficou parado olhando o pôr do sol pela janela.

Preciso me mexer.

Ao descer as escadas só passou por outro aluno e, quando se inclinou de forma que fosse possível olhar para baixo e avistar o andar principal, não viu ninguém. Lá fora, o sol batia na grama verde e macia. Da escadaria da entrada dava para se ver vários corpos cozinhando sobre toalhas e cobertas espalhadas pelo gramado, mas ele nunca conseguira entender o atrativo de se deitar ao sol. Em vez disso, partiu em direção ao caramanchão, correndo em ritmo veloz. Movimentar-se sempre o ajudara a se acalmar, e ele mergulhou de cabeça na atividade. Correndo mais depressa pela trilha. Contou cada passo silenciosamente.

— Duzentos e noventa e seis. Duzentos e noventa...

— Por que você faz isso?

A voz parecia ter vindo do nada e espantou Yoongi de tal maneira que ele tropeçou e quase caiu, tendo que agarrar um galho para servir de apoio.

Jungkook estava na beira da trilha, com as mãos nos quadris. Ofegando, ele se curvou para apoiar as mãos nos joelhos enquanto recuperava o fôlego.

— Que é isso? Você está falando comigo agora, Jungkook? Que honra.

Desde a discussão na biblioteca, Jungkook vinha evitando-o e ele não se incomodara nem um pouco em permitir que ele o fizesse.

Jungkook agiu como se Yoongi não tivesse dito nada.

— Essa coisa de contar. Já te ouvi fazendo isso antes. Por que você faz isso?

— Não é da sua conta, seu maníaco. Agora sai fora.

Voltando para a trilha, ele começou a correr outra vez, mas Jungkook acompanhou o ritmo com grande facilidade.

— Foi uma simples pergunta.

Yoongi soltou um ganido frustrado e acelerou, estimulado pela raiva. Mas Jungkook não ficava para trás, e ele finalmente gritou em ondas curtas.

— Você não. Ignora alguém. Por semanas. E depois. Faz perguntas. Pessoais. Seu. Babaca.

— Temperamental.

— Que seja.

O silêncio se abateu enquanto ele se concentrava em não falar com Jungkook.

— Yoongi, não confia no Taehyung.

— Eu estou te ignorando.

— Não posso explicar o motivo. Mas ele não é quem você pensa.

Yoongi diminuiu o ritmo e o encarou.

— E o que isso significa?

Ele começou a falar e parou. Balançando a cabeça, enojado, Yoongi correu pela trilha — após um tempo, não ouvia mais os passos dele.

Quando o telhado do caramanchão apareceu sobre as árvores, mesmo com toda aquela raiva, Yoongi suspirou. Não tinha conseguido vê-lo de fato na noite da chuva. Era lindo — uma construção fantástica, com um telhado estreito e pontudo se erguendo a sete metros e meio, coberto por telhas mouras coloridas e de design elaborado.

Seis pilares delicadamente esculpidos sustentavam o vívido telhado. Ele subiu os degraus até o interior a céu aberto, encoberto por sombras, onde um corrimão de pedra e bancos circulavam as bordas. Acomodando-se no assento gelado, Yoongi apoiou o queixo no braço e olhou para a floresta. Jungkook não estava em lugar nenhum.

Night school - YoonKookOnde histórias criam vida. Descubra agora