Capítulo 17

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Quando Yoongi acordou, algum tempo depois, estava sozinho, mas tinha a sensação nada desagradável de que Jungkook tinha estado com ele durante quase todo o tempo. Tinha meio que acordado diversas vezes com pesadelos, e no torpor exaurido teve a impressão de tê-lo ouvido sussurrar:

— Está tudo bem. Dorme.

Sentando-se, olhou para o despertador. Faltavam pouco para as sete.

Da manhã? Ou da noite?

Uma olhada para a janela revelou uma noite de verão. Tinha passado o dia inteiro dormindo.

Ao esticar os músculos fatigados, sua barriga roncou tão alto que de início não entendeu o que estava ouvindo.

— Morrendo de fome — anunciou para o quarto vazio.

Saltando da cama, foi direto para a porta, e em seguida freou ao se ver no espelho da parede. Estava com os cabelos arrepiados, o rosto manchado de fuligem e usando as mesmas roupas que vestira no meio da noite, agora quase irreconhecivelmente amarrotadas.

Fez uma careta para si mesmo. Ai, droga. Nem eu posso sair desse jeito.

Pegando uma escova da mesa, forçou-a pelos emaranhados fios, pulando em um pé só e praguejando para si mesmo quando a calça prendeu nos sapatos que tinha calçado antes.

Ainda abotoando o cinto, correu para fora do quarto, parando brevemente diante do espelho para esfregar a fuligem do rosto, e se apressou pelo corredor vazio até o primeiro andar, onde parou.

Estava quieto. Estranhamente quieto.

Um pensamento horrível cruzou a mente de Yoongi: e se todo mundo foi embora enquanto eu estava dormindo e só esqueceram de mim?

Apesar de saber que era uma ideia absurda, sentiu uma onda de medo ao correr pelas escadas vazias, ouvindo apenas o barulho da borracha dos seus sapatos nos degraus. Mas, ao se aproximar do térreo, viu grupos de alunos se movendo em um silêncio tristonho em direção à sala de refeições e desacelerou. Se sentiu ridículo.

Claro que não tinham ido embora.

Você está se descontrolando, repreendeu-se, antes de respirar para se acalmar e se juntar à multidão.

O cheiro de comida se misturava desagradavelmente ao odor pungente de madeira e gesso queimados. Ao olhar em volta à procura de um rosto familiar, notou que muitos que o cercavam tinham curativos visíveis. Um deles estava de muletas.

Na sala de refeições, a bagunça da noite anterior já havia sido removida, mas as mesas não foram postas para o jantar com os cristais e as louças de sempre. Havia pilhas de pratos sobre todas as mesas, e os alunos estavam passando-os uns para os outros. Nenhuma vela brilhava (depois do incêndio, ficou feliz por isso). Todos se sentavam quietos como se ninguém soubesse exatamente o que dizer.

Notou aliviado que Jo, Gabe e Lucas estavam à mesa habitual, e se dirigiu diretamente para eles, mas então Jungkook foi para perto dele.

— Oi.

Ao virar para olhar nos olhos escuros de Jungkook, seu estômago revirou. Repentinamente tímido, enfiou as mãos nos bolsos da calça.

— Oi pra você também.

— Dormiu bem?

O rapaz tinha tomado banho e mudado de roupa — ainda estava com as bochechas rosadas por causa da água quente e os cabelos estavam úmidos nas pontas. O cansaço havia desaparecido do rosto. Yoongi concordou com a cabeça, tentando permanecer calmo. Mas o calor subiu às bochechas, traindo-o.

Night school - YoonKookOnde histórias criam vida. Descubra agora