Capítulo 16

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Nas horas caóticas que sucederam o ataque, os professores conduziram os alunos à sala de refeições, então de luzes apagadas, e tentaram acalmar o pânico. Funcionários traziam caixas de lanternas e as entregavam, enquanto as enfermeiras montavam um posto num canto. Os feridos fizeram fila para receber curativos nos machucados, verificar queimaduras e colocar talas em tornozelos torcidos ou quebrados.

A sala, de maneira geral, estava livre da fumaça que permanecia nos corredores, mas, em vez disso, o ar estava tomado por choros abafados de alunos e conversas brutalmente eficientes da equipe médica.

— Me passa esses curativos.

— Esse tornozelo precisa de um balde de gelo, tem algum sobrando?

— Injeção de antibiótico.

Lisa permanecia inconsciente e foi levada por dois funcionários para o posto de enfermagem. De início, Jo e Yoongi insistiram em ir com ela, circulando a maca como pássaros estridentes. Mas Eloise os convenceu a ficar.

Eloise tinha uma mancha de fuligem em uma das bochechas e ainda estava com o vestidinho preto. Apesar de os sapatos já terem desaparecido há muito tempo, seus olhos estavam acesos e incansáveis.

— Prometo que ela vai ficar bem. Ela precisa descansar. A gente precisa muito da ajuda de vocês aqui. Por favor, me digam que eu posso contar com vocês.

Ainda que relutantes, eles fizeram que sim e Eloise os mandou subirem para se limparem do sangue e trocarem de roupa.

Enquanto subiam as escadas, o ruído medonho das consequências da tragédia ia sumindo aos poucos no silêncio escuro da ala dos dormitórios. Jo segurava a mão de Yoongi. A cabeça de Yoongi latejava e o estômago revirava. Achava que podia vomitar.

Quando se separaram no topo, Jo falou:

— Aqui é seguro, né?

— Ela não teria mandado a gente pra cá se não fosse — respondeu Yoongi, mas sua voz estava incerta.

— Tudo bem. Seja muito, muito rápido. Eu te encontro no banheiro.

Yoongi abriu a porta do quarto lentamente e correu a lanterna para verificar que estava vazio. No escuro, ele parecia estranho — como se não tivesse qualquer ligação com ele, e seus pertences tivessem sido colocados ali a esmo. Ele correu até o armário, agarrando a roupa que apareceu primeiro.

Mais tarde, num banho frio e escuro, iluminado apenas por uma lanterna apoiada nos sapato, ele esfregou furiosamente o sangue do corpo. O frio e a água desanuviaram sua cabeça, como se estivesse lavando todos os acontecimentos da noite. Jo esperou pelo amigo perto de uma pia, balançando a luz ao redor do recinto. Ocasionalmente um chamava o outro só por segurança.

— Ainda tá vivo?

— Sim. E você?

— Acho que sim.

Quando acabou, ele e Jo correram para o andar de baixo, onde a atmosfera de pânico havia se transformado numa de sinistra eficiência.

Fachos de lanterna esvoaçavam pelos corredores enquanto alunos carregavam móveis queimados para fora do salão. Do lado de fora da porta dos fundos, um gerador roncava firmemente e cabos pretos espessos se esticavam como cobras pelo corredor até o salão, onde holofotes produziam um brilho alienígena no espaço ainda em combustão latente.

Professores armados de pranchetas orquestravam o trabalho. Alguns se colocavam de pé sobre cadeiras e gritavam instruções, enquanto outros estavam recolhidos aos cantos em pequenos grupos sussurrantes.

Jo e Yoongi estavam lado a lado, examinando o recinto.

— Bom, acho melhor a gente achar a Eloise — disse Yoongi, com a voz trêmula.

Night school - YoonKookOnde histórias criam vida. Descubra agora