Capítulo 31

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– Vamos lá, mala. Fecha!

Yoongi tinha enfiado as últimas coisas na mala, que agora estava protuberante nas laterais e se recusava a fechar. Mesmo quando utilizou toda a sua força não conseguiu fechar o zíper.

Todas as pessoas tinham sido autorizadas a passar quinze minutos nos respectivos quartos para fazer as malas. No fim das contas, quase todos os quartos estavam inteiros. Mas os professores temiam que o fogo e a água tivessem enfraquecido os tetos e os pisos.

— Ah, droga.

Arfando por conta do esforço, ele abriu a mala e procurou alguma coisa para deixar para trás. Suas botas Doc Marten estavam logo em cima. Ele as retirou e tentou novamente.

Fechou com facilidade.

Pegou as botas com afeição. De jeito nenhum vou largar minhas botas aqui.

Era apaixonado por elas desde o dia em que as viu, na vitrine da loja de caridade na rua do colégio. Quando descobriu que eram do seu tamanho, soube que eram destinadas a ser suas. Durante dois meses, foi todos os dias na loja para se certificar de que ainda estavam lá. Por fim, convenceu os vendedores a deixarem separadas até o seu aniversário. As solas grossas, o couro robusto, o puro poder agressivo das botas fizeram com que se sentisse forte outra vez. Eram como sua armadura.

Sei que mudei enquanto estive aqui, pensou. Mas não mudei tanto a ponto de não precisar dessas botas maravilhosas.

Tirando os sapatos sensatos do colégio, calçou as Docs, amarrando-as com uma familiaridade feliz. Combinadas com o uniforme, ficaram... perfeitas.

Então olhou ao redor uma última vez, passando a mão na mesa da escrivaninha. Tinha detestado tanto este lugar quando chegou. Agora mal podia esperar para voltar. Ele levantou a bolsa para o ombro e correu pela porta, dando um encontrão com toda a força em Jungkook, que estava do outro lado.

— Oi, Speed — ele riu, ajeitando-o com uma mão em cada ombro. — Cadê o incêndio?

— Ha ha, você é hilário — disse ele, revirando os olhos.

O rapaz alisou o cabelo dele.

— Seus pais já chegaram?

— Vão chegar a qualquer hora. — Fez uma careta. — Só estou me apressando porque o meu pai odeia esperar.

Os olhos de Jungkook se anuviaram brevemente, e ele se lembrou de que os pais dele jamais viriam buscá-lo outra vez.

— Onde você vai morar durante as férias? — perguntou com uma expressão preocupada. — Não vão te deixar ficar no dormitório.

— Vou me mudar para a ala dos professores enquanto estão reparando o estrago provocado pela fumaça — disse Jungkook. — Vai ficar tudo bem.

— Espero que você não fique muito sozinho.

— Vou ficar bem — assegurou. — Aqui é a minha casa, lembra? E não vou ficar sozinho. A Jo e o Kim vão ficar, e a Jules só vai passar alguns dias em casa. A maioria das pessoas da Escola Noturna volta depois de uma semana, mais ou menos.

Ao ouvir o nome de Taehyung, Yoongi sentiu uma pontada indesejada no coração. Não o via desde o incêndio.

— Que bom — concordou. — Mas vou me preocupar com você do mesmo jeito.

— E eu com você. Me escreve — pediu. — E vou tentar conseguir o telefone da Isabelle pra te ligar.

— Ainda tem meu número?

Ele levantou a mão — Yoongi tinha anotado logo abaixo das juntas há uma hora. — Vou tatuar enquanto você estiver fora — brincou.

Um silêncio sombrio se abateu. Yoongi repousou a mala no pé, balançou-a suavemente com os dedos.

— Você vai tomar cuidado, não vai? — disse ele, mexendo singelamente a bainha da camisa de Yoongi, puxando-o para perto de si. — Vai ficar seguro?

Apesar de ele ter deixado a voz leve, Yoongi ouviu a preocupação por trás das palavras.

— Não se preocupa. Vou ficar ótimo. Só fico uma semana em casa, depois vou pra mansão de campo da Rachel, que aparentemente é tão segura quanto o Palácio de Buckingham.

— Ótimo — disse ele, abraçando-o com força. — Contanto que tenha cuidado. A gente precisa de você por aqui, você sabe.

— Precisam mesmo. Esse lugar estaria ruindo sem mim — disse com um sorriso irônico.

Enterrando o rosto no cabelo dele, Jungkook respirou fundo.

— Está na hora! Todo mundo pra fora!

A voz de Zelazny veio da porta de fora do corredor. Yoongi levantou o rosto para um beijo rápido, recuando quase imediatamente. Era muito tarde para despedidas longas.

Pegou a bolsa e a levantou por cima do ombro.

— Vou descer sozinho, tudo bem? — Os olhos de Yoongi investigaram o rosto de Jungkook, mas ele sabia que Jeon iria entender.

Se Jeon realmente o beijasse direito, ou pedisse que ficasse, se ele continuasse olhando naqueles olhos, jamais conseguiria sair pela porta.

Movendo-se rapidamente, Min foi até a porta e a abriu.

Jungkook gritou por trás dele:

— Belas botas, Min.

Ele não olhou para trás.

— Fica frio, Jeon Jungkook.

Ele já estava na metade do corredor quando ouviu a resposta dele.

— Sempre.

Night school - YoonKookOnde histórias criam vida. Descubra agora