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Na minha cabeça seria bem mais fácil.
Eu apenas tinha que instruir Louis como falar com os policiais, Eu estava tranquilo quanto a isso.
No entanto, foi quando ele entrou pela porta da salinha, que meu coração disparou sem meu consentimento.
A pressão de saber que existe uma chance dele se livrar da prisão fez com que meus nervos ficassem a flor da pele e olhar para ele sabendo que eu estou dando essa esperança a ele, me causou um medo desconhecido de falhar.
Isso tudo e um detalhe que passou despercebido por todos presentes, menos por mim: Além de Louis parecer preocupado – coisa que ele não estava antes, quando não tinha intenção de contar a verdade – ele tinha um hematoma no maxilar, um no supercilio e um corte mínimo no dedo da mão direita.Torci para que meu rosto não denunciasse minha curiosidade e para que minha língua não me traisse perguntando de onde vieram aqueles machucados.
Por sorte consegui me controlar, ao menos a língua. Quando ao meu rosto, é possível que minha testa permaneça enrugada para sempre.
Tentei ignorar tudo que estava acontecendo dentro de mim enquanto repassava com ele o que seria dito. Claro que não sabíamos como os policiais fariam as perguntas mas com a experiência que tenho já sou capaz de prever boa parte.
Quando os investigadores chegaram, permaneci sentado ao lado de Louis o tempo todo, prestando atenção em cada palavra que todos diziam para não ter a menor chance de manipularem alguma resposta de Louis. Todo cuidado é pouco com esses caras.
Eu sou muito profissional e não é prepotência dizer que exerço meu trabalho muito bem, mas não tenho a menor ideia do que aconteceu comigo quando Louis começou a contar como se sentiu quando se deparou com a cena de Adam no quarto de Isabella.
Eu não olhava para ele por estar ao meu lado, mas eu podia sentir a dor emanando de seu corpo como se eu mesmo tivesse estado com ele no dia do ocorrido. É claro que isso é só coisa da minha cabeça, mas não me impediu o impulso de levar uma de minhas mãos até as mãos de Louis que estavam algemadas sobre a mesa, em sinal de apoio.
Meu deslize foi rapidamente percebido por todos que estavam na sala; os dois policiais olharam imediatamente para mim, Louis parou de falar e também me olhou, até mesmo eu me repreendi. Minha mão ficou por menos de cinco segundos sobre a de Louis antes que eu a recolhece rapidamente, mas foi suficiente para meu corpo inteiro esquentar como se eu pudesse entrar em chamas. Minha pele queimou pelo erro cometido.
Para minha sorte ninguém falou nada ou deu atenção a isso e Louis seguiu normalmente com o depoimento. Quando acabou, fomos deixados novamente sozinhos, e eu pude ver claramente como aquilo tinha sido desgastante.
- Você está bem? – Perguntei mesmo sabendo que a resposta era óbvia.
- Não. – Louis respondeu em um suspiro.
- Você está machucado. – Afirmei, me colocando de pé. Contornei a mesa e sentei novamente, mas de frente para ele dessa vez. – Alguém fez algo com você? Louis, se estão te agredindo eu posso...
- Isso aqui é uma prisão Harry. As pessoas aqui não brincam de ciranda. – Tomlinson me interrompe e sua fala parece como o desconforto de um beliscão.
- Eu posso fazer algo.
- Você já está fazendo do demais. – Louis olha em meus olhos pela primeira vez no dia e eu logo desvio meu olhar. Ele faz uma pausa e então continua: - Eu nunca poderei retribuir nada disso.
- É por isso que existem advogados públicos. E eu sou um deles. – Tento brincar mas nem eu mesmo consigo parecer bem humorado.
Louis no entanto exibe um pequeno sorrisinho de lado, tão pequeno que eu só percebi porque o olhei com atenção no exato momento.
- Olha. Agora eles vão começar a ir atrás de tudo e todos para confirmar ou descartar seu depoimento. – Explico e vejo Louis assentiu concordando. – Você precisa estar ciente de que haverão outras conversas como esta. Eles precisam averiguar cada detalhe e daqui para frente você não pode esconder ou mentir sobre nada. – Digo e vejo Louis abaixar a cabeça em negação. Respiro fundo e controlo meu impulso de segurar suas mãos outra vez. – Louis. É sério. Agora não tem mais volta. Nós vamos até o fim com isso para te livrar da condenação, mas você precisa colaborar.
- Tudo bem Harry. Eu vou. – Louis respira fundo e se levanta, mas antes de bater na porta para chamar o guarda ele se vira para mim novamente. – Eu vou fazer do seu jeito Styles. Vou fazer tudo o que você me dizer para fazer.
Saio da prisão com um emaranhado de emoções que não sei decifrar. A forma como Louis pronuncia meu nome é tão... cheio. Se é que isso faz algum sentido.
Por um milésimo de segundo me lembrei de Gemma me relembrando o quando sofri por Louis e uma voz sussurrou dentro de mim: “isso foi há tanto tempo”.
Tratei logo de bloquear esse tipo de pensamento e segui para meu destino.
Mando mensagem para minha chefe avisando que estou resolvendo coisas na rua sobre os casos. Laura entende que faz parte do nosso trabalho estar sempre atrás de alguém.
Estaciono meu carro e entro no fórum dando meu nome para recepcionista. Não demora até que minha entrada seja permitida e subo no elevador até o andar onde fica o gabinete do promotor.
- Quanto tempo Styles. – Frédéric me cumprimenta com seu sorriso deslumbrante de sempre.
Conheci Frédéric na faculdade, ele era da minha turma e teve grande sorte de passar no concurso para promotor apenas um anos depois de formado.
Merecido. Ele sempre foi um aluno exemplar, um dos poucos que não sucumbiram às festas regadas a sexo, drogas e álcool que Niall sempre arrumava para irmos.
Confesso que antes de me envolver com Zayn fiquei um tanto atraído pela beleza de Frédéric, sua pele escura e os olhos incrivelmente pretos não passavam despercebidos no campus. Na época eu não sabia sobre a sexualidade dele. Frédéric sempre foi discreto e retraído, vivia com as caras nos livros. Ainda bem que nunca tentei nada, hoje Frédéric tem uma família linda com sua esposa e uma menininha que tem olhos iguais aos seus.
- Frédéric. – Retribuo o aperto de mão.
Ele me indica a cadeira a sua frete e eu me acomodo.
- Claro que você não veio aqui matar a saudade né. Me diga Harry, o que você precisa.
- Poxa Frédéric. Minha vida anda uma loucura, desculpa ter sumido. – Sorrio sem graça e ele sorri volta.
Eu e Zayn nos tornamos próximos a Frédéric e posteriormente sua família. Mas pensando bem agora, faz mesmo tempo que não dou as caras.
- Eu entendo. Vai por mim, nos estamos no mesmo ramo.
- Então... – passo a mão na nuca pensando se tem uma forma de pedir por isso. – É que... eu estou com um caso. Homicídio. – Falo e ergo o olhar para Frédéric que me ouve atentamente. – Meu cliente é réu confesso, não ofereceu resistência alguma desde o começo. Ele está aguardando julgamento na prisão da cidade.
- Certo. Onde eu entro?
Pigarreio e tento minha melhor cara de cachorro abandonado. Mesmo sabendo que Frédéric não se deixa levar por nenhuma manha minha.
- Estamos tentando provar legítima defesa, ele matou o marido que abusava da filha dele.
- Wow! Eu sei. Lowis alguma coisa não é?
- Louis. Louis Tomlinson. – Corrijo rapidamente. - Você consegue que ele responda em liberdade? – pergunto tão baixo que é possível que ele nem tenha ouvido.
- Homicídio Harry. Você sabe que não vai dar.
- Ele está sendo agredido lá Frédéric. – Estou quase suplicando e nem eu mesmo sei de onde saiu esse meu comportamento.
- Quase todos os detentos acabam se envolvendo em briga na prisão Harry. Imagina se formos querer soltar todos.
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Confiar de novo
ФанфикDepois de anos, Harry reencontra sua maior decepção adolescente. Como advogado, ele terá que assumir o caso de um antigo amor. Lidar com os sentimentos que há muito jurava não existir mais e separar passado e presente pode ser mais difícil do que pa...