Confiar de novo

Capítulo 5

🍀

Passei o restante do dia tentando inutilmente me Concentrar nos outros casos que eu tinha para resolver, no entanto sempre voltava para aquela primeira página não conseguindo ir adiante e ler o restante. Apenas quando Laura apareceu em minha sala no final da tarde me comunicando que havia marcado um horário para que eu fosse até a delegacia no dia seguinte foi que me obriguei a ler todas as páginas naquela maldita pasta. Eu teria que estar ciente de todo o caso para essa primeira conversa.

De fato não seria um caso difícil,  não haviam muito mais informações do que o que eu já sabia:  Louis era casado com esse tal de Adam e confessou tê-lo matado naquela noite de sexta-feira.

Nada além disso.

Em casa à noite nada era capaz de me fazer deixar de pensar que no dia seguinte eu estaria sentado em uma mesa com aquele homem de frente para mim. 

Nada,  nem a refeição maravilhosa que meu marido nos comprou,  o vinho seco que compartilhamos e nem mesmo ter sua boca percorrendo todo o meu corpo.

Nem ao menos os gemidos que eu tanto adoro de Zayn, foram capazes de desviar completamente os meus pensamentos das palavras que li naquelas folhas enquanto meu marido me amava.

Acordei no dia seguinte agradecido por meu marido ter mais uma viagem pela frente. Eu nunca gosto quando ele passa dias fora, mas não quero que ele perceba que tem algo me incomodando. 

Passei na Defensoria apenas para pegar os documentos e seguir até a delegacia.

James me encaminhou até a sala de interrogatório. Faziam 4 noites que Louis estava dormindo na cela da delegacia e eu estava odiando o quanto esse pensamento estava me incomodando.

Me sentei de costa para a porta e quando a mesma se abriu novamente senti um arrepio percorrer a espinha.  James colocou Louis algemado na cadeira em minha frente e pude ver o quanto ele parecia cansado,  mas antes que ele se sentasse completamente seus olhos se encontraram aos meus  e ele se colocou de pé rapidamente.

- O que ele esta fazendo aqui? – Perguntou olhando para o delegado.

- Ele será seu advogado, a defensoria encaminhou já que você disse que não pode pagar por um.

- Eu não disse que não posso pagar, disse que não preciso de um. – Retrucou ainda olhando diretamente para James.

Ele continua teimoso e petulante, mesmo após dez anos. Eu não consigo olhar em seus olhos mas não consigo deixar de olhar para ele. Estou em uma luta comigo mesmo por estar aqui e nunca odiei tanto ser um advogado como agora.

- Você precisa. Não pode se defender de homicídio sem um advogado,  você não teria nenhuma chance. E Styles é o melhor. Você vai agradecer no final.

Senti um revirar no estômago com as palavras de James. Não sei porque eu tinha a sensação de que não seria tão simples assim.

- Eu não tenho nenhuma chance e nem pretendo ter. Basta vocês me levarem para o presídio e me deixarem apodrecer lá.

- Você não entende nada de processos judiciais mesmo né seu merda.

- James. – Repreendo o delegado pelo uso da palavra. Não que eu mesmo não gostaria de me referir assim aquele homem a minha frente, mas como advogado não posso permitir que meu cliente seja tratado dessa forma.

- Enfim, senta aí e tenta sua sorte. Agradeça por terem mandado o Harry,  quem sabe assim você não morra atrás das grades como merece. – Ao falar, o delegado segura Louis pelas algemas e o joga na cadeira em minha frente.

É nesse momento que abaixo minha cabeça e encaro meus dedos sobre a pasta preta enquanto James nos deixa a sós.

Não consigo falar alguma coisa. Eu nunca imaginei que teria que me dirigir a essa pessoa novamente. Eu jurei nunca mais fazer isso. Que tipo de pecado estou pagando?

Louis tampouco parece querer iniciar a conversa.  Que idiota. Ele deveria estar mesmo agradecido por ter quem o represente já que como James disse, ele deveria morrer atrás das grades. Ele deveria estar implorando para que eu provasse sua inocência,  o que é incompatível com sua confissão.

Mas ao invés disso, permanecemos os dois em um silêncio esmagador. Posso ver de relance que ele permanece com a cabeça virada olhando para o lado, com o queixo erguido e nariz empinado.