Capítulo 2

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🍀

Harry me ligou algumas vezes, e sinto meu coração apertado por não ter atendido.

Nós ficamos ainda mais próximos e passamos mais tempo juntos desde que começamos a fazer amor, há uns dois meses atrás. Aquele garoto é insaciável, tenho medo de ter causado um vício nele mas eu não poderia estar mais satisfeito. Cada vez fica melhor.

Em contrapartida,  meus amigos não saem do meu pé, dizendo que eu virei "o cachorrinho do Harry".

Eu nunca tive problemas com minha sexualidade e sempre soube desde pequeno que gostava de garotos e garotas, mas no colégio a maioria das pessoas que eu ficava eram meninas. Eu não me atraia muito pelos idiotas daqui, até Harry chegar.

Hoje Adam, um dos meus melhores amigos do time de futebol,  disse que os meninos estão pensando em se reunir para elegerem um novo capitão, querem convencer o treinador que eu não estou mais comprometido com o time, e tudo isso por causa do Harry.

Adam disse que tentou convencer eles a não fazerem isso mas aparentemente os garotos acham que eu não sirvo mais para estar com eles desde que passei a andar com "o viadinho esquisito" como eles chamaram.

Minha popularidade e meu posto de capitão do time sempre foram as coisas que eu mais prezei, ser capitão pode me garantir uma bolsa em alguma universidade que eu sei que meus pais nunca teriam dinheiro para pagar.

Talvez seja por esse motivo que eu aceitei vir nessa festa estúpida que os meninos me chamaram. Um dos garotos, Stan, resolveu dar uma festa em sua casa já que está sozinho pelo final de semana e eu pensei que talvez, se eu me juntar ao meu time e curtir a festa com eles, como nos velhos tempos, eles desistam da ideia de me tirar do time. Eu só quero que eles vejam que eu ainda sou eu. E que estar com Harry não interfere em nada na minha popularidade.

Poucas pessoas estão na festa agora,  a maioria já foi embora já que está quase amanhecendo o dia. Estou na sala com os meus amigos e algumas garotas ainda estão aqui tentando conseguir algo de nós.

Me amaldiçoo por estar completamente bêbado e também por ter aceitado alguns comprimidos que Adam me ofereceu, e eu nem sei o que eram, mas engoli com um copo de vodca.

Minha cabeça gira e eu mal consigo enxergar, e mal raciocino quando Adam me desafia a transar com uma das garotas que estão se insinuando para mim desde o início da festa.

- Não Adam, eu estou com o Harry, você sabe disso. - Digo embolado. As palavras saem lentamente da minha boca quando a tal menina se aproxima de mim passa do a mão pelo meu corpo.

Quero empurrá-la mas não consigo, meu corpo não me obedece depois de tanto álcool.

- Ih.. Adam,  eu falei. Esse aí já era. Harry colocou uma coleira nele. Vamos ter que escolher outro capitão,  não da para ele continuar no nosso grupo. Ele que fique com o nerdizinho dele.

Ouço Stan falar e sinto tanta raiva. Mas não consigo revidar. Sei o quanto vou me odiar por isso mas puxo a garota pela mão e a beijo, na frente deles para ver se eles calam a boca. A menina que é a líder do grupo de torcida rapidamente  me puxa para o corredor e quando percebo, estou jogado na cama enquanto ela tira minha roupa.

Tento me levantar e argumentar mais ela não cede. E eu estou bêbado demais para isso.

Droga.

Ela tira a roupa dela e começa a me chupar. Me amaldiçoo uma segunda vez por meu pau ficar duro, contrariando os gritos da minha mente. Ela não demora para estar em cima de mim, e eu só me pergunto se coloquei uma camisinha depois de gozar dentro dela.

Saímos do quarto e eu me sento no sofá, para minha surpresa Eleanor se senta em meu colo, enquanto os meninos comemoram com gritos e tapinhas nas minhas costas.

Meus olhos ardem e meu coração está batendo tão lento que talvez eu esteja morrendo. Só não sei se é pelo arrependimento do que acabei de fazer ou se é pelos comprimidos que Adam me deu mais cedo.

Era para eu ter dormido com o meu Harry. Eu costumo passar as noites de sábado com ele, sua mãe Anne sempre arruma um colchão no chão ao lado da cama dele, e no meio da noite, ele desce da cama para deitar comigo. Ele sempre diz que é melhor transar no colchão porque a cama faz barulho. Solto uma pequena risada por lembrar dele sendo extremamente fofo e sem vergonha ao mesmo tempo e me pergunto porque diabos eu fui aceitar vir nessa festa.

Sou tirado dos meus pensamentos pela voz de Stan.

- Nossa Louis, sério,  nada a ver você e aquele bichinha do Harry, já estava achando que você ia abandonar seus amigos aqui por causa dele.

- Eu nunca abandonaria vocês. - respondo sabendo que em parte é  verdade.  Eu nunca pensei em ter que escolher entre Harry e meus amigos. Isso não era necessário,  eu poderia ter todos ao meu lado.

- Eu percebi que não amor. - Eleanor fala movendo seu quadril se esfregando e meu colo, ela segura meu rosto e  me da um selinho, que eu nem tenho tempo para desviar. - você foi tão bom para mim hoje, você não precisa daquele nerdezinho esquisito.

Eu só quero que todo álcool saia do meu corpo para eu voltar a ter controle  sobre ele. Mas me sinto tão leve que tento falar algo e minha boca nem se abre. Não tenho forças nos braços para tirar a garota do meu colo.

Mas tudo muda quando escuto uma voz baixa e chorosa. Meu coração gela ao que eu viro meu rosto em direção a voz e vejo Harry.

Ele está parado entre o Hall de entrada e a sala, estático como uma pedra, mas de seus olhos escorrem tantas lágrimas que me parte em milhões de pedaços.

- Estou vendo que não precisa mesmo de mim.

- Harry? - As forças voltam aos meus músculos instantaneamente e eu literalmente jogo Eleanor no sofá, quando me levanto indo até ele.

Meu coração para de bater, volta a bater acelerado e para de novo. Talvez eu esteja mesmo morrendo. E dessa vez eu até espero que eu esteja.

Harry corre para fora da casa e eu corro atrás,  só então percebo que o dia já está claro e o sol alto.

- Harry, baby. Espera. - Peço desesperado.

Ele para abruptamente e se vira para mim. Enxuga suas lágrimas e respira fundo.

- Baby me perdoa eu não sei o...

Sou interrompido por seu grito me mandando parar, e eu posso sentir a minha alma me deixando. Os olhos de Harry me fitam de uma forma que eu nunca vi. Sua pupila dilatada e sua expressão é de raiva, ou pior que isso.

- Nunca mais me chame de baby. - Ele diz entredentes. - Aliás,  nunca mais me chame de nada, eu sou só um bichinha do qual você não precisa não é Louis?!

- Harry não. Eu preciso de você.  - Tento pegar sua mão mas ele dá dois passos para trás se afastando. As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto e escuto a voz insuportável de Eleanor me chamar da porta.

- Vai lá Louis, vai lá com ela, já que você é tão bom assim para ela. - A voz de Harry é seca, ele não vacila em nenhuma palavra. - Eu te liguei a noite toda, fiquei preocupado, e hoje cedo quando você não deu notícias eu liguei para o Sam, ele disse que você tinha vindo na festa. Eu fiquei irritado por você não ter me avisado mas como eu tinha ligado tantas vezes pensei que talvez tivesse acontecido alguma coisa. Eu fiquei preocupado e resolvi vir te procurar. - Ele solta uma risada sem humor e joga os braços para o alto. - E olha só, aconteceu alguma coisa. Aconteceu que você estava comendo sua amiguinha enquanto seus super amigos riam da minha cara.

Eu tento falar mas sei que não há palavras que eu poderia dizer agora. Harry está com raiva, e ele está no direito. Eu estou com raiva de mim. Eu só sei chorar e sinto minhas pernas cederem, eu tento ao menos pedir desculpas mas quando eu abro a boca Harry me interrompe novamente.

- Escuta bem Louis, porque essa é a última vez que você vai ouvir minha voz ser dirigida a você. Eu confiei em você, e esse foi o meu maior erro, você é um lixo desprezível e eu espero que você se foda. - Os olhos de Harry me matam, mais que suas palavras. Meu corpo treme tanto e eu não consigo mais me manter de pé, caio de joelhos na calçada e ele se inclina para continuar olhando nos meus olhos. - Volte para os seu amigos Louis, volte para o seu grupinho de merda que é à merda que você pertence.

- Baby por fav... - Tento dizer e ouço mais uma vez Eleanor gritar por mim. Desejo fortemente que caia um meteoro na cabeça dela e fecho meus olhos, frustrado e quase arranco meus cabelos com a força que os puxo, quando abro os olhos novamente, vejo Harry de costas, já andando para longe.

Tento gritar mas minha voz não sai. Eu estou perdendo  o ar de tanto chorar e não consigo parar de tremer. Eu nem tento. Continuo de joelhos na calçada até que Adam se aproxima e me carrega para dentro.
Eu quero gritar com ele, é tudo culpa desses idiotas, dessa festa idiota. Quero berrar, bater e socar qualquer coisa, mas meu corpo não reage. E eu só choro. Vejo os meninos irem embora um a um quando Adam grita com eles, dizendo que se fossem meus amigos de verdade ficariam ao meu lado. Eleanor tenta se aproximar mas Adam também a afasta dizendo que não é o momento.

Não paro de chorar nem quando Adam me coloca no carro e me leva para casa. Nem quando minha mãe me segue apavorada até meu quarto querendo saber o que aconteceu e eu não consigo contar. Eu não tenho coragem de dizer que no fundo Harry era bom demais até para mim. Eu não o merecia.
  


***

Não fui para o colégio por uma semana inteira. Eu mal saí da cama na verdade.

Minha mãe e meu pai tentaram de tudo mas nenhuma palavra saiu da minha boca. 

Quando voltei pra escola, Adam disse que Harry também não apareceu nenhum dia. Saí no final da aula e eu não podia mais aguentar,  eu precisava dizer a ele que ele é o meu amor, e que eu sou um imbecil. Eu preciso dizer que me arrependo com cada gota de sangue que corre em mim.

Carro até sua casa e não hesito em bater na porta. É Gemma, sua irmã quem abre.

- Oi Gemma. O Harry está?  - Minha voz sai baixa e tremula.

- Como você tem coragem?  - Gemma pergunta ríspida e meus joelhos fraquejam. - Como você ousa procurar pelo meu irmão? O Harry não está e não estará mais para você.  E nunca mais se atreva a procura-lo. Você não merece vê-lo nunca mais. - Ela diz e bate a porta na minha cara.

Gemma está certa.

Eu não o mereço.
E nunca mais o vi.

Os boatos nos corredores do colégios é de que Harry voltou para sua cidade e está morando com seus avós.

Enquanto a mim, eu constato a cada dia que quando Harry desejou que eu me fodesse, o universo o ouviu e se encarregou disso.

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