Capítulo 25

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Betina

— Eu não entendo porquê você ainda está indo na loja, Betina. — Cristian falou de manhã. Ainda estava deitado na cama, me vendo escolher uma roupa para ir ao trabalho.

— Sei que vou embora logo, mas eu gosto muito das meninas e vou deixar tudo isso para trás. — Coloquei um vestido verde que eu já tinha usado tantas vezes que tinha praticamente virado um uniforme — E você, o que vai fazer hoje?

— Preciso fazer algumas ligações para a empresa. Tem algumas mensagens da Lisa aqui me lembrando de prazos que estão para vencer.

— Ah tá, a Lisa...

— É minha secretária e só isso.

— Eu vou acreditar em você porque você também acreditou em mim em relação ao Rick. — Eu disse e ele sorriu.

Cristian sorria e meu coração disparava, como sou boboca! Olhei para ele deitado ainda na cama, coberto com meu edredom de flores azuis, o rosto ainda maroto apesar da força dos traços. Talvez em outra vida ele tivesse sido um príncipe…

— Vou voltar mais cedo. Eu quero te levar para conhecer o Mirante da cidade. Tem uma vista muito linda da represa. Passe na padaria onde você comprou aquele café da manhã maravilhoso e prepare alguma coisa para levarmos.

— Sim, senhora!

— Bobo. — Me inclinei e dei um beijo rápido em seus lábios. Se eu deixasse, acho que ele me arrastaria para a cama novamente e eu, sinceramente, não seria capaz de resistir. — Amanhã eu tenho um ultrassom marcado. É o penúltimo antes do Tobias nascer...

— Eu quero te acompanhar, posso?

— É claro que sim. Será ótimo!

E assim os dias passaram rapidamente. Fizemos o piquenique no Mirante, e no dia seguinte Cristian pode ver o bebê pela primeira vez no ultrassom da clínica particular. E então o sábado chegou, eu estava com minha ansiedade lá no alto. Era difícil ser uma gestante que não pode tomar um comprimido para ansiedade. Controlei minha respiração e coloquei uma música bem calma no fone de ouvido, enquanto esperava a noiva Beatriz vir na loja. A cabeleireira e a maquiadora logo chegariam para arruma-la, mas eu tinha esperança de que ela pudesse fazer algo em meus cabelos também, antes da noiva.

Pamela entrou pela loja com uma caixa grande nas mãos e me entregou.

— O que é isso?

— Um vestido para você. O Cristian me procurou e me pediu para ajudá-lo a escolher algo apropriado.

— Sério?

— Claro. Abra logo, vamos.

Eu abri a caixa e vi o vestido na cor coral cheio de pedrinhas tão delicadamente costuradas no tecido. Era um vestido semi sereia que deixaria muito evidente minha barriga de grávida e tinha também um decote bem generoso, mas não inapropriado.

— O que achou?

— É lindo e eu, nossa… Eu adorei. Obrigado pelo seu bom gosto, Pamela.

— Eu ajudei a escolher, mas o dinheiro foi todinho do Cristian. E ele também gostou desse vestido. Depois que arrumarmos a noiva eu te ajudo a colocar, certo?

— Certo.

Beatriz chegou. Se eu achava que estava ansiosa, a noiva estava muito mais. Parecia não ter dormido a noite toda e tinha mordido os lábios de um jeito que só um batom de boa qualidade poderia mascarar. Eu corri para pegar o vestido que era a parte que mais me interessava. Eu tive sorte com minha cliente, pois a jovem tinha um corpo bem atlético que valorizou o desenho do vestido. O tecido era de um branco impecável, a cintura era marcada por uma faixa delicada e descia bufante para baixo. Quando estava devidamente vestida, maquiada e penteada, Beatriz parecia uma fada.

— Ficou lindo o vestido. — Disse Dona Rebeca, que já estava na loja. — Quando você voltar para São Paulo, invista num curso de moda, garota.

— Eu vou fazer isso. — Eu respondi, com firmeza.

A cabeleireira tinha escovado meus cabelos antes da chegada da noiva e agora eu tentava entrar no vestido. Era justo e Pamela me ajudou a passá-lo pela cabeça. Fechou o zíper nas costas e me pediu para olhar no espelho.

— Olha como é lindo!

E estava mesmo. Acho que nunca me senti tão grávida como naquele traje, mas de um jeito muito positivo. Só deu tempo de passar uma base e um batom e logo Cristian chegou para me buscar.

— Uau! — ele disse, quando cheguei. — Conseguiu ficar ainda mais linda.

— Obrigado pelo presente, eu realmente não esperava.

— Pelo seu sorriso e por essa visão incrível, valeu a pena. Mais tarde quero ajudar a tirá-lo...

— Mal posso esperar. — Afirmei, com malícia.

Entramos no carro e rumamos para a igreja. Eu já tinha visto a Matriz arrumada para casamento, no entanto, achei que as flores amarelas tinham valorizado demais o lugar. O tapete de espelhos no chão era de uma beleza que não me cansava.

A cerimônia demorou quarenta minutos e a festa foi no salão da própria igreja. A maioria das pessoas que eu conhecia estavam no casamento, inclusive Rick e eu aproveitei a ocasião para me despedir delas. Voltamos para casa um tanto cansados. Eu me sentei no sofá e Cristian tirou meus sapatos. Então se sentou ao meu lado e sacou o celular.

— Você parece bastante cansada. Que tal descansar amanhã e voltamos segunda-feira à São Paulo?

- Concordo.

- Acho que está na hora de avisar sua família que eu te encontrei.

— Eu sabia que essa hora ia chegar. — Suspirei profundamente. - Aliás, achei que já soubessem.

— Eles desconhecem os pormenores. Você mesma quer ligar?

— Não, liga você. — Eu pedi. — Cristian, alguns dias atrás você me convidou para morar com você…

— Sim e eu tenho dado isso por certo...

— Acho que vou voltar para a casa dos meus pais primeiro; preparar o terreno. E minhas coisas estão lá.

— Você é quem sabe. Eu te falei qual casa comprei?

— Não. — Me virei de lado, tentando achar uma posição confortável — Nós falamos tantas coisas…

— Comprei a Mansão Toledo.

Eu fiquei surpresa. Não apenas pela construção incrível, mas porque foi naquele lugar que nós dois ficamos juntos e eu engravidei.

— Aquela casa é maravilhosa. — Me ouvi dizer. — Eu estou realmente surpresa.

— Depois te explico todos os detalhes. -
Cristian se colocou de pé, passando a mão pelos cabelos bem alinhados.

— Agora vou ligar para seus pais. Depois para os meus.

— Sim.

Eu vi Cristian se afastar com o telefone na mão. Era bom ter ele à frente dessas coisas, pois não sabia bem como lidar com essas situações.

Eu respirei fundo. Ia voltar para São Paulo e um certo medo tomou conta de mim.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Onde histórias criam vida. Descubra agora