Capítulo 19

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Cristian

Eu observava Betina na frente do fogão terminando o café. Nenhum de nós almoçou. Depois que fizemos amor quase não conversamos; eu fui para o banho depois dela e agora estávamos pouco à vontade um com o outro.

Sempre que eu via Betina, me sentia alegre, sabia que teríamos conversas animadas e a sua companhia sempre foi bem-vinda, mas agora era diferente. Não era apenas alegria o que eu sentia ao vê-la. Meu coração parecia não caber no peito se ela sorrisse para mim e tudo que eu queria era levá-la para minha casa e a proteger de tudo.

Talvez eu a amasse...

Era constrangedor pensar em amar Betina quando eu não sabia os reais sentimentos dela por mim. Não queria fazer papel de idiota e por isso guardei aquela informação a sete chaves.

- Café, torradas e um pouco de geleia de amora que ganhei ontem da Dona Rebeca.

- Parece bom. - Eu me servi do café. A xícara era uma das poucas coisas bonitas naquela minúscula casa. - Fico imaginando como foi esses últimos meses aqui, sozinha. Você cresceu como uma princesa, cercada por empregados desde a infância.

- Eu tive dificuldade no começo, acho que vivi o primeiro mês apenas de macarrão instantâneo e salsicha. - Riu. - Depois fui aprendendo e hoje já sou capaz de fazer um bolo muito gostoso.

- Vou adorar provar seu bolo.

Betina ficou em silêncio, e começou a contornar com o dedo a flor desenhada na toalha de mesa.

- Cristian, eu não quero voltar. Estou feliz aqui.

- Você disse que esse é filho é meu. Tem certeza?

- E de quem mais seria?

- Oras, eu não sei com quantas pessoas você ficou...

Seu rosto ficou vermelho como um pimentão e ela fez uma carranca.

- Com quem eu teria ficado, por exemplo?

- Sei lá, com meu irmão. O Robert nunca foi um santo...

- Você não percebeu que foi o primeiro? - Mordeu o lábio - Achei que não tinha dúvidas quanto a isso.

Eu passei a mão pelo cabelo, sem saber o que dizer.

- O que posso dizer? Você não sangrou, não pareceu sentir dor ou coisa assim...

- Só mostra que você acha que conhece muito de mulher, mas é um tonto. - Me encarou com olhos em faísca. - Mas se não acredita em mim, posso fazer um teste de DNA assim que o Tobias nascer. Isso se você fizer muita questão porque, por mim, eu continuo aqui em Caconde e você pode voltar para a sua vidinha em São Paulo!

- Não precisa ficar brava, Betina.

- Acha que não sei que isso vai estragar seus planos?

- De que planos você está falando?

- Com a sua secretária! - Ela disse, com a voz irritada. - Da última vez que o vi, lá no escritório, você a abraçou pela cintura e deu a entender que estão juntos. É mentira isso?

- Aquilo foi um erro da minha parte. Olha...

- Não precisa largar a sua amante por minha causa, ok? Eu tenho amor próprio e não vou repetir o erro que vivi com seu irmão. E não preciso de pensão, eu dou um jeito.

- Ah, mulher teimosa. - Me levantei e a puxei de encontro ao meu peito. Ela tentou me afastar, mas não deixei - Para de falar um pouquinho, você só pensa o pior de mim e não era assim. O que aconteceu com a nossa amizade? Nos dávamos tão bem.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Onde histórias criam vida. Descubra agora