Capítulo 34

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Betina

Os dias passaram e a data da recepção na Mansão Toledo chegou. Eu achava estranho manter o nome da família Toledo na residência, uma vez que não lhes pertencia mais. Agora era a Mansão do Cristian, da Betina e do Tobias.

Eu via claramente o esforço de Tricia em não sofrer por terem perdido aquele imóvel maravilhoso e me pegava pensando se no fundo ela não tinha raiva de nós. Com certeza ela era apegada àquele lugar para ter se oferecido tão prontamente para cuidar dele.

A festa começou às dezoito horas em ponto. Apesar do local ser lindo por si só, as diversas flores espalhadas pela Mansão deram um charme ainda maior a tudo.

Eu vi Rick chegar sozinho na festa, mas logo estava conversando com alguns dos meus primos. Ana Clara falava animadamente com meus pais enquanto meu irmão estava sentado no sofá com outros garotos da mesma idade, jogando no celular. Fiquei triste pelas meninas da loja da Pamela não poderem vir, mas prometeram me visitar em breve.

Cristian aproximou-se de mim. O terno escondia o machucado e apenas os que sabiam da história conseguiam notar que ele não estava usando o braço esquerdo. Eu adorei os cabelos recém cortados, a beleza das abotoaduras do terno e fiquei feliz porque aquele homem bonito e elegante era totalmente meu.

— O Robert não virá com a esposa. Ele deu uma desculpa qualquer, mas acho que não queria te deixar desconfortável no próprio noivado.

— Eu não vou mentir; apesar dele ser seu irmão, estou contente por Robert não ter vindo com a pistoleira… Desculpe. — Me repreendi. — Eu sinto que essa história deles comigo está tendo cada vez menos importância e, com certeza, isso vai virar águas passadas, mas não agora. Eu ainda não estou preparada para perdoar.

— Eu jamais te pediria esse sacrifício, sei que ainda te faz mal lembrar disso. Mas por educação eu precisava convidá-los e eles acertaram em declinar. — Pegou uma taça com suco de laranja e me deu. Eu ainda amamentava, então estava proibida de beber álcool.

Logo Cristian avistou Victor acompanhado de uma garota muito jovem e foi recebê-los. Octávio Servantes não pode comparecer por motivos de saúde, mas Ofélia estava presente. Eu continuei conversando com os convidados, confiando em Tricia para que nada saísse do lugar.

Tobias estava aos cuidados da babá, por isso estranhei quando a vi, de longe, perambulando pelo corredor.

— Oi Nivia, como está o Tobias?

— Bem senhora, ele dormiu. Aproveitei para dar uma espiadinha na festa. Posso pegar algo para beber?

— Bebida sem álcool, sim. — Eu respondi, na tentativa de lembrá-la que estava em horário de trabalho. — Quem ficou com o bebê?

— Ninguém senhora, mas ele estava dormindo tranquilo…

— Eu não quero que ele fique sozinho, ok? — Eu disse, lembrando dos últimos acontecimentos com o Cristian. — Vou vê-lo.

A babá me seguiu. Entramos no quarto e eu vi o berço vazio. Meu coração gelou.

— Nivia, chame o Cristian aqui, agora. E o Rick também.

— Sim, senhora. — A babá agora estava aflita.

Comecei a olhar nos outros quartos e nada. Meu coração bateu descompassado e eu puxei pelo braço o primeiro segurança que vi.

— Meu bebê sumiu...

Não precisei dizer mais nada, pois o segurança entendeu o que tinha acontecido e chamou pelo rádio toda a equipe. Cristian apareceu correndo, já tendo ouvido o breve relato da babá.

A festa continuava animada dentro da Mansão, com todos alheios ao que estava acontecendo. No meu desespero, o procurei até nos lugares inimagináveis como embaixo da cama e dentro dos guarda-roupas.

Então o segurança veio até mim com boas notícias:

— Encontramos seu bebê. Está lá no jardim com uma moça.

Corri para o jardim e Cristian me encontrou lá. Rick, que até então não tinha aparecido, se juntou a nós. Os seguranças estavam ao redor da mulher sentada no chão.

— Ana Clara!

Minha amiga estava no gramado, abraçando meu filho de um jeito muito protetor. A garoa fina tinha estragado o seu penteado.

— Você pegou o bebê? — Cristian perguntou.

— Não, eu o salvei, seu idiota! — Ela respondeu, furiosa com a acusação. — Estavam levando-o embora e eu não deixei.

Levantou-se e me entregou o bebê. Eu peguei o Tobias com pressa e o abracei.

— Meu benzinho! Que bom que está aqui!

Um círculo se formou ao redor de Ana Clara; os homens olhavam para a jovem alta e morena com certa desconfiança. Ana Clara estava evidentemente assustada e eu não duvidei dela por nenhum momento pois a conhecia.

— Me conta porque estava aqui fora com o bebê? — Pediu, Cristian.

— Eu estava indo para a cozinha procurar a Tricia para reclamar de um garçom quando vi uma pessoa estranha sair do quarto com o Tobias. — Fez uma pausa para respirar, pois estava ofegante. — A pessoa estava toda coberta de roupas pretas, como se estivesse se escondendo. Obviamente não era a babá. Então eu a segui até aqui fora. Ela percebeu e começou a correr. Eu corri atrás. Então gritei e seus seguranças surdos não ouviram! Peguei a primeira coisa que vi, uma pedra e atirei-a na pessoa.. — Olhou para mim — Consegui pegar o bebê e ela fugiu. Eu só conseguia pensar que não podia deixar a criança ser levada. — Começou a chorar.

Eu teria consolado se não estivesse com meu bebê nos braços.

— Você conseguiu ver alguma coisa do sequestrador?

— Eu acho que era uma mulher...

— Você disse que a pessoa estava toda coberta — Rick indagou.

— Quando eu acertei a pedra na cabeça, eu ouvi um “ai” e era voz de mulher. Depois que eu peguei o bebê, a pessoa correu naquela direção! — Apontou para os arbustos do lado direito.

— Senhores, vou acionar a polícia...

— Ainda não. — Falei para o segurança. — As pessoas da festa vão ficar alarmadas. Essa pessoa quer o nosso mal e eu não vou dar esse gostinho. Meu bebê está comigo e vou ficar com ele até o final da festa. Depois chamamos a polícia.

O segurança não concordou muito, mas obedeceu. Voltamos para dentro e eu tremia. Cristian passou a mão pelos meus ombros tentando me acalmar. Antes de voltarmos para a festa, Ana Clara me chamou para conversar.

— Seu noivo burro desconfia de mim. Jamais faria algo contra você. Eu te amo, Betina. — Tocou nos meus cabelos — Você é minha melhor amiga.

— Eu não duvido de você e sou muito grata por estar por perto. Vou demitir essa babá.

— Tem algo que quero falar.

— Pode falar.

— Eu tenho forte convicção que isso é obra da Trícia.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Onde histórias criam vida. Descubra agora