Capítulo 23

2K 157 5
                                    

Cristian

Foi movido pela raiva que coloquei minhas coisas no carro e saí de Caconde pisando fundo no acelerador, como se correr fosse, de alguma forma, aliviar minha alma. Eu achei que poderíamos ficar bem um com o outro. No passado nos divertíamos juntos. Mesmo quando eu estava estudando em Madri, Betina não deixava de me mandar mensagens e contar as novidades.

Então começamos a mudar um com o outro. Talvez quando eu voltei e ela já estava totalmente devotada ao meu irmão. Lembro que fiquei irritado por Betina não parar de falar do Robert e me perguntar sobre ele, como se eu fosse invisível. Enquanto ela era o retrato do recato na frente do cara que gostava, comigo ela conseguia ser ela mesma, rindo e caçoando de tudo.

Ela costumava ter um riso frouxo.

Talvez eu tenha me incomodado porque percebi que a Betina menina, que me irritava na escola, tinha crescido, se tornado uma mulher cuja visão me enchia os olhos. Talvez desde aquela época eu quisesse que ela olhasse para mim com tanta devoção quanto olhava para o meu irmão, mas recebi apenas uma amizade sincera que não foi suficiente para aquecer meu coração.

Eu namorei algumas garotas, mas não me senti preenchido. Com a Betina, no entanto, me sentia arrastado para um turbilhão de emoções, fosse brigando com ela ou a beijando. Minha cabeça tentava me lembrar de todas as humilhações que eu estava vivendo por causa daquela garota, mas meu coração pedia para eu reconsiderar.

Dirigi não sei por quanto tempo e parei num restaurante na beira da rodovia. Percebi que não tinha percorrido muito, apesar de sentir que tinha andado por horas. Eu ainda estava numa cidade chamada Itobi. Desci do carro e me sentei numa das mesas e pedi um café forte, sem açúcar.

Precisava falar com alguém. Como Augusto não atendia, liguei para o Victor:

— Olá, meu amigo. Fiquei sabendo que você estará ausente esta semana. — Ele começou falando.

— Tudo certo na empresa?

— Sim. Hoje representei você em uma reunião e a Lisa me passou os relatórios que eu precisava. Mas seu pai não está nada contente.

— Isso não é novidade. — Eu afirmei. — Você tem um minuto livre? Preciso falar com alguém sobre algo que está me angustiando...

— Estou em casa sentado no sofá sem nada para fazer. Sou todos ouvidos.

— Co você bem sabe, encontrei a Betina. — Contei. — E percebi que tenho sentimentos fortes por ela.

— Bem, ela está grávida de você, então isso é bom.

— Mas acho que não estou conseguindo raciocinar direito.

Então contei tudo para ele, dando ênfase aos últimos fatos que envolviam certo rapaz chamado Rick. Falei também do quão foi frustrante ver ela noiva do meu irmão. Acho que contei para ele coisas que eu nunca tinha ousado falar em voz alta. De repente me senti aliviado.

— Então, o que acha?

— Acho que tem que voltar para onde ela está. — Ouvi Victor dizer — Acho que se tem uma grande lição que tirei do romance do seu irmão com a Theodora é que: você precisa colocar seu coração em primeiro lugar para viver em paz.

— Mas e se ela não quiser? E se continuar sendo teimosa?

— Cristian, você gosta da Betina justamente por ser assim. Se ela fosse mansa com você, dócil como um cachorrinho, você não teria se encantado. É justamente porque se sentem bem um com o outro que vocês têm tudo para dar certo.

— Se eu voltar vou parecer um bobo.

— Não é hora de ter orgulho. E se der errado, bem, não foi sem lutar antes. Nessa vida nada vem fácil, nem o amor. Volte lá; faça ela te enxergar de verdade e afaste o tal do policial de perto dela.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Onde histórias criam vida. Descubra agora