Capítulo 12

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Betina

Eu estava na sala da casa da Pamela, tomando uma xícara de chá enquanto minha amiga repetia mais uma vez tudo o que eu havia contado a ela:

— Então você está grávida do seu ex-cunhado. Cristian estava irritado com você e por isso você não teve coragem de contar para ele. — A moça de cabelos ruivos andava de um lado para o outro na cozinha — Aí você ficou com medo de encarar sua família e decidiu fugir para ficar aqui nesse fim de mundo comigo, sem nenhum aviso prévio?

— Mais ou menos...

— Você é louca? — Pamela arregalou os enormes olhos castanhos — Você vem de uma família rica com muito mais condições de te ajudar do que eu; financeiramente eu digo. Acho que você está exagerando e...

— Eu conheço bem minha mãe. Ela ia pedir para eu tirar a criança...

— Muito pelo contrário, ela faria o pai da criança assumir só pelo sobrenome daquela gente de sangue azul.

— O Cris assumir não significa casar comigo e acho que ser uma mãe solteira iria destruir as chances de me casar com outro herdeiro importante.

— Você pode obrigá-lo! — As faces da minha amiga estavam vermelhas.

— Eu acredito que ele já esteja com o coração comprometido. — Respirei fundo. — E não quero forçá-lo a se casar, principalmente se está com outra pessoa. Eu já vivi um relacionamento assim antes e foi trágico.

— Você está maluca. O que vai fazer? Chegou aqui de ônibus, sem bagagem nenhuma e sei lá quanto dinheiro te sobrou! Provavelmente nada!

Pamela sentou-se na cadeira ao meu lado, parecendo bastante aborrecida e eu me questionei se a procurar foi a melhor opção. Com certeza minha família não me buscaria na casa da amiga pobre que morava numa cidade incrustada na fronteira de São Paulo com Minas Gerais. Caconde era uma cidade pequena, pacata e pouco conhecida.

Fazia tempo que eu não via Pamela pessoalmente, mas sempre fomos boas amigas. Ela havia morado em São Paulo e nos conhecemos no curso de corte e costura. Depois ela se casou e se mudou com o marido.

— Sua amiga Ana Clara não ficou com ciúmes por você vir se esconder comigo e não com ela? — Pamela perguntou provocativa, pois não gostava da minha melhor amiga.

— Na verdade eu só mandei uma mensagem de texto para a Ana explicando por alto o que aconteceu. Ela não tinha como me ajudar, e com certeza seria a primeira pessoa que vão procurar para terem notícias minhas, por isso achei melhor nem atualizá-la da situação.

— Olha Betina, espero que você esteja muito certa do que está fazendo. Mas você é adulta e pode fazer suas próprias escolhas e eu… Bem, sou sua amiga e vou tentar te ajudar.

— Eu te agradeço muito.

— Que bom que ficou satisfeita com a casa que te mostrei nos classificados. É o melhor que podemos conseguir com o dinheiro que você me deu. Deveria ficar aqui comigo, mas você consegue ser teimosa como uma mula. Sabe, Betina, você precisa mais do que um teto, principalmente estando gestante.

— Você tem uma loja de aluguel de vestidos de noiva. Eu poderia trabalhar para você?

— Eu não tenho nenhuma vaga boa para oferecer. Olha ao redor, você está numa cidade muito diferente de São Paulo. A única função disponível é de ajudante de costura, mas você...

— Eu aceito!

— O salário é baixo.

— Mesmo assim. Eu não tenho outra opção e estou gestante. Além disso, gosto de costurar, mas nunca fiz isso profissionalmente...

— Você não vai ser costureira, é bom deixar isso bem claro. É ajudante de costura. Já vou colocar todos os pontos nos "i", pois nossa costureira é bem ciumenta com o serviço dela. — A ruiva me alertou.

— Eu não vou ter problemas com isso, pode ter certeza. Pam, muito obrigado. — Me levantei e a abracei com o peito repleto de gratidão. — Você é incrível e não imagina o bem que está me fazendo.

— Como eu poderia te negar ajuda? — Pamela finalmente sorriu. — Quem sabe te ver grávida, assim de perto, me anima? O Pedro quer um filho, mas eu sinceramente não tenho coragem.

— Certo.

— Mas hoje você fica aqui em casa. Vem, arrumei um quarto para você e separei algumas roupas. Você veio sem nada.

— Me desculpe por isso.

— Não precisa se desculpar, minha amiga, é um prazer ter você aqui, eu só acho que essa pode não ser a sua solução a longo prazo.

— Eu sei. Preciso ficar longe apenas o tempo suficiente para ter meu bebê em paz.

Pamela me deixou sozinha no quarto de hóspedes para que eu pudesse tomar um banho e descansar. Logo iria escurecer e eu estava realmente exausta.

Olhei pela janela que dava vista para a bela praça central da cidade cuja igreja estava iluminada. Era um belo ambiente para um recomeço. Tudo inspirava paz naquele lugar.

Eu deveria estar apavorada, mas um pequeno ser dentro de mim parecia me encher de doces esperanças.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Onde histórias criam vida. Descubra agora