Capítulo 11

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Cristian

Talvez eu tenha exagerado na minha reação quando vi Betina no meu escritório, mas eu estava carregando aquela frustração há dias e vê-la não me deixou feliz, pelo contrário, me deixou furioso. Ela tinha esse efeito em mim, conseguia extrair sentimentos confusos com os quais eu não sabia lidar direito e era justamente por isso que a presença dela na minha vida era danosa.

Ainda assim, talvez eu tenha sido rígido demais...

— Você está mesmo interessado?

A voz de Tricia me puxou dos meus devaneios. A jovem me encarava com expectativa. Estávamos parados em frente a Mansão Toledo depois de um tour completo pela propriedade. O lugar era incrível, com ambientes bem planejados e de uma elegância inegável, mas quando Tricia me mostrou a biblioteca, eu me peguei pensando se eu não tinha algumas lembranças ali que talvez fossem me importunar...

— Eu estou interessado sim, Tricia, mas preciso pensar um pouco mais. Não é uma aquisição simples e nem barata.

— A família Servantes é riquíssima, que eu sei — Trícia disse, com o sorriso destacando ainda mais o batom vermelho que ela costumava usar. — Acho que esse é o menor dos seus problemas.

— Esse não é um imóvel para compor os bens da família em geral, é algo para mim, em particular — expliquei.

Eu estava há algum tempo buscando um lugar para comprar, algumas pessoas poderiam achar aquele lugar suntuoso demais para um homem solteiro com menos de trinta anos, mas eu sempre admirei a Mansão Toledo e agora ela estava disponível. Ainda assim, lembrar que naquela mesma casa Betina, vestida de bruxa, me arrastou escada acima para certa biblioteca, mexia comigo. Talvez eu não conseguisse lidar com esse tipo de lembrança.

— Então me avise se mudar de ideia, mas não demore porque uma família da Alemanha vem conhecer o imóvel — disse Trícia, mas eu não acreditei muito na informação. — Além disso, como você é um amigo, posso oferecer meus serviços na administração do imóvel. Sei que irá precisar.

Eu assenti com a cabeça, apertamos as mãos. Tricia vinha de uma família rica, mas que infelizmente estavam indo à falência, no entanto a jovem parecia lidar muito bem com a situação, fazendo um esforço para levantar o dinheiro que precisavam e se dispondo a trabalhar. Eu a admirei naquele momento.

— Tricia, quer tomar um café? Meu amigo Jonathan tem uma cafeteria aqui perto e aí você me explica direito o que é esse serviço de administração.

— É sobre serviço mesmo, né?

— E sobre o que mais seria, Tricia?

— Os homens da família Servantes tem má fama — ela respondeu, um tanto desconfiada de mim. Achei sua reação engraçada — Não quero que confunda as coisas — alertou.

— Eu digo a mesma coisa. — Eu logo concordei com ela — Tudo que eu quero é entender melhor o que é esse serviço que você pode me oferecer. Inclui coisas como sair comigo para comprar móveis e outros itens da casa?

— Posso fazer isso sim, com certeza. — Trícia pareceu relaxar — Vou pegar minha bolsa e já vamos.

Fiquei esperando-a, achando aquilo engraçado. Eu jurava que a Tricia era a fim de mim na época da escola. Eu tinha perdido o brilho? Bem, melhor assim, se ela não se interessava por mim era um bom requisito para que eu a contratasse. Eu realmente não precisava de confusão.

Passamos uma manhã tranquila na cafeteria do Jonathan. Fazia tempo que não o víamos e ele nos rondou durante toda a permanência em seu estabelecimento. Comi tantos croissants que talvez não almoçaria naquele dia. Quanto a Tricia, ela pareceu animada quando lhe disse que precisaria de ajuda para comprar tudo, desde lençóis para as camas até a contratação de funcionários.

INABALAVEL: Me Rendendo ao Ex-cunhado Onde histórias criam vida. Descubra agora