Capítulo 05

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Meia hora depois, eu estava entrando debaixo do chuveiro gelado do hotel. De todos os hotéis onde nós costumávamos ficar, aquele provavelmente era o melhor. Acontecia, com frequência, de não ficarmos nos mesmos hotéis em que os pilotos, porque alguns hotéis não eram tão grandes, outros eram muito caros para abrigar uma equipe inteira.

Eu conseguia estar no hotel com frequência quando a Ferrari e a Mercedes estavam no mesmo hotel, mas era questão de sorte porque tanto meu irmão quanto Toto e George faziam suas mágicas. Às vezes, Carlos dava um jeito de pedir quarto com duas camas separadas para ele, e aí nós ficávamos juntos – o verdadeiro inferno, mas a gente gostava da companhia um do outro na maior parte do tempo.

O meu favorito era o Yas Hotel, em Abu Dhabi, porque eu já consegui a proeza de trabalhar de dentro do meu quarto, vendo a pista logo abaixo de mim, passando por baixo do hotel. Luxo por luxo, todos tinham, mas eu raramente tinha tempo de aproveitar. Em Singapura, luxo não faltava, mesmo que eu estivesse em um dos quartos mais baratos do hotel. A banheira de hidromassagem me chamava, mas as possibilidades que me esperavam se eu cedesse à vontade caminhavam para longe do que eu queria de fato.

Saí do banho a tempo suficiente apenas para colocar as vestimentas recém-adquiridas, postas delicadamente dentro do armário com as outras roupas que eu coloquei para lavar. De alguma forma, eu sabia que era ele quando escutei o som do elevador parando no andar. Meu coração disparou, eu não esperei que Leclerc batesse na porta e simplesmente a abri.

Ele me checou em uma fração de segundo, atacando a minha boca no mesmo instante. Seu corpo me pressionou contra a parede ao lado da porta do banheiro, suas mãos me tocavam com urgência, puxando-me pela cintura como se pudéssemos nos fundir em um só. Todo o cansaço que me derrotara minutos atrás evaporou com o calor que Leclerc fazia percorrer toda a minha pele.

Aquele tesão reprimido todo era, eu acreditava, resultado de tanta antecipação, de querer e fingir que não, e não ceder por medo. Engraçado, não havia sentimento negativo como aquele medo em lugar algum quando Charles colocou o polegar na ponta do meu queixo e os outros dedos em volta do meu pescoço, erguendo o meu rosto para ter melhor acesso à minha mandíbula.

Seus lábios espalhavam beijos molhados por toda a minha face, descendo até a nuca com a maior naturalidade possível. Uma de suas mãos continuava a apertar a minha cintura. Eu poderia até reclamar, Leclerc era forte, suas mãos tinham não só força mas uma precisão absurda. O aperto doía, mas eu me consolava com o fato de que, se ele estava me apertando aquele tanto, era porque ele queria aquilo tanto quanto eu.

A tortura era ter seus beijos em todo lugar e, ainda assim, não ser suficiente. Charles estava beijando meu ombro, eu oferecia o meu pescoço. Ele ia para lá, eu o queria na minha boca. A verdade é que eu queria sim os beijos em todo lugar, mas queria ao mesmo tempo. Meu corpo estava formigando por aquilo. Eu não sabia explicar o que tinha tomado posse de mim naquele instante, porque meus pensamentos nunca tinham trilhado um caminho tão depravado.

O efeito Leclerc era mais inebriante que qualquer bebida que eu já tinha provado na vida. Com a ponta dos dedos e sem fôlego algum, meus olhos fecharam de luxúria quando eu puxei seu rosto até o meu, trazendo seus lábios para mim com uma fome insaciável. Eu queria muito que ele não estivesse brincando comigo, porque eu ficaria na merda se esse fosse o caso.

Deixei o quarto iluminado apenas com o led atrás da moldura da cama de propósito. Eu até pensei em colocar música, mas não tinha o tempo de preparar uma playlist. Ainda bem, porque eu tinha seus dedos ainda fincados na minha pele, impossibilitando que qualquer outra coisa entrasse em foco nos meus sentidos. A qualquer momento, eu ia pegar fogo, tinha certeza absoluta disso.

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