Capítulo 13

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Não devia fazer menos de 14ºC quando pousamos em Nova Iorque. Estranhei a ausência de Rebecca, mas aprovei. Estava esperando que ela fosse com meu irmão para o baile de gala. Nós não estávamos conversando muito sobre esse assunto porque ainda era um tópico sensível e, depois que eu e Leclerc decidimos ficar juntos em Singapura, nosso tempo juntos, só nós dois, estava quase zerado. Eu tinha planos de mudar aquilo o quanto antes.

Enquanto isso não acontecia, eu, ele e Charles até que formávamos um bom trio. Dormimos a maior parte do voo. Meu irmão e Leclerc era treinados para aproveitar toda e qualquer oportunidade de descanso. Eu desmaiava em poltronas da classe executiva, apagar em uma cama, por menor que fosse, não configurava um problema.

Como eu não passava de uma mera convidada aquele dia, deixei que os meninos liderassem todos os protocolos necessários desde que saímos do aeroporto. Eu ouvi, por alto, quando Charles apontou para a recepcionista do Plaza que teria uma convidada extra, porém não era para constar no que fosse faturado para a empresa, que ele pagaria o total por fora. Aquela cifra, eu não quis ouvir.

O apartamento era espetacular. O hall de entrada abrigava um pequeno closet. Dele, nascia um corredor. Carlos se apossou do primeiro quarto, logo à esquerda antes do lavado, que precedia o ambiente principal. Os móveis provavelmente custavam o valor do meu salário – cada. Uma sala de estar e de jantar conjugadas terminavam em uma escada, que levava ao segundo andar e, consequentemente, nosso quarto, que tinha um considerável terraço anexo a ele.

Charles e Carlos avisaram que receberiam alguns membros da equipe, apesar do horário, e que eu poderia transitar livremente pelo apartamento mesmo assim. Optei por não atrapalhar. Os dois sugeriram, com sorrisos sacanas, que eu pedisse serviço de quarto porque a Ferrari pagaria. Foi o que eu fiz, pedindo pasta para não demorar a decidir e correr risco de atrapalhar os dois. Tomei banho enquanto esperava, saindo a tempo de ver Leclerc deixar o prato em cima da cômoda e saindo na ponta dos pés.

Como não sabia quanto tempo eles levariam, eu arrumei meu notebook com cuidado na escrivaninha, porque o quarto era exatamente em cima da sala de estar. Tudo parecia acusticamente isolado, visto que eu não escutava uma palavra sequer vindo do andar de baixo, mas eu não queria ser inconveniente, então coloquei fones de ouvidos e me preparei para adiantar um pouco do meu trabalho, já que havia dormido bem no voo e não teria sono por um bom tempo.

Estava avançada quando um assunto específico chamou a minha atenção. Revirando os olhos, eu enviei um e-mail adereçado a um grupo específico solicitando uma reunião de emergência na manhã do dia seguinte, e puxei o celular para mandar uma mensagem a Lewis. Uma notificação no Instagram me lembrou do que eu estava pensando desde Londres. Ainda era segunda-feira onde eu estava, certo? Então não era tarde demais.

Busquei no meu acervo por uma foto nossa. Por acaso, cliquei sem querer em uma foto que tínhamos tirado juntos em Singapura logo depois da corrida. Hamilton havia sido o fotógrafo, eu me lembrava bem. Eu estava com o uniforme da Mercedes e entre meu irmão e Charles, a Ferrari de Carlos atrás de nós.

No Instagram, cortei a foto o suficiente para aparecermos só nós dois. Era óbvio que o carro atrás era do meu irmão pelo número que aparecia no canto da imagem, o que disfarçaria um pouco. Tudo ia virar um caos no dia seguinte, de qualquer forma, então eu estava apenas ou adiando o inevitável ou jogando mais gasolina no fogo postando a foto com um 'feliz aniversário para o melhor músico do grid' e carinha rindo com um coração vermelho e uma das suas composições tocando. Eu sabia a confusão que iria acontecer no Twitter quando eu apertei o 'compartilhar' e segui trabalhando como se nada tivesse acontecido.

Cheguei a explorar o terraço e a vista magnífica que ele proporcionava para as luzes da cidade, mas a temperatura estava um pouco fria demais para dar bobeira no tempo. Charles voltou ao quarto um bom tempo depois, com uma porção de batata frita na mão que nós dividimos antes de cairmos na cama e dormimos não muito tempo depois.

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