A manhã de quarta nos trouxe de volta para a realidade. Não pegamos voo cedo porque não havia necessidade mas, assim que nos sentimos minimamente descansados, Carlos entrou em contato com a empresa parceira deles e pediu para prepararem o jato que estava à nossa disposição no principal aeroporto de Nova Iorque.
Chegamos em Austin por volta das seis da tarde, com uma temperatura mais amena que a do Norte. Era mais um final de semana de sprint, ou seja, tudo aconteceria rápido demais. Então foi só pisarmos fora do aeroporto no Texas que voltamos à realidade da Fórmula 1. Eu fui encontrar minha equipe, ele e meu irmão foram encontrar a dele. No final do dia, a Mercedes economizou uma grana porque eu me hospedei com Leclerc dessa vez.
O dia de imprensa era o mais estressante para mim, de fato. Ele começava cedo para todos, mas nós, que éramos da área da comunicação, precisávamos acordar com o cérebro a mil por hora. Mal tive tempo de tomar meu café da manhã, disparei para encontrar com George e, com ele, seguir para o circuito. Sabia, por mensagem, que Leclerc estava indo para lá com o meu irmão. Eu repetia, como um mantra, que ia ser mais um final de semana bom, mas eu e meus pressentimentos estranhos não falhávamos.
Carmen tinha ido para o Texas também, mas precisava adiantar algumas coisas do seu trabalho e escolheu ficar no hotel pela manhã. Eu era a companheira fiel de George ali dentro, guiaria todo o necessário para que as coisas corressem da melhor forma possível enquanto, para Lewis, tinha outra pessoa de confiança com a mesma tarefa. O problema é que, naquela semana, eu havia me exposto ao mundo. Preocupada com o que os jornalistas podiam pedir de George, eu esqueci completamente de pensar no que podiam pedir de mim.
O mar de câmeras e microfones apontados para nós não era para o piloto ao meu lado. Os jornalistas gritavam o meu nome, não o de George. Eu não percebi em que momento nós estávamos cercados. Ele tentou até me puxar, mas não havia muito o que fazer, visto que era dia de imprensa e os jornalistas estavam em peso no paddock. Então era assim que os pilotos se sentiam? Que merda!
– Você quer que eu chame a segurança? – George perguntou.
Neguei com a cabeça e respirei fundo. Não foi exatamente fácil colocar na cabeça que eu tinha opções bem limitadas se considerasse toda a situação, então eu corri para o meu refúgio óbvio: o meu conhecimento técnico. Chegar a gerente na minha área dentro de uma empresa tão séria quanto a equipe de Fórmula 1 da Mercedes não era para aqueles que não sabiam lidar com a pressão da imprensa.
– Ok, ok, ok! – Eu repeti a palavra alto, o tom firme e as mãos para cima, chamando a atenção de todos ao meu redor. – Vocês estão dentro do meu ambiente de trabalho. Ou vocês fazem uma pergunta que envolva a minha equipe ou podem ir embora. Perguntas sem a palavra 'Mercedes' em sua composição serão ignoradas, então não façam seus colegas perderem tempo.
Pelo menos, metade dos que estavam ao meu redor deram um passo para trás.
– Ótimo. Comportem-se e terão suas perguntas respondidas.
Fiz um sinal para que George seguisse seu caminho, ele ignorou e fincou os pés ao meu lado, um braço protetoramente por cima dos meus ombros. Eu respirei fundo de novo antes de prosseguir e apontei para a primeira mulher à minha direita.
– Bret Patel, da Sky Sports. – Ela se apresentou. – À luz dos últimos acontecimentos, há uma indicação de que você vai deixar a Mercedes?
– Que acontecimentos? – A minha pergunta era debochada, mas não soou como tal.
– Sua aparição pública no evento de gala que a Ferrari ofereceu em Nova Iorque na terça-feira.
– Não vou deixar a minha equipe, de forma alguma. Próximo.
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Heartbreak Circuit
FanfictionQuando o asfalto fervilha com a adrenalina das corridas, Julia, gerente de mídias sociais da Mercedes, e Charles, piloto da Ferrari, aceleram em direção a um romance cheio de curvas perigosas. Entre o rugir dos motores e os segredos dos bastidores...