Capítulo 11

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Na manhã de sábado, eu ainda estava muito indecisa. Por pouco, não mandei mensagem para Arthur ou Gasly pedindo ajuda, ou qualquer outro piloto mais próximo dele, eram os contatos que eu conseguiria pedindo o número para meu irmão ou enviando uma mensagem pelo Instagram. Até decidir o que comer foi difícil. Nós podíamos comer fora ou pedir delivery, mas eu queria parecer uma boa anfitriã.

Tudo estava preparado e decidido enfim na hora do almoço. Fiz tudo o que era necessário e pedi que tudo fosse entregue na minha casa. Na geladeira, deixei uma lasanha pronta em uma travessa, só precisando ir ao forno, para ao menos uma refeição em casa. Charles já tinha decolado e eu tinha cerca de meia hora para me arrumar e ir em direção ao Heathrow.

Não me esforcei e me senti culpada por isso. Vesti uma jardineira preta por cima de uma blusa branca, coloquei um tênis combinando com a blusa e saí. Era sábado, e o trânsito até o aeroporto estaria caótico o suficiente para que eu levasse mais de uma hora no trajeto. Até finalmente chegar à M4, foi um inferno, e a autoestrada em si não estava um paraíso. Eu cheguei a ficar preocupada de não chegar a tempo, mas conseguia me impor com o meu carro e abrir passagem quando necessário.

Na tela do carro, deixei espelhado o celular, mostrando o status do voo. Charles provavelmente só pegou um voo comercial para me provocar. O avião da British Airways já estava sobrevoando a Inglaterra quando eu passei pela cancela do estacionamento. Era o tempo de deixar o carro e ir até o setor de chegadas. Leclerc ainda teria que passar pela imigração, e eu estava tranquila com esperar.

O problema foi quando eu abri o Instagram para me distrair e a primeira postagem que apareceu foi justamente dele, parabenizando o irmão. Eu olhei duas vezes para a legenda e o horário. Era mesmo aniversário de Arthur. No mesmo instante, eu me senti culpada por Charles estar indo para Londres em vez de ficar com a família, não só pelo aniversário do irmão mas pelo seu próprio.

Fui rápida em enviar uma mensagem para o caçula dos Leclerc, ao menos, parabenizando Arthur e me desculpando por estar tirando Charles de perto dele. O voo já estava no aeroporto. Era questão de tempo até Leclerc passar pelo portão de desembarque. Meu coração parecia o de uma criança, animado mais do que ficava quando recebia minha família na Inglaterra.

Pensando bem... Eu não ficava animada quando recebia a minha família.

O celular vibrou, eu olhei de relance. Arthur agradecia a felicitação e desconversava sobre Charles, explicando que eles tinham passado a manhã em família já. Meus ombros caíram no momento em que eu o vi se aproximar.

Nossos olhares se encontraram em uma questão de segundos, como em uma cena de filme. Ele estava trajando um de seus óculos escuros que poderiam colocar qualquer mulher de joelhos. Mas eu era a única mulher que ficaria, de fato, de joelhos por ele e estava quase orgulhosa disso. Foi inevitável sorrir.

Eu não me importei, ele muito menos. Nós nos envolvemos em um abraço apertado no mesmo segundo em que os lábios se encontraram como se houvesse algum magnetismo místico entre eles. Meu coração apertou e, de repente, eu estava com vontade de chorar. O que Charles Leclerc havia feito comigo, eu não fazia ideia mas, ironicamente, não desaprovava a sensação – muito pelo contrário.

– A gente precisa se tratar. – Eu ri um pouco, voltando o contato para um beijo rápido. – Foram só cinco dias.

– Foi tempo demais. – Ele insistiu em me beijar também.

– Você não precisava ter mandado um buquê todo santo dia, sabe? Já me convenceu.

– Precisava sim. – O beijo, dessa vez, foi no topo do meu nariz. – Quando eu disse que você ganharia flores em todos os dias em que nós estivéssemos separados, eu quis dizer todos os dias. Sem data de validade.

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