Capítulo 19

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Viajei para a Inglaterra com Toto e George. Meus dois guardiões ficaram mais tranquilos, visto que eles também fariam o trajeto em um voo privado. Era melhor do que tramarem junto à empresa para, de novo, desviarem o jato da equipe para uso particular. Com isso, eu consegui uma consulta no fim da segunda com a mesma obstetra de Suzie, cujo contato profissional Toto havia conseguido para mim.

Nós nos reunimos devidamente na terça, equipe inteira, discutimos tudo o que era necessário para o fim da temporada e, uma vez dispensados, eu corri para casa. Toto me ofereceu carona até Mônaco, visto que iria para o principado mais cedo que o previsto. Eu me convenci a passar a aceitar esse tipo de proposta sem reclamar. A viagem já seria feita de qualquer forma, e Toto era embaixador mundial de uma marca de jatos particulares, não era nada demais para ele.

Mas Charles ainda estava na Itália, onde ficaria durante a maior parte do dia. Como seu prédio tinha um porteiro, ele autorizou minha entrada e passou a chave de acesso da fechadura eletrônica em sua porta. Era quase onze horas da manhã quando eu entrei. Nós conversamos sobre contar à sua mãe sobre a gravidez naquela noite, durante um jantar. Se a minha mãe sabia, era justo, no mínimo, que a dele também soubesse.

Pedi para entregarem meu almoço. O steak tartare no menu quase me seduziu, mas lembrei que estava proibida pela médica de consumir carne crua, então fiquei com um espaguete à bolonhesa clássico para não errar. Como estava cansada, sentei no sofá depois do almoço e apaguei enquanto, na televisão, passava 'O Amor Não Tira Férias', filme que eu já conhecia de cor e revia por preguiça de me frustrar com novas produções. Acordei com o meu telefone tocando. Era quatro da tarde em Mônaco.

– Oi, Charles.

Oi, amor. – Deu para sentir que, em seu tom de voz, havia um notável alívio. – Tá tudo bem? Eu te mandei mensagem, você não respondeu.

– Tá tudo bem, eu só desmaiei no seu sofá.

Eu te acordei? – O alívio deu lugar ao pânico. – Meu Deus, Juli, desculpa.

Olhei no relógio. Dormi por mais de três horas seguidas.

– Não se preocupa, eu nem deveria ter dormido tanto também. Vai me atrapalhar à noite.

Nós lidamos com isso, fica tranquila. Eu vou atrasar um pouco, aliás.

– Problemas?

Nada demais, é só uma falta de organização básica da qual eu não posso falar mal porque não sou tão organizado assim. – Leclerc riu. – Devo chegar em até três horas. To terminando de resolver algumas coisas aqui e vou pro aeroporto.

– Eu acho que vou ao mercado enquanto isso.

Você pode pedir por aplicativo que entregam, sabia?

– Não esquenta com isso, eu vou até lá. Tenho que aproveitar a minha chance de conhecer o enorme país onde mora o pai dos meus filhos. – Brinquei, nós dois rimos.

Falando nisso, eu ia conversar com Riccardo e Marta pra gente ver uns imóveis essa semana, já que você vai estar por perto.

– Tudo bem, pode ser.

Você vai ficar bem sozinha?

– Charles, eu sou uma adulta, você entende isso, né?

Eu entendo, mas...

– Fica tranquilo. – Eu o acalmei. – Posso pegar um carro emprestado?

Vai dirigir uma Ferrari?

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