Sabe quando a gente tá sonhando, precisa correr no sonho, faz todo o esforço do mundo e não sai do lugar? Foi assim que eu me senti. Claro que correr era algo forte demais, mas o tempo parecia mesmo que tinha parado. Eu me juntei ao monte de macacões vermelhos do box ao lado do nosso e disparamos na direção de onde os carros iriam parar.
Tudo estava sendo muito rápido, de verdade, mas a sensação gostosa de estar vivendo aquilo tudo era tão esmagadora que eu fechava os olhos para todos os alertas e mergulhava de cabeça no que eu considerava como uma das minhas maiores aventuras. Charles estaria marcado na minha vida para sempre, independente de como as coisas acontecessem dali para a frente, então não fazia sentido não aproveitar ao máximo.
Isso incluía estar ali quando o carro parasse na posição do vencedor, ignorar os protocolos e disparar até ele. Sua pressa em sair do cockpit me dizia o quanto aquela loucura era recíproca, só me fazia cair mais de amores por Charles Leclerc. A sensação era de ser adorada incondicionalmente, por quem eu era, com todos os meus defeitos e qualidades, sem expectativas, algo que eu só conhecia, dentro da minha família, com meu irmão e minha avó.
O abraço em volta do meu corpo foi o mais apertado de todos. Com pressa, ele me soltou por uns segundos, suficientes para tirar o capacete e me beijar na frente de todo mundo. Foda-se comentários online, nós lidávamos com isso depois. Todas as dúvidas que eu tive ao longo dos meses decidindo dar ou não uma chance a ele? Eu nem lembrava que elas existiam mais.
Até que Charles tomou a decisão que faria o meu corpo inteiro entrar em colapso completo. Ainda usando tudo menos o capacete, ele não hesitou em se ajoelhar à minha frente e me puxar pelo quadril. Os lábios ainda quentes me beijaram por cima da blusa social do uniforme, logo acima de onde o cós da calça começava a apertar.
- Você ficou maluco, Leclerc? - Eu gritei por cima da agitação em volta de nós.
- É pra ninguém nunca mais duvidar de que seus filhos têm um pai. - As palavras saíram confusas, no meio da sua risada. - E de que você tem um companheiro pra valer.
- Russell te contou?!
- Você deveria ter me contado, eu teria te defendido.
- Lidei com a situação bem, Charles, eu não precisava de defesa.
- Não disse que você precisava, sei que você pode tomar conta de si mesma, mas é minha função estar ao seu lado pra tudo.
A equipe nos cercou enquanto ele levantava de volta e me beijava mais uma vez. Eu quase precisei lutar para me separar dele. Afinal de contas, enquanto piloto, a Ferrari ainda era a sua casa, e era com eles que Leclerc deveria celebrar. Eu me afastei o suficiente para olhar a cara de Max tirando o capacete, bufando como um touro mal humorado, a pobre criança de quem tiraram o brinquedinho que era o primeiro lugar.
Integrantes da RedBull estavam já prontos para comemorar com ele e Checo, mais à minha esquerda, quando notei Jos Verstappen no meio deles. Então lembrei. A cerimônia de entrega dos troféus. A organização da corrida ainda tinha mantido a ideia de que os pais dos pilotos deveriam fazer as respectivas entregas. O pai de Max estava ali. O pai de Checo estava ali. Da família de Charles, ninguém apareceu porque tinham outros compromissos e, de fato, ninguém esperava que ele se sairia tão bem naquela corrida.
Aproveitei o momento de distração para puxar Frédéric para o canto. Ele estava extasiado, é claro, um alívio e tanto depois da situação com meu irmão no primeiro treino livre. Ao me reconhecer, o sorriso invadiu seu rosto de vez, suas bochechas deviam estar doendo de tão esticadas.
- Vocês estão esperando um filho?
De tanta coisa, foi nisso que ele prestou atenção?
- Vasseur, quem vai entregar o troféu pro Leclerc?
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Heartbreak Circuit
FanfictionQuando o asfalto fervilha com a adrenalina das corridas, Julia, gerente de mídias sociais da Mercedes, e Charles, piloto da Ferrari, aceleram em direção a um romance cheio de curvas perigosas. Entre o rugir dos motores e os segredos dos bastidores...