Capítulo 15

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Quando o show acabou, eu corri de volta para o aeroporto. Peguei duas pizzas para viagem e embarquei para a capital do México. Entre a Inglaterra e os Estados Unidos, eu dormi majoritariamente. Montei uma pequena estação de trabalho na mesa principal para adiantar um pouco do serviço ao acordar, e foi assim que meu irmão e Leclerc me encontraram ao embarcarem. Chegamos à Cidade do México por volta do meio-dia, horário local.

Carmen estava viajando com George, foi a minha sorte. Ela era espanhola como eu, algo que eu apreciava relativamente. Vez ou outra, precisava do tipo de companhia que ela fornecia. Como o dia era de folga para as equipes, esperei que ela chegasse ao México também para sairmos. Um programa de meninas talvez fosse o que eu precisava.

Ela convidou Lily, namorada de Alex, para se juntar a nós. No final do dia, eu podia gostar ou não do título, mas tinha sido elevada à mesma categoria delas. Lily não era espanhola – muito pelo contrário, era chinesa – mas era igualmente um amor de pessoa e outra companhia adorável. Nós deixamos para trás nossos respectivos namorados e decidimos sair para beber.

Podíamos ter ficado no bar de um dos hotéis em que nós estávamos ficando? Sim, podíamos, mas aí corríamos um maior risco de sermos interrompidas por pessoas direta ou indiretamente envolvidas com nossos namorados. Carmen, então, criou um chat em grupo entre nós três. Decidimos, depois de uma pesquisa rápida, ir para o Colmillo Masaryk.

Nós três sentamos em um sofá de couro preto que rodeava, em forma de U, uma mesa grande o suficiente para oito pessoas, pelo menos. Eu pedi uma margarita de yuzu, Carmen pediu um clericot e Lily, chalmonela. Havia música ambiente em um volume agradável. O cardápio repleto de culinária mexicana não me agradou, então pedi um mac and cheese trufado enquanto as meninas pediram diferentes tacos. Não havia limite para a quantidade de álcool em nossos corpos enquanto a comida não chegava.

– E então, Juli? Como tá sendo se tornar uma wag?

– Um verdadeiro inferno. – Beberiquei o meu drink. – Em todos os sentidos possíveis.

– Problemas no paraíso já? – Carmen perguntou.

– Eu sou da Mercedes e namoro com um piloto da Ferrari, problema é meu sobrenome.

– Deve ser complicado, né? – Lily observou. – A competição na pista, quero dizer.

– Ah, essa parte é bem tranquila. Ninguém acredita, mas eu tenho muito bem definido na minha mente que a minha lealdade, no esporte, é com a minha equipe.

– Mas isso não te impede de comemorar quando seu irmão ou Charles se dão bem.

– Claro que não. – Mais um sorriso meu, mais um gole na minha bebida.

– Sua maturidade sobre o assunto é admirável, Julia.

– É uma vantagem já ser do ramo. – Expliquei. – Viagens constantes e falta de tempo não são coisas que me incomodam no final do dia. E eu já sabia no que eu tava me metendo. O lado bom é ter sempre alguém com quem discutir as estatísticas da corrida.

– Sua cunhada não é interessada nisso?

Ex-cunhada.

– Terminaram ? – Carmen parecia assustada.

– Longa história, mas... Sim, terminaram.

– Você não parece triste com isso. – Lily riu.

– Ainda estou definindo como me sinto a respeito dessa situação.

Carmen apoiou o queixo em uma das mãos. Enquanto ela me examinava, um sorriso astuto iluminava seu rosto.

– Julia, isso aqui não é um evento relacionado à Fórmula 1, então... Desembucha!

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