Voamos para o Brasil em aeronaves diferentes. Não era questão de ter a euforia do começo do relacionamento passando. Era isso também, mas nós ainda tínhamos que trabalhar. Leclerc sabia já, de antemão, que a organização dos fãs para recebe-lo no aeroporto seria enorme, e ele fazia questão de atender as pessoas tanto quanto podia. Por outro lado, viajar com a minha equipe me permitiria adiantar algumas conversas.
Nós chegamos ao novo país por volta da meia-noite da segunda-feira, horário local. Eu tinha mil motivos para amar aquele circuito em específico, principalmente porque era onde George tinha conquistado a sua primeira vitória na Fórmula 1. Brasileiros amavam Lewis e a Mercedes de um jeito especial. Tudo era maravilhoso nesse sentido, facilitava muito o meu trabalho e abria um leque de oportunidades para a minha criatividade deslanchar.
As equipes ficavam em hotéis diferentes, mas todos os pilotos ficavam juntos no Palácio Tangará, um dos mais bonitos que eu já havia visto na vida. O valor das diárias era exorbitante, sim, mas a Fórmula 1 era exorbitante por si só de forma geral. Ficar em um quarto sem Charles, além de tudo, não era mais uma opção. Pelo menos, ali, eu estava perto não só do meu irmão também, como dos meus pilotos. Não tinha um motivo que me fazia repensar a felicidade de estar em solo brasileiro.
O café da manhã na terça-feira foi divertido, no mínimo, porque quase todos no restaurante eram resumidos a pilotos e suas famílias, além de membros do alto escalão das equipes. Todo mundo estava cansado da viagem, claro, mas já era costume. Eu e Charles sentamos na mesma mesa que meu irmão, Pierre, Lando e Oscar. Na maior parte do tempo, eles simplesmente esqueciam que havia uma mulher junto a eles, mas não me importava, não era só com a viagem constante que eu estava acostumada.
Enquanto eu comia, sentia o olhar de Charles excessivamente em mim, mas estava tentando ignorar tanto quanto podia. Assim que passei por tempo suficiente sem colocar nada na boca ou fazer menção de levantar para pegar mais alguma coisa, uma das mãos de Leclerc escorregaram até a minha perna enquanto ele me deu um sorriso sugestivo. Intrigada, eu me despedi de todos que estavam por perto, e nós dois deixamos o restaurante.
- O que você tá inventando?
- Se eu fosse você, colocaria uma roupa confortável.
- Confortável pra quê, Leclerc? - Eu olhei para ele enquanto seguíamos até o elevador.
Alto o suficiente para sabermos que era ali no hotel, o barulho de um helicóptero próximo ecoou pelo prédio. O sorriso brincalhão nos lábios dele pareceu especialmente suspeito. Como Charles sabia o que nós íamos fazer, deixei que ele mesmo vasculhasse minhas roupas e escolhesse o que eu deveria vestir. O que me preocupou foi que ele também apareceu com uma bolsa de viagem pequena.
- Roupas extras. - Leclerc explicou antes que eu perguntasse.
- Quando você pegou roupas minhas?
- Não são suas. Quer dizer... Agora são. - Ele riu. - Carlos me ajudou com tamanho e estilo. Você vai precisar.
Parecia uma ameaça. O frio na minha barriga aumentou quando nós saímos do interior do hotel na direção do enorme helicóptero aterrissado no meio do estacionamento. Carlos saiu logo atrás de nós, com Lando em seu encalço, os dois apertando os passos para nos alcançarem. De dentro do helicóptero, George acenou, com uma mão pequena aparecendo logo atrás dele. Um dos funcionários do hotel ia me ajudar a subir, mas Charles negou e fez o serviço ele mesmo. Alex e Lily estavam já sentados e com seus respectivos cintos afivelados.
- O que diabos você planejou, Leclerc?
- Surpresa. - A risada contagiosa tomou conta do espaço apertado do helicóptero.
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Heartbreak Circuit
FanfictionQuando o asfalto fervilha com a adrenalina das corridas, Julia, gerente de mídias sociais da Mercedes, e Charles, piloto da Ferrari, aceleram em direção a um romance cheio de curvas perigosas. Entre o rugir dos motores e os segredos dos bastidores...