02: Querido?

854 119 20
                                    

Ruan

Ouvi muito sobre a garota que ganha todas as lutas, tanto que fiquei irritado. As pessoas não sabiam falar de outra coisa. Qualquer garota pode se inscrever para brigar também. Pedi para falar com ela e começaram uma confusão. Só queria falar com ela uma vez. Mas aceitaram se fosse uma luta.

Quem gosta de apanhar de mulher paga para lutar também. Mas as apostas diminuem. Sendo com a Veneza, é capaz de ninguém apostar em mim.

— Senhoras e senhores, sejam bem vindos, vocês e seu dinheiro! — Reviro os olhos com o Marcos apresentando as lutas. — Vamos começar a segunda e mais aguardada luta da noite. Façam suas apostas perto do bar.

Espero de costas na lateral do ringue. Onde não tem ninguém. Vincenty está comigo, ele mexe no celular trocando mensagens com alguém enquanto finge me dar apoio emocional.

— Com vocês, a minha esquerda, pesando 42 quilos, com 1,70 de altura. Ela, a invencível, a inabalável, a cidade do caos… — Faz uma pausa traumática. — VENEZA!

Um gritaria e ela entra. Franzina e pequena. Está aí, o motivo da minha curiosidade. Todos gritam seu nome.

— E a direita, com 65 quilos, e 1,90. Ele, o novato suicida. BERGEN!

Subo no ringue sem perder tempo. Fico de frente com a garota. Me espanto ao notar que é a mesma garota.

— Você é o tarado da biblioteca! — Aponta pra mim.

— Não foi bem assim. Aquilo foi em legítima defesa.

— Legítimo defesa? Você envio a cabeça na minha saía, enquanto eu arrumava os livros na estante. — Colocando assim parece que sou um tarado mesmo.

— A namorada do meu amigo tento me matar. Eu te disse. Ela fica muito assustadora brava!

Veneza reviro os olhos.

— Lutem. — O sino toca. Sem dar tempo para falarmos mais.

Ela se afasta indo até a ponta, sem presa. Volta correndo. Usa meu joelho pisando nele e se apoia nos meus ombros em um movimento rápido, passa a perna pelo meu pescoço. Se impulsiona com uma força inesperada me jogando para trás. Não tenho nem tempo de reagir.

Fico perplexo. Ela prendi meu braço entre as pernas e torce:
— Querido, vou te mostrar quem é assustadora!

Há coisas piores do que ter medo. Aurora não é assustadora, mas ela consegue ser quando quer. Viro o rosto sorrindo, talvez eu goste de apanhar de mulher.

— Meu nome é…

— Não me interessa! — Me contorço quando ela ameaça quebrar meus dedos, virando para uma direção que dedos não viram. — Jogue a toalha.

— Nem pensar. Quero conversar um pouco.

— Está achando que isso aqui é uma sessão de terapia? Lamento informar que está no lugar errado.

Trinco o maxilar:
— Não fale comigo assim.

Seguro seu braço antes que ela tente aceitar um soco em mim. Seu tom sarcástico me irrita, não sou um idiota. Uso a força para me soltar. Levanto me livrando dela com dificuldade.

A garota veio para cima de novo. Não dava a mínima, desvio do seu soco rápido. Cambaleio para trás. Pequena e rápida.

— Falo como eu quiser.

— Por que me chamo de querido antes?

— Porque quero você bem, bem longe de mim! — Ando para trás desviando dos seus golpes. Bato na grade ficando sem saída.

— O sentimento é recíproco, não se engane! — Seguro seus pulsos. Ela pula me dando uma cabeçada. Lhe solto, um pouco tonto.

Sua testa sangra. Tem um sorriso torto nos seus lábios. É completamente maluca, disso eu não tenho dúvida.

— Por que está fazendo isso? — Seu pé acerta meu abdômen, levo a mão para a barriga, me curvando. — Por que está lutando? Sou maior e mais forte, em teoria você não tem chance.

— Vá pro inferno, você e a sua teoria!

Não quero revidar. Só quero conversar. Mas ela tem que lutar. É o que ela faz. Mas não entendo porque ela precisa disso. Veio para cima de mim realmente brava, acerto minha bochecha em cheio com um soco. E outro, e outro.

— É a única coisa que posso fazer. Você não entenderia… — desvio do seu golpe fugindo pelo ringue. Ando em círculos. Ainda estou curioso.

— Tente. Me explique. — Cuspo um pouco de sangue.

— Dinheiro. Ganhando ou perdendo, não importa, só quero dinheiro.

Concordo. Ela tem um objetivo. Suas íris são escuras, estão queimando. Sorrindo como se precisasse ver meu sangue exposto para vencer. A garota limpa o sangue da própria testa, se vira indo até a grande.

Ela vem correndo de novo. Me preparo. Mas não estava esperando que tentasse o mesmo golpe. Cai para trás. Grune de dor quando minhas costas bateram no tatame. Me segura firme, em uma chave de braço, usando as pernas para me mandar parado.

— Sabe, você é exatamente como imaginei.

— Está sonhando acordo comigo. Tem certeza que não está se apaixonando? — Seus lábios estão pintados de preto, eles se curvam para cima.

— Isso nunca vai acontecer.

— E se acontecer?

— Te dou 5 mil.

Ela ri alto. Torce meu pulso sem pena. Trinco os dentes aguentando. Ameaça quebrar meu braço.

— Eu, sou a cidade do caos! — Avisa. — Não pode habitar em mim, sou inóspita e isolada. E você está certo, nunca vai acontecer.

Bato no tatame antes que ela quebre meu braço. A garota solta. Ela mal se mantém em pé. Piscando rápido e a ferida aberta. Meu lábio arde. Levanto também, todo dolorido. Marcos aparece de novo levantando o braço dela. Vamos dizer que foi empate, ela está tão acabada quanto eu.

1 a 0 por enquanto.

Garotos cruéis! - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora