27: 5 mil.

388 77 6
                                    


Esther

Cuspo sangue depois de ser atingida por um soco em cheio. Tokyo nunca pega leve quando sua namorada vem assistir, ou quando a luta é comigo, não é agora que vai começar. Para minha sorte, são os dois motivos.

A adrenalina e a incerteza de quem vai vencer é gritante, quando as melhores lutadoras entram no ringue a tensão e as apostas dobram, as pessoas são insanas e elas estão aqui por isso. Nunca gostei de jogos de azar, já que não tenho sorte, mas não tenho problemas em ser um deles.

— Ninguém é tão boa quanto você, não é Veneza?

— O que posso fazer? É da minha natureza.

Ela se irrita. Não é bom se deixar levar pelas conversas. Mas ficar brava com a própria provocação quase me faz pensar o quão influenciável ela pode ser. Andamos em círculos com os braços levantados na altura do queixo, as respirações ofegantes, esperando para quem vai dar o primeiro passo. Quem vai recuar, quem vai hesitar por mais tempo.

Meu maior defeito é a impaciência.

Avanço na sua direção sem aviso, mas ela já estava esperando por isso. Sua postura defensiva é a prova do nosso esforço para não machucarmos umas às outras sem necessidade. Tokyo é forçada a se abaixar para se defender do meu ponho fechado.

Aquela era minha quarta luta na noite, e a sua terceira, o que significava que eu estava muito mais esgotada e cansada, minha respiração pesada denunciava isso. Não parei, fui para cima, até ela recuar e bater na grade. Deixei aquele lado selvagem que não sabe a hora de parar, me controlar como uma marionete.

O resultado: Um monte de hematoma, junto de uma milha de ódio. E eu estou olhando para ela.

Depois do que pareceu uma eternidade do momento que eu pus o pé aqui em diante, finalmente a luta teve um fim. Inesperado, e doloroso. Ela acerto um gancho de direita que me levo ao nocaute, o lugar inteiro fez silensio. Pisco com a visão embaçada enquanto ele canto de trás pra frente.

3, 2…

Levanto, me apoiando na grade e cambaleando como um bêbado. Não me dou por vencida. Desistir não se encontra no meu vocabulário. A multidão comemora, alguns praguejam.

— Você bate igual mulher! — Sorri torto. Ela reviro os olhos resmungando um palavrão.

( … )

O ruivo encara minhas mãos depois o homem no bar ao nosso lado, o clube também tem um bar, e esse bar assim como tudo aqui é dele, o meu pai. Bebo tentando não sentir tanta dor. Ignoro ele, já que sua “supervisão” acontece uma vez por mês.

— Yuna, não vai falar com o seu velho?

Respiro fundo. Esse foi um dos trabalhos que ele me arrumou quando precisei de dinheiro, o dinheiro é dele, mas não diretamente. Por isso a Tokyo me odeia, ela acha que não preciso estar aqui, já que o dono é o meu pai. Mas não é tão simples assim.

— Não, pai, já nos falamos na última conversa. O que há para falar?

— Ah, você é uma filha ingrata, custa dizer oi, e apresentar o seu namorado?

— Deixe ele em paz, não é da sua conta com quem eu saio!

Ruan fica rígido, observa a situação em silêncio, antes de falar:
— Vamos para casa, temos que cuidar desses machucados.

Levanto querendo ir embora mesmo. Ruan acena, e meu pai não protesta. Deixo a bebida de lado e levanto também.

( … )

A fadiga me esgota totalmente. Dormi no carro durante o caminho. Acordei brevemente quando chegamos, Ruan me carrega no colo. Pego no sono rápido de novo.

Pisco. Desperto aos poucos, estou na cama. Ruan tem uma caixa de remédio no colo, ele beija um machucado no meu pulso e depois passa um remédio em spray. Finjo dormir enquanto fico observando entre os olhos ele cuidando de mim.

E quando acaba, fala encarando os pontos roxos.

— Doeria menos se fosse em mim, mas não posso dizer nada quando você parece tão viva e feliz entre aqueles grades de metal, de como sorri mesmo quando sangra. E juro que nunca vi uma mulher tão sexy, suada e cuspindo sangue! — Se levanto, não sem antes dizer. — Pode abrir os olhos agora.

Cubro o rosto envergonhada. Puxo o lençol e tento me enfiar debaixo dele. Ouço seus passos se afastando. Ruan volta, puxa o lençol e segura a lateral do meu pescoço me fazendo olhar para ele. Aqui é a sua casa, não preciso olhar em volta para saber.

Ele ergue um bolo de dinheiro diante dos meus olhos:
— O que é isso?

— 5 mil.

Abro a boca surpresa. Ele disse que me daria 5 mil se ficasse apaixonado por mim.

— Não se sinta forçada a aceitar — não parece estar falando de dinheiro, não, não está.

— Está me dando o seu amor ou uma pilha de dinheiro?

— Os dois.

— Eu só quero isso. — Encosto o dedo no seu peito, onde fica o seu coração. — Mas se quiser me dar o dinheiro, quem sou eu para recusar?

Ele encosta a cabeça no meu ombro, seu peito treme enquanto ele ri. Deixa o dinheiro no meu colo:
— Você não é nem um pouco romântica, sabia? E meu coração fica do outro lado, a propósito!

***

Desculpa, peguei encomenda de desenho e não consegui escrever.
PS: Vou compensar vocês com os próximos capítulos. 🔥

Garotos cruéis! - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora