25: Grupo de apoio.

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Esther

Sento na maldita cadeia, pois aparentemente dessa vez tem uma para mim. A professora da vez é uma mulher, minha professora de artes. E Deus sabe quanto eu preferia ficar doente do que vir aqui hoje, só tenho uma aula com ela e já é mais que o suficiente.

Ruan não está diferente, ele balança a perna:
— Eu não tenho problemas de raiva, não deveria estar aqui.

— Gomes, certo? Pela sua ficha, está em terceiro lugar. — Ela diz bem humorada.

— Viu? Sou eu, quem não deveria estar aqui! — Resmungo com o rosto virado para ele.

— Senhorita Kim, você é a segunda da lista! — A senhora corta o meu barato.

— Quem é o primeiro? — O ruivo estreita os olhos.

Não foi preciso uma resposta quando o loiro entrou com os punhos vermelho e o rosto sujo com um sangue que não é dele.

— Desculpe o atraso. — Fala com educação e um tom respeitoso para a professora antes de se sentar.

— Tem uma sujeirinha aqui… — Ruan avisa o amigo indicando o lugar no próprio rosto. Tento não rir, tento.

— Certo, vamos começar. Como eu estava dizendo, Ruan conte suas últimas experiências agressivas e violentas.

Ele parece pensar.

— Bem, eu bati na bunda dela até ficar vermelha, e depois… — Ele parece pensar quando a professora o interrompe bruscamente.

Cobro o rosto com as mãos, esse filho da mãe me paga.

— Certo, isso não é bem o que… isso não é relevante, então nos fale coisas sem teor sexual e sem piadas. — Ela insiste que ele diga algo.

Ruan revira os olhos:
— Bem, não lembro de mais nada!

Uma chuva de risos me faz querer mata-lo. Eu iria mata-lo, passaria uma semana fazendo greve e mataria ele de abstinência.

— O Ruan não briga com as mãos — Vincenty diz chamando a atenção de todos. — Como ele está fazendo agora, ele usa as palavras, ele manipula as pessoas, começa uma briga e no fim tem dois caras se batendo para provar quem é o melhor, e ele não é um deles. Mas não entenda errado, é melhor se jogar na frente de um carro do que brigar com ele!

O silêncio preenche a sala. Lembro que em seguida é a minha vez e tenho que falar qualquer coisa para poder ir embora logo.

— Quebrei uma garrafa e apontei para uma mulher, em uma festa!

— Isso é um comportamento ilógico e desnecessário quando se tem o diálogo. — Ela argumenta como a dona da razão.

— Eu usei o diálogo, só não foi o próprio para menores de 18 anos. — Meus olhos estão bem abertos. Brinco com a pulseira no pulso. Vim com a minha meia calça arrastão, um short jeans rasgado. Minha blusa de uma banda de rock antiga que eu não conheço, mas que minha mãe me deu de aniversário a 3 anos. — Você não sabe os meus motivos, os motivos de ninguém, isso nem importa.

— Apenas não é justificado.

— Ok, se um cara tentar assediar uma garota, e se a garota aceitar calada porque acerta as bolas dele, não é justificado, e se ela fosse na polícia, e se o delegado ficasse do lado do cara pensando que foi uma briga de casal. Não seria justificado por que você não sabe da história toda ou por que o lado mais fraco tem que ser oprimido?

Se você pensa assim tudo se resume aquilo e ninguém nem percebe. Não tem justificativa para muitas coisas, mas se defender não deveria ser uma delas. Levanto, indo embora sem olhar para trás. Por que tenho mais o que fazer e estou com medo de descontar a raiva que sempre deixo acumular em uma pessoal que tem poder sobre as minhas notas.

Estou sempre com raiva. É óbvio que eu deveria estar aqui. Paro no corredor perto do banheiro feminino. Ruan me alcança em algum momento. Ele tenta se aproximar, me afasto negando.

— O que foi aquilo?

— Não precisa se preocupar, a garota não se importa com justificativas, ela chuto as bolas do cara! — É claro que eu estava falando de mim mesma.

Ele parece mais aliviado. Bagunça os cabelos nervoso.

— Você é um idiota, sabia?

— Desculpe.

— Não quero falar com você agora. Estou com raiva, não quero dizer coisas que vou me arrepender depois.

— Sinto muito.

— Para de falar isso…

O ruivo fica parado no mesmo lugar:
— Se está brava, fique brava, me bata se quiser, e eu sinto muito, mas não vou embora.

— Onde você está com a cabeça? Por que disse o que fizemos no carro para todo mundo? Não quero que me olhem como…

As palavras morrem. Sim, uma puta, uma terrível parte da minha vida, não por mim, pela minha mãe. Sobre uma coisa que eu não tinha escolha e nem poder. Não quero que tirem conclusões precipitadas.

— Eu sei, quando você saiu eu disse a todo mundo na sala que se ouvisse um fofoca se quer sobre o assunto, eles entenderiam porque até mesmo os meus amigos tem medo de mim! — Sua sinceridade me pego desprevenida.

Não somos bons em admitir sentimentos, mesmo os mais simples.

— Eu odeio você! — Ele sorri, cortando a distância e me puxando pela cintura em um abraço. Escondo o rosto no seu peito.

— Como está a sua bunda? — Sua mão pesada acaricia o lugar dolorido. — Você disse que eu podia ficar, não me mande embora. — Sussurra.

— Uma semana sem sexo pra você! — Aviso me afastando. — E se reclamar são duas.

Ele abre a boca em completa indignação.

— E o que mais você vai fazer? Vai se tocar na minha frente? — Resmunga.

— Talvez!

Garotos cruéis! - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora