08: Inimigos disfarçados de amigos.

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Ruan

Assim que descobrimos que alguns caras do time de futebol e do curso de Química, estavam colocando drogas e distribuindo para as garotas juntei todos com a ajuda do Marcos e do Vincenty. O Enzo acabo bebendo, e tinha estimulante sexual.

Arrastados todos para o gramado.

— Deitem no chão de barriga pra baixo! — Mando.

Marcos alinho eles:
— Fiquem juntinhos porque se não vai doer mais.

Vincenty está de olho nas garotas que também ajudaram eles, são 4 ao todo. Estão de salto, ótimo, vai ser bonito de ver. A gentileza do loiro de farmácia sempre assusta as pessoas, ele tem menos noção que o drogado que não para de sorrir.

Um caminho de corpos podres. Mas aparentemente vivos. Me agacho apenas assistindo.

— Uma de cada vez. Façam uma fila!

— Espera. Você não pode fazer isso com a gente… — Uma delas tenta defender todo o grupo.

— E vocês podem drogar todo mundo? — Indago, fingindo uma falsa curiosidade. Pego o isqueiro no bolso, abaixo e levanto a tampa, fazendo um barulho com o metal como se estivesse contando o tempo. — Nós até poderíamos ter dado o fora, chamado a Política. Mas tem gente demais e ninguém iria admitir. No fim não iria passar de um incidente infeliz onde várias garotas seriam violentadas e a culpa seria toda de vocês.

— A gente só aceito para não ter que passar por isso. Você não entenderia. — Se exalta.

— Vamo logo com isso. Não ligo para os seus motivos egoístas. — Já estava perdendo a paciência.

— Vocês não ouviram? — Vicenty empurra a última da fila. Elas cambaleiam para frente andando por cima das costas dos idiotas.

A ponta dos saltos parece ser bem fina. Eles protestam e resmungam, alguns até gritam. Só tô começando. Me pergunto se realmente dói tanto assim. Elas andam por cima deles.

— Ai, ai.

— Desculpa…

— Ai. Tá tudo bem.

— Foi mal.

— É… até que vocês merecem.

A última pisa com força:
— Merecem? É claro que esses escrotos merecem. Isso aqui é pouco. Eles ameaçaram a gente. Só essas duas tapadas que fizeram pelos namorados.

Marcos gargalha. Cada passo seu é firme, com brutalidade. Usá-los como chão parece ante étnico, mas uma coisa sobre a ética que os sites de pesquisa não falam é que senso comum é apenas para quem tem vergonha na cara.E esse monte de lixo no chão não tem nem uma.

— Por favor. A gente não sabia o que era, só o Gael e o pessoal do curso de Química sabiam. A gente só percebeu quando vocês aparecem. Ele disse que não era nada de mais… — o garoto está realmente chorando. — A gente do time nunca faria isso depois que o Enzo entrou, eu juro!

— Verdade. Ele já faz a gente comer o pão que o diabo amasso.

— Calem a boca. Não vamos sofrer sozinhos!

Tinha planejado fazer coisa pior. Entupir apenas os garotos com as drogas e trancá-los em um quarto. E jogar a chave fora. Deixaria as garotas saberem onde estava a chave no outro dia.

Mas mudei de idéia porque daria muito trabalho, não ganho nada com isso, e quero levar a Esther em casa. Ser cruel é uma questão de perspectiva, alguns acham que eu não ganho nada. Mas no fim o medo e a obediência andam de mãos dadas. Já dizia meus tios.

Elas vão de um lado ao outro. Só quando verifico se os hematomas estão roxos o suficiente abando eles.

— Cansei.

( … )

Bato na janela do meu carro. Ela está no banco do passageiro quase dormindo. Consigo chamar sua atenção para que destrave o carro.

Dou a volta e tomo o lugar do motorista. Bato a porta. Seguro o volante conferindo os espelhos. Giro a chave e o carro ganha vida. Dou partida saindo da vaga pública na rua.

Olho de canto. A garota esfrega os olhos tentando ficar acordada. Uma moto segue a gente. Olho pelo retrovisor, é o Vincenty.

— Você pode dormir um pouco. Não é como se eu fosse te atacar.

— Tô de boa. Você consegue dirigir com uma mão só? — Muda de assunto.

— Consigo.

Ela puxa minha mão direita. Me concentro na estrada. Ela ponhe minha mão na sua pele macia. Olho de relaxe. Aperto sua coxa de forma involuntária.

— Estou mais alerta. O toque do inimigo sempre funciona para tirar o sono!

Reviro os olhos. Tento tirar e ela dá um tapa nas costas da minha mão. Ponho de novo. Me concentrar na estrada.

— Eu sou o inimigo?

— Isso é óbvio.

Abri um sorriso. Eu não subiria a mão, não lhe daria motivos para me chamar de tarado. Esperaria que ela me pedisse, me implora-se. Como queria escutá-la pedir. Mas não significa que gosto dela. Os únicos sentimentos que tenho por ela é a atracação e o ódio.

— Docinho, uma coisa sobre a inimizade é fato: você precisa estar perto para saber como ele pensa. Como a sua amiga no banco de trás fingindo estar dormindo.

O clima fico tenso. Estaciono o carro usando as duas mãos, já chegamos na sua casa. Pego a arma atrás das minhas costas, escondia por dentro da calça atrás da blusa.

Destravo e aponta para a garota atrás, entre os bancos. Esther arregala os olhos, tirando o próprio cinto e se afastando.

— Que porra é essa? Por que você tem uma arma?

— Acorda. Eu sei que você não está tão bêbada, e eu sei que está fingindo dormir. Só não sei porque. Não me faça atirar na sua perna.

A garota levanta com os braços para cima. Devagar. Sou extremamente paranoico, e se alguém me dá motivos não gosto de enrolar.

— Paris. Que merda tá acontecendo?

— Seu pai me mando. Disse para você atender as ligações dele. Se não, a próxima visita vai ser de matar. E a sua irmã é uma gracinha.

— Se ele encostar um dedo na minha irmã eu mato ele. Então fala para o papai que estou sem celular. Na próxima semana eu compro um. — Suspira se sentado no banco. — Ruan, abaixa a arma.

Hesito.

— Abaixa, agora!

Faço o que me pede por falta de opção. A garota atrás dá de ombros. A curiosidade sobre o pai dela só aumenta. Alguém capaz de qualquer coisa. Deve ser um monstro.

— Você trabalha para ele?

— Sim. Sou uma guarda costas na verdade.

O Vincenty bate no vidro de repente. Saímos todos do carro.

— Posso dirigir. Já dei o meu recado. — Vai para sua moto. Acena dando partida.

Observamos. A noite foi longa. Guardo a arma. Ando com os documentos e posso usar em legítima defesa. Esther se volta para mim.

— Ruan, você já atiro em alguém?

— Já. Mas nunca matei ninguém.

— Uma vez ele quase atiro em mim. — O loiro fala de repente. — Vamos?

Concordo. Vou na direção do carro. Vou dormir até o meio dia e fazer cachorro quente pro almoço. Uma mão segura meu pulso.

— Espera. Pode dormir aqui?

Garotos cruéis! - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora