epilogue.

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"You can drive, all night Looking for the awnsers in the pouring rain

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"You can drive, all night
Looking for the awnsers in the pouring rain."

A chuva caía intensa do céu iluminado por relâmpagos naquela noite, se tornando difícil enxergar com clareza. O verão era sempre marcado por fortes tempestades no fim de um longo dia quente e úmido. Ela mal conseguiu raciocinar o que estava acontecendo ali. Tão rápido quanto um piscar de olhos, alguém entrou no meio dos dois, e assim como veio, se foi. Correndo pela chuva, sem olhar para trás. E a única coisa que podia ver, era o tom de vermelho escarlate começando a formar uma grande mancha na camisa branca que seu companheiro usava.

Ela não teve reação a não ser arregalar os olhos. Quis gritar, entretanto, a voz parecia presa a garganta. O platinado a olhou com ternura, como se dissesse que estava tudo bem. Bastava um olhar para que eles se entendessem. Tem sido assim desde que trocaram as primeiras palavras.

Sentindo as pernas vacilarem, o guarda-chuva que abrigava ambos, escapou de sua mão e acabou sentando-se no chão, ali mesmo na calçada. Droga, estava tonto. Ainda que a dor latente irradiando de seu abdômen lhe incomodasse e seus sentidos não funcionassem da forma que deveriam, estava estranhamente em paz. Se este era o fim, ao menos, ela estava ali.

Era completamente apaixonado por cada traço que a compunha. Sejam os lábios carnudos e bem desenhados ou o nariz levemente arredondado que ele sempre achou uma graça. Até mesmo o temperamento explosivo e irônico que muitas vezes o tirava do sério, agora para ele era algo do qual não podia viver sem. As pessoas pensam cada coisa nessas horas... Riu consigo mesmo.

— Satoru...

A voz dela. Agora, não passava nada além de um suspiro distante para ele, quase inaudível. Mas isso não importava, uma vez que não havia nada que amasse mais no mundo do que ouvir seu nome saindo da boca dela. Não pôde conter que um leve sorriso se formasse no canto de seus lábios. Ainda que seu tom de voz fosse pesaroso, era o timbre mais angelical e doce que já ouvira em toda existência de seu mísero ser. Ela o segurava em seus braços e com muito cuidado, o encostou em uma parede para que pudesse ter algum apoio.

— Saori... - se esforçou para conseguir falar. À essa altura o ar havia se tornado rarefeito. - Você definitivamente fica feia demais fazendo cara de preocupação.

Ela foi capaz de formular ao menos uma dúzia de respostas ríspidas que gostaria de dar a ele, entretanto, não teve forças o suficiente para proferi-las. Ao invés disso, sentiu os olhos arderem e as lágrimas que tanto evitou, rolarem incansavelmente por suas bochechas. Agradeceu a chuva daquela noite.

— Seu idiota. - Riu, sem graça. Agachou na frente dele, sabendo que naquele momento, também não tinha forças para se manter em pé. - Vou chamar uma ambulância. Você vai ficar bem.

Ele impediu que ela pegasse o celular. Saori o olhou confusa.

— Se continuar a ser tão gentil... - ele deu uma longa pausa. A dor agora parecia estar em todo seu corpo. Estava começando a ficar frio. - Vou começar a achar que realmente se importa comigo.

Ela bufou. Teimoso até em uma hora dessas!

— Não é hora de bancar o herói, deixa de ser estúpido.

— Está tudo bem, Saori. Estou feliz que tenha sido eu e não você. - Ele sorriu abertamente. Ao contrário dela, ele era como o próprio astro rei em um dia ensolarado. Sempre irradiando uma linda luz cativante.

— Você realmente é um dramático, não?

— Sou um amante incompreendido. O grande Satoru Gojo precisa de seu grand finale.

A chuva começou a cessar naquele instante. Ela secou rapidamente os olhos, não queria que ele a visse chorando. O brilho dos olhos azuis que tanto fascinavam Saori, ia lentamente deixando suas orbitas, se tornando cada vez mais difícil mantê-los abertos.

— Você é um grande imbecil prepotente com o maior ego que eu já conheci na vida, isso sim. Me deixa chamar logo a porra de uma ambulância, seu branquelo de merda! - Seu tom de voz era embargado de angústia e de um desespero que ela jamais experimentara. O gosto amargo que se formava em sua boca, deixava tudo ainda mais intragável. - Não é possível que você seja tão orgulhoso a esse ponto, Satoru.

Agora ela gritava. Gritava porque tinha raiva. Raiva da pessoa extremamente egoísta que era Satoru. Ela sabia o porquê ele estava fazendo isso. Mas ela não queria que ele o fizesse, será que ele ao menos havia se colocado no lugar dela? Como ela levaria os dias dali para frente?

Ele apenas sorriu calorosamente, como sempre fez quando queria acalmá-la no meio de uma discussão.

— É a segunda vez que me chama pelo nome em menos de cinco minutos. Acho que você se importa um pouco comigo no final das contas.

Saori bufou novamente e se deu por vencida. Sabia que quando Satoru colocava algo na cabeça, nem ela mesmo podia ser capaz de persuadi-lo a fazer o contrário. Um teimoso desgraçado. Irritada, ela tirou a carteira de cigarros do bolso de sua calça, levou um palito a boca e acendeu.

O cheiro incomodava Satoru e a fumaça fazia com que seus olhos ardessem. Se estivessem em condições normais, essa seria a hora que começariam a discutir porque ele definitivamente não suportava esse mal hábito dela. Mas decidiu não reclamar. Não hoje. Sabia que sentiria falta até mesmo dessas brigas para que ela largasse o cigarro.

— Isso ainda vai te matar um dia. - Disse ele, entre um suspiro e outro. - Esperarei pacientemente por você até esse dia chegar.

— Idiota... - Foi tudo o que conseguiu dizer. As lágrimas voltaram a rolar, insistentes, mas ela já não se importava mais que ele a visse chorar. Queria que ele estivesse ali amanhã para caçoar dela por isso.

— Até esse dia... Tenha uma boa vida, Saori.

𝕮𝖎𝖌𝖆𝖗𝖗𝖊𝖙𝖊 𝕯𝖆𝖞𝖉𝖗𝖊𝖆𝖒𝖘 • Satoru Gojo.Onde histórias criam vida. Descubra agora