mr. loverman.

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"The ways that you say my name, have me runnin' on and on."




Chapter Twenty-Two – Mr. Loverman.

O tempo começava a esfriar cada vez mais na metrópole japonesa. As ruas, antes vibrantes e cheias de vida, agora estavam tingidas com um tom cinza, refletindo o céu nublado e ameaçador. As árvores, despidas de suas folhas, estendiam galhos nus em direção ao firmamento, como que implorando por um calor que há muito se fora.

O vento gélido soprava impiedosamente, cortando a pele dos poucos transeuntes que ainda se aventuravam pelas calçadas escorregadias e molhadas. Ele estava entre eles, caminhando sem pressa, com os passos arrastados e a expressão vazia. Vestia apenas uma camiseta fina e calças jeans desgastadas, absolutamente inadequadas para o clima rigoroso. Seus braços cruzados, não em busca de calor, mas por pura inércia, estavam repletos de arrepios visíveis, porém, ele parecia alheio ao desconforto.

Cada rajada de vento lhe atingia como lâminas, fazendo suas orelhas queimarem e suas mãos perderem a pouca cor que ainda tinham. Seus lábios estavam rachados, e o vapor de sua respiração formava pequenas nuvens que se dissipavam rapidamente no ar gelado. Contudo, ele não reagia; seus olhos, fixos no horizonte indefinido, estavam opacos, refletindo uma apatia profunda.

Àquela altura, ele não era capaz de sentir absolutamente nada. Nem o frio cortante, nem a umidade que começava a penetrar sua roupa.

Quando finalmente chegou à sua casa, os dedos rígidos e insensíveis lutaram para encontrar a chave no bolso. A porta se abriu com um ranger suave, e ele entrou, deixando atrás de si o mundo gelado e impiedoso lá fora. A casa estava silenciosa e fria, refletindo o vazio que sentia por dentro. Cada passo reverberava pelas paredes, como se a solidão ali fosse quase palpável.

Ele se arrastou até o banheiro, suas roupas encharcadas fazendo barulho ao tocar o chão de cerâmica. Sem se dar ao trabalho de retirar completamente as roupas, ligou o chuveiro, desejando desesperadamente que a água quente lhe trouxesse algum conforto, alguma sensação que o tirasse daquele torpor.

A água começou a correr, primeiramente fria, depois morna, e então quente, queimando sua pele já gelada. Ele deixou que o fluxo caísse sobre sua cabeça, os olhos fechados, sem se mover.

Suguru Geto sentia que tudo aquilo que construiu durante anos à fio com tanto afinco, estava prestes a ruir como um frágil castelo de cartas. Agora, debaixo daquele jato incessante de água, ele sentia o peso das decisões que tomara, das escolhas que o levaram a este ponto.

O vapor preenchia o banheiro, embaçando o espelho e obscurecendo a visão ao redor, mas nada disso importava. Tudo o que ele conseguia ver eram os fragmentos de seus sonhos e ideais desmoronando diante de si. Cada gota que caía parecia carregar consigo um pedaço de sua determinação, de sua esperança. Era como se a água estivesse lavando não apenas a sujeira de seu corpo, mas também as últimas vestes de sua fé.

Finalmente, ele desligou o chuveiro, a água parando de cair com um gotejar que parecia ecoar sua própria desesperança. Envolvido em uma toalha, ele se sentou no chão frio do banheiro, abraçando os joelhos, tentando encontrar algum resquício de calor, de conforto. Mas o vazio permanecia, um abismo dentro de si que a água quente não conseguira preencher.

Geto nunca fora uma pessoa comunicativa e nem mesmo amorosa, e sabia bem disso. Desde pequeno, ele sentia uma dificuldade quase intransponível em se abrir para os outros, preferindo a solidão de seus pensamentos à companhia de outras pessoas. Essa barreira emocional o acompanhou ao longo da vida, tornando-se uma característica marcante de sua personalidade.

𝕮𝖎𝖌𝖆𝖗𝖗𝖊𝖙𝖊 𝕯𝖆𝖞𝖉𝖗𝖊𝖆𝖒𝖘 • Satoru Gojo.Onde histórias criam vida. Descubra agora