POV Ana Carla
- Então a senhora se formou no Brasil em Pedagogia e Educação Especial?- perguntou o diretor Lucas Alfreed, gestor da Los AngeleHight School.
Assenti com um sorriso, minha formação era o meu maior orgulho.
- Isso mesmo.
Lucas continuou olhando meu currículo em seu tablet.
- Você tem 11 anos como educadora...- ele ergueu os olhos para mim.
Lucas era um homem bonito.
Não parecia ser muito mais velho do que eu, talvez tivesse uns 40... Sendo que eu tinha 37...
- Sim.
- Bom...- ele sorriu para mim.- Eu não vejo como não lhe dar essa vaga, Senhora Hold. Seja bem vinda ao nosso corpo docente.
Apertei sua mão sentindo orgulho de mim mesma.
Quem diria que a Ana Dj acabaria como professora, hein?
Lucas me levou para conhecer a escola, o típico colégio de filme americano. Eu lecionaria na turma dos meus filhos, acompanhado uma adolescente da mesma idade deles que tinha um laudo de TEA( Transtorno do Espectro Autista) Nível 3.
- Ela é bem assistida pela família?- perguntei observando alguns adolescentes pelo corredor de armários de metal.
- Ela é filha de um ator e produtor muito famoso e a mãe é cantora e modelo. O pai parece ser muito mais envolvido na rotina dela, a mãe viaja muito a trabalho.
Paramos em frente à uma sala de aula.
- Ela tem frequentado as aulas mesmo sem professora?- perguntei.
- Não, mas ela faz sessões com a fonoaudióloga da nossa instituição.- disse dando duas batidinhas na porta. Lucas me olhou antes de abrir a porta.- Ela costuma ser um pouco agressiva.
Assenti enquanto entrava.
No ambiente lúdico,sentada no chão sobre um tatame azul, estava uma menina linda mexendo numa pilha de peças de encaixar todas na mesma cor de azul Royal.
- Rachel está é Ana Carla, - Lucas disse,chamando a atenção da mulher baixa,de cabelos castanhos sentada atrás da mesa um pouco afastada da menina.- a nova professora da Ellie.
- Muito prazer.- falei já colocando minha bolsa sobre a mesa.
- Ela é toda sua.- Rachel disse e sua fala,apesar de ser num tom divertido, não me passou segurança nenhuma. Era mais um desdém.
- Tenha cuidado, Ana.
Ignorei o aviso de Lucas e tirei meu sapato.
Observei que existiam ao seu redor vários tatames coloridos, mas apenas os azuis estavam encaixados.
Devagar me sentei no tatame na frente dela, com as pernas em posição de índio como a dela. E esperei.
Ellie posicionava todas as peças em linha reta e depois mudava a ordem.
Ao meu lado direito tinha um balde azul cheio de peças de encaixar coloridas,peguei uma vermelha e coloquei no meio das azuis na sua frente.
Pude ouvir o ofego de Rachel na porta da sala quando Ellie parou com a mão no ar, olhando fixamente para a peça intrusa na sua fileira de peças azuis.
Ela não olhou para mim, mas começou a sacudir as mãos e a produzir um som gutural, seguida de um ranger de dentes.
- Ela não fala.- disse Rachel e eu quase rolei meus olhos, mas tinha algo mais importante ali.
Tirei a peça vermelha da sua frente e segurei na palma da minha mão.
Num rompante Ellie ergueu o rosto para mim, os olhos desfocados e o som gutural aumentando.
Procurei seu olhar até que ela passou seus olhos por mim e eu me perdi.
Eram lindos olhos azuis. Quase beirando para o verde.
Ela era perfeita.
O cabelo louro, o nariz com a pontinha arrebitada, os lábios finos e o queixo quadrado.
Linda.- Oi, Ellie.- Falei sorrindo mais por reflexo do que por intenção.
Ela não me olhou e não me respondeu, obviamente.
Apenas empurrou minha mão para longe, querendo fugir da peça vermelha.
À observei melhor.
Seu cabelo estava bagunçado, sua roupa azul tinha pequenas gotículas de molho... suas meias era com listras azuis.
Era uma das características do TEA, fixação por objeto e por cores.
Fiquei uns bons 20 minutos observando ela na sua própria dinâmica até que me levantei.
- Ela é linda.- falei admirada.
- E brava.- observou Rachel.- Culpa do pai dela que protege demais
Preferi não comentar.
- Aqui está tudo o que você precisa saber sobre a sua aluna.- Peguei a pequena pastas com os relatórios.- Ana preciso te alertar de que a mãe de Ellie não é uma pessoa fácil de lidar. Diferente do pai dela que aceita e busca ajudar a menina, a mãe se recusa a colaborar e a aceitar a condição da filha.
Não era tão incomum assim, pensei comigo. No Brasil o que mais tinha eram pais relapsos a condição de seus filhos e não só com crianças com CID específicos.
- Eu já lidei com esse tipo de situação.- falei abrindo a pasta e passando os olhos pelo relatório.- Ellie W. P.
- Sim, Ellie Watherhouse Pattinson.
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ROBERT PATTINSON | A MINHA MELHOR AMIGA
FanficRobert e Ana se conheceram por acaso em 2013, num momento em que o ator passava pelo momento mais vulnerável da sua vida. Depois de uma noite divertida e interessante os dois passaram de desconhecidos a melhores amigos. Ana acompanhou ele ao longo...