Capítulo 1 - Barcelona

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— Você está bem?

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— Você está bem?

Parei de dobrar as minhas roupas e deixei minha calça sobre a cama, arqueando a sobrancelha e encarando a Maya pela tela do meu iPad. Ela já está me encarando com o cenho franzido e um olhar claramente preocupado. Ótimo.

Se algum dia tiver a oportunidade, jamais apoie sua irmã a fazer faculdade de psicologia, jamais! É um aviso. Se você quer ter paz na sua vida e poder esconder as coisas, impeça.

— Estou bem, por que não estaria? — Forço uma risada.

Péssima escolha, Nicholas, péssima escolha.

Engulo em seco quando a vejo cruzar os braços na altura do peito, se afastar da câmera e encostar na cadeira. O olhar dela continua em mim, ela sequer pisca. Aquela pose dela me intimida, e muito.

— Maya, qual foi, eu estou bem... — Suspiro cansado.

Puxo minha cadeira e sento na frente do iPad. Apoio minha mão direita sobre o meu rosto e inclino minha cabeça um pouco para o lado, vendo minha irmã balançar a cabeça e se aproximar do seu rosto da câmera. Por instinto, vou para trás, mesmo sabendo que ela não pode apontar o dedo na minha cara.

— Você está mentindo.

— Por que acha que estou mentindo?

Nicholas, eu estou há... — Seus olhos se movem. — Cinquenta minutos em ligação com você, e você mal falou nada. Eu não paro de reclamar e você nem mandou eu calar a boca. Você não está bem.

Dou um sorrisinho.

— Posso mandar você calar a boca agora?

Hahahah. — Maya me olha com tédio. — Sabe que se me mandar calar a boca eu apareço aí só pra dar uma na sua cara.

— Eu sei. — Assinto. Não era mentira.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. O pozinho de borracha na minha escrivaninha era mais interessante do que olhar para a minha irmã e saber que ela estava me avaliando de todas as formas possíveis.

É o que? Barcelona, Manu, Gavi... Alguém? — Ela pergunta confusa.

— Nada, Maya, eu estou bem. Só é estranho voltar depois de tudo, sei lá... — Dei de ombros.

— Nós já conversamos sobre isso, Nick.

"Eu sei, pelo menos umas vinte vezes nos últimos anos".

É o que eu penso, mas não digo nada. Não posso julgar minha irmã por se preocupar e querer saber como eu estou. Ela é a minha irmã mais velha e a pessoa que me criou, estranho seria se ela não se preocupasse.

Como os meus pais.

Suspiro novamente, massageando a minha testa e tomando coragem para olhá-la. Seu olhar de psicóloga sumiu, e agora o olhar que eu encontro é o olhar de irmã mais velha. O olhar que eu sempre procurava quando dava algo errado ou algo acontecia. Quando eu sentia medo ou apenas queria um conforto. Foi o olhar dela que eu procurei em 2019, mas o que eu encontrei naquele ano foi apenas dor, tristeza e culpa. Ela não era a culpada, mas minha mãe fez com que ela achasse que sim. Não foi ela que pediu para a Mariah e os amigos fazerem parte do nosso grupinho de amigos.

solárium || nick & solOnde histórias criam vida. Descubra agora