Capítulo 31 - Impulso

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De todos os trabalhos que tive nos últimos meses, nunca pensei que viraria babá de cachorro

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De todos os trabalhos que tive nos últimos meses, nunca pensei que viraria babá de cachorro.

Devia parar de pensar que "aí isso não é possível", quando na verdade, sim, pode ser bem possível. Enquanto Manu e Gavi estavam aproveitando em Mallorca, eu tinha a missão de cuidar do Olls que graças ao Arthur, estava passando mal.

Antes dos dois irem viajar, Manu me disse que o Arthur tinha dado chocolate pra ele e agora o cachorro estava passando mal. Ela pediu para que eu olhasse ele enquanto eles estivessem fora, já que a Rosa estava de folga, Maya e Brad trabalhando e o Nick não parava em casa.

Enfim, o que eu não faço por ela, não é mesmo?

Cheguei na casa da Maya e do Brad com a chave reserva que a Maya sempre deixa comigo. Era a primeira vez que eu cuidava do Olls, e mesmo estando naquela casa diversas vezes, hoje havia algo diferente no ar. O silêncio da casa era quase palpável, como se todo o barulho habitual tivesse sido sugado para um vácuo. Não havia a risada contagiante da Maya ecoando pelos cômodos, nem o som distante de uma música tocando ou os passos apressados do Brad, as crianças correndo para todos os lados, Gavi me perturbando e a Manu e o Nick sempre se provocando. Era só eu, o Olls, e o eco dos meus próprios pensamentos.

— Olls, cadê você, grandão? — Chamei assim que entrei, deixando minha bolsa na mesa da entrada.

Em questão de segundos, ouvi o som característico das patinhas no piso de madeira, seguido pelo focinho gelado do Olls esbarrando na minha perna. Ele apareceu na minha frente, com aquele olhar meio perdido, meio curioso, que sempre me fazia rir.

— Oi, campeão. Como você tá, hein? Melhorou daquela presepada que o Arthur te fez passar? — Perguntei, me abaixando para fazer carinho nele.

Ele me olhou com aqueles olhos castanhos, grandes e expressivos, como se realmente estivesse me entendendo. Era reconfortante, de certa forma, ter aquele olhar fixo em mim, como se tudo estivesse bem no mundo.

— Acho que sim, né? — Continuei, rindo baixinho ao perceber que estava conversando com um cachorro. — Mas olha, só não vai me aprontar outra dessas, viu? Senão quem vai precisar de ajuda sou eu. Seus pais são uns desnaturados de deixar você aqui sozinho e irem viajar né?

O peguei no colo, sentindo uma lambida em meu rosto, me fazendo rir. Afundei no sofá da sala, o Olls se aninhando ao meu lado, e o silêncio voltou a me envolver. Era estranho estar ali sozinha. Não era apenas a ausência física de Maya e Brad, das crianças, dos gêmeos e do Gavi, mas algo mais profundo e perturbador. Havia um vazio que parecia seguir cada um dos meus passos, uma sensação de que algo estava fora do lugar.

Desde que as coisas entre mim e o Nicholas desmoronaram, parecia que o silêncio se tornou a nossa única forma de comunicação. Nós continuamos não nos falando, e, honestamente, mal consigo lembrar a última vez que tivemos uma conversa de verdade. Daquelas conversas que faziam o tempo parar, onde nada mais importava além do que estávamos dizendo um ao outro. Agora, o tempo só parece correr, levando a gente em direções opostas, cada um mais perdido do que o outro.

solárium || nick & solOnde histórias criam vida. Descubra agora