Decepção familiar

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La Push

Lena passou a noite em claro, os pensamentos voltados para a mãe que nunca conheceu. Quando o dia finalmente amanheceu, o clima chuvoso e frio não a afetou devido à sua elevada temperatura corporal. Sentindo-se inquieta, decidiu ir até o quarto do pai, buscando qualquer pista sobre a mulher que a trouxe ao mundo.

Ao abrir a porta, observou o interior do quarto. Ela ainda não havia tido coragem de limpar o espaço, talvez por pura preguiça, ou talvez por algo mais profundo que nem ela conseguia identificar.

A poeira acumulada no ambiente fez com que espirrasse algumas vezes, mas Lena ignorou, determinada a encontrar algo. Começou sua busca na cômoda do pai, onde encontrou apenas algumas fotos antigas, mas nada que pudesse ajudá-la a descobrir mais sobre sua mãe.

Em seguida, dirigiu-se ao guarda-roupa, explorando cada canto, na esperança de encontrar algum fundo falso, algum segredo escondido, mas sua busca se revelou infrutífera.

De repente, ouviu passos na porta da sala. O cheiro inconfundível de Embry preencheu o ar, e logo ele estava ali, ao seu lado.

_ Amor? - a voz suave dele a chamou, enquanto ele entrava no quarto, curioso. - O que você está fazendo?

_ Procurando algo que me leve até a minha mãe - respondeu, sem desviar o olhar de sua busca.

Embry se aproximou, os olhos cheios de compreensão.

_ Quer ajuda? - ele perguntou com um tom gentil.

Lena assentiu, e Embry começou a vasculhar algumas caixas empilhadas no canto do quarto. Lena continuou a explorar o guarda-roupa, revisando bolsos de sobretudo, até que finalmente encontrou algo.

_ Embry... é uma carta! - ela exclamou, a voz carregada de surpresa e hesitação.

Embry se aproximou rapidamente, e Lena, nervosa, entregou a carta a ele.

_ Não tenho coragem de abrir... - murmurou, as mãos trêmulas.

Com um olhar firme, Embry abriu a carta e começou a ler em voz alta, enquanto Lena se sentava na cama, o coração acelerado.

"Thomas, 
Não quero saber dos SEUS filhos, eu não os aceitei, eu não sou a mãe deles! Eu só tenho uma filha! Não me procure mais. 
Sei que Lena é talentosa e Yan é um artista, mas sinceramente, eu não tenho um pingo de amor por eles. E não quero saber nada relacionado a eles. 
R.D"

As palavras cruéis cortaram Lena como uma lâmina afiada, e as lágrimas começaram a escorrer por seu rosto. O soluço que emergiu de sua garganta foi profundo e dolorido, a rejeição da própria mãe era uma dor que ela nunca havia experimentado antes.

Embry, ao perceber o estado de Lena, deixou a carta de lado e se aproximou dela, envolvendo-a em seus braços fortes. Ele não disse nada, apenas ficou ali, ouvindo o choro angustiado da mulher que amava.

_ Ela... ela... - Lena tentou falar, mas as palavras falharam.

_ Shhh - Embry murmurou, acariciando seus cabelos com ternura.

Depois de um momento, ele se afastou ligeiramente, limpando as lágrimas de Lena com a mão e lhe oferecendo um sorriso reconfortante.

_ Você é incrível, Lena. Se ela não quis te conhecer, quem perde é ela - disse, com convicção. Em seguida, beijou seus lábios e, depois, sua testa, antes de puxá-la gentilmente para fora do quarto.

Enquanto caminhavam para fora, uma nova ideia começou a se formar na mente de Lena.

_ Então ela ainda está viva... aquela carta foi escrita há dois anos... - sussurrou, pensativa.

_ Lena - Embry começou, a voz cheia de preocupação. - Cê acha prudente procurar por uma pessoa que não quis você? Que te abandonou?

Ela sabia que Embry falava por experiência própria. Ele também fora abandonado pelo pai e nunca quis saber nada sobre ele, nem ao menos sabia quem ele era. O conflito interno de Lena era evidente, e as lágrimas que ela tentava segurar começaram a cair novamente.

Mesmo assim, a necessidade de respostas sobre sua mãe e sobre a irmã mais nova, da qual tinha acabado de tomar conhecimento, a impulsionava.

Será que essa irmã sabia da existência deles? Será que nem sequer conhecia seus nomes? Lena se sentia ingênua, tentando imaginar um cenário em que sua mãe contasse a verdade para a filha mais nova. Sabia, no fundo, que se a mulher que a trouxe ao mundo não quis saber de Lena e Yan, dificilmente teria revelado algo para sua outra filha.

Embry percebeu o tumulto de emoções em Lena e a guiou até o sofá da sala. Ele se deitou, puxando-a para que repousasse a cabeça em seu peito.

_ Anjo - ele murmurou, a voz suave. - Esquece essa mulher. Eu não suporto te ver assim.

_ Desculpe... - Lena sussurrou, limpando as lágrimas.

_ Eu sinto muito, amor. Queria que as coisas fossem diferentes para você e Yan - disse Embry, apertando-a em seus braços, tentando transmitir todo o seu amor e apoio.

Lena assentiu, tentando encontrar conforto no calor do corpo de Embry. Ele começou a fazer um cafuné suave em seus cabelos, enquanto cantarolava uma canção da tribo, a melodia baixa e reconfortante.

A combinação da voz dele e o carinho em seus cabelos acalmou Lena aos poucos. Não soube exatamente quando, mas acabou adormecendo, envolta na segurança que Embry lhe proporcionava, afastando momentaneamente as dores que a verdade sobre sua mãe havia causado.

Notas finais
Reescrito em 25/08/2024

Oque acharam? Adoraria saber.

Beijinhos 💜

Between Wolves and SecretsOnde histórias criam vida. Descubra agora