Way Down We Go [TWD]

4. the worst sight I've ever seen.

Seus lábios estavam separados em um "O" perfeito assistindo ao escândalo no meio da rua, junto a um círculo de outras pessoas que faziam o mesmo, enquanto Rick e o marido de Jessie tentavam matar um ao outro com as próprias mãos. Esme impulsionou o corpo, quase indo para dentro da briga para ajudar Rick quando viu Jessie ser acertada por Pete ao tentar separá-los. Mas Carl segurou o pulso de Esme, chamando sua atenção.

Todavia, Carl sabia que, agora que Rick tinha tomado vantagem era capaz de matar Pete e tentou impedir a possível tragédia da mesma forma que Jessie tentou. Carl tentou segurar o pai lhe dizendo que parasse, e tomou um empurrão que o lançou metros para trás. Esme o abraçou. O julgava apenas um garoto, e nenhum garoto precisava ver quão violento podia ser o pai. Esme também não estava certa de que podia fazer algo mais intenso para ajudar: tinha quase certeza que se tentasse se colocar no meio do acesso de raiva daqueles dois, seria apenas outra a ser golpeada de forma gratuita e sua ação seria em vão.

Deanna estava ali pedindo que parassem com aquilo, e Rick discursava de uma forma tão sincera, tão honesta... Que já estava começando a dizer absurdos. Esme suspirou aliviada quando Michonne apareceu, nocauteando Rick e só assim encerrando tudo aquilo.

Secretamente, achava bem feito para Pete. Achava até pouco, na verdade. Mas infelizmente, isso inutilizava todas as horas de conversa entre Carol e Esme sobre os meios discretos e eficazes de resolver a situação. Agora, as consequências viriam para Rick na forma de uma reunião para as pessoas da comunidade darem suas opiniões sobre o ocorrido, com base nas idéias rasas e mal formadas que tinham sobre Rick até agora.

Esme tinha vários motivos para não comparecer naquela reunião, e estava esperando que ninguém desse pela falta dela.

Um de seus motivos foi não conhecer Rick a tanto tempo assim, e embora fosse grata e tudo mais, não tiraria disso argumentos suficientes para defendê-lo. Especialmente com Deanna lá, pronta para desmascarar Esme se inventasse demais por ele.

Com isso, se enfiou na enfermaria: Sabia o suficiente para vigiar o sono de Tara e trocar os curativos dela se necessário. Foi o que fez, e logo ficou entediada com o silêncio, a falta do que fazer a incomodava. Não era como estar o tempo todo alerta lá fora, ou escutando conversas na comunidade. Era só silêncio, em um lugar seguro. Não poderia a aborrecer mais. Para passar o tempo, tirou o lenço do pescoço e ficou em frente ao espelho, encarando os hematomas em seu pescoço pálido pelo reflexo. Os avaliou cuidadosamente, e ficou feliz ao concluir que estariam bons logo.

...

Naquela mesma noite, alguém tinha esquecido o portão aberto, ou o feito de propósito, e Rick teve que matar pelo menos três zumbis que entraram em Alexandria por causa disso. Isso deixou alguns dos alexandrinos em pânico. Naturalmente, já que em sua maioria, aquelas pessoas nunca tinham precisado enfrentar um zumbi, e agora tinham sido pegos de surpresa por três deles dentro dos muros, que por sorte, não feriram ninguém.

Então, essas coisas e o surto de Pete ao matar o marido de Deanna na frente de todos durante a tal reunião, levando Rick a matá-lo, se somaram e trouxeram o perdão do xerife. Na verdade, até parecendo conferir mais respeito e mais autoridade a ele agora como brinde, o que fazia com que não tivesse sido tudo um caso perdido, por sorte. Por pura sorte, a estadia do grupo em Alexandria parecia garantida agora.

Nos dias que se seguiram, isso incentivou Esme de alguma forma. Também estava pensando em algo que Carl tinha dito em outra ocasião, sobre a possibilidade de esquecerem como eram antes e se tornarem inúteis no mundo real, o mundo fora de Alexandria. Afinal, o motivo de terem sido recrutados para a comunidade era sua sabedoria e experiência sobrevivendo lá fora. Se ficassem acomodados com aquela vida segura e normal, o que seria deles? Perderiam a utilidade e seriam descartados?