O mundo acabou em 2010.
Mas, alguns humanos, haviam se negado à extinção. A maioria a essa altura já deveria ter enlouquecido tentando se manter vivo enquanto os mortos estavam andando, tentando devorá-los. Supunha-se que, aqueles que restaram, entendiam que viver em grupos era muito mais seguro, uma vez que os próprios mortos-vivos não andavam sós. Claramente não eram todos que encontravam pessoas com ideais parecidos o suficiente para formar um grupo ideal, era óbvio. Além disso, era difícil viver o bastante para encontrar outros. Especialmente outros que não fossem te matar só para levar suas armas ou simplesmente a sua comida.
Ninguém sabia como exatamente aquilo tinha começado: em algum momento, simplesmente começou a acontecer, até o momento em que se tornou um problema em massa, sem solução. E agora, parecia irreversível.
Os fios curtos e finos que crescem ao redor da linha do cabelo grudavam no rosto suado enquanto ela caminhava, cansada depois de vários quilômetros fugindo em diferentes ritmos de caminhada.
Podia parecer estúpido, mas do ponto de vista dela, não carregar uma mochila faria com que ninguém quisesse roubá-la, por aparentar não ter nada, além de deixá-la menos cansada quando tivesse que correr. Carregava uma faca na cintura e um cantil com água, pendurado no pescoço dolorido por uma alça. Era tudo que tinha, e só o que precisava.
Na verdade, ainda precisava de roupas limpas ou uma coberta para passar a noite. Um teto seria bom também, e comida era indispensável. Porém, o celeiro alguns metros a frente poderia resolver alguns de seus problemas, se tivesse sorte.
Vinha se mantendo fora das estradas, por onde geralmente passavam as manadas de mortos-vivos ou outros sobreviventes. Por estar sozinha e pouco armada, era mais seguro ser furtiva e as matas ao redor das estradas lhe ajudavam com isso.
Tudo que encontrou foi uma arma de fogo e uma morta-viva ao lado. Puxou sua faca e deu um golpe misericordioso na cabeça dela. Depois disso, seus ombros caíram em um suspiro decepcionado. Sua mira era terrível, não tinha utilidade levar aquela arma, além é claro do barulho que um disparo fazia. Se virou e saiu do celeiro, dando uma volta pelo exterior ao redor, verificando se ainda podia encontrar algo útil.
Nada.
Continuou na trilha de terra e folhas secas, se deparando com um homem sentado sob uma árvore, muitos metros a frente. Ele tinha cabelos compridos, barba, um cigarro na mão. Parecia um motoqueiro de gangue, daqueles sujeitos assustadores. Estava pronta para contornar o caminho ou puxar sua faca, se necessário, mas ele mal pareceu se importar com ela enquanto ela estava longe. Conforme ela se aproximou, percebeu que ele chorava dolorosamente, e imediatamente abandonou - de modo parcial - o pensamento de quê ele poderia ser um problema.
Quando finalmente percebeu que ela estava ali, chegando perto, ele se colocou de pé e apontou a besta que carregava para a testa da mulher com agilidade. Ela levantou as mãos em rendição, tentando não ser abatida. Droga.
─ Quem é você? ─ Ele indagou, o rosto mortalmente sério quase bastava para as trilhas de lágrimas em suas bochechas não serem notadas.
─ Meu nome é Esme. Qual é o seu? ─ A fala de Esme era hesitante, mas não necessariamente mostrando seu medo de "ir dessa para melhor" bem ali. ─ É sério, eu... só 'tava passando.
O desconhecido a analisou de cima a baixo com um olhar julgador e frio. Esme estava feliz que não fosse outro tipo de olhada, uma vez que vinha de um homem como ele e ela claramente tinha poucas chances se tivesse que se defender. Ele pousou o olhar em seu pescoço, avaliando os hematomas roxos verticais mais uma vez, mais demoradamente. Eram muito grandes para parecerem com chupão ou algo do tipo, mas sua coloração garantia que não tinha mais de uma semana. Havia outro hematoma semelhante um pouco abaixo de seu olho direito, este já em um tom esverdeado, mais perto de sumir.
─ Daryl. ─ Ele respondeu, baixando parcialmente a besta. Esme não relaxou. ─ Como foi isso daí? ─ Daryl gesticulou para o próprio pescoço e então para baixo do olho, indicando o objeto de sua curiosidade. Seu olhar não era menos frio, mas agora era mais pensativo.
─ Mortos-vivos. Me derrubaram quando fui procurar comida em uma loja de conveniência, consegui escapar. ─ Esclareceu, indicando o hematoma sob o olho direito. Então apontou para o próprio pescoço. ─ A alça do meu cantil enrolou no meu pescoço algumas vezes enquanto eu corria, ou dormia.
Daryl pareceu não acreditar plenamente na história contada por Esme para justificar nenhum dos hematomas. Mas ele não disse nada para contestar, apenas voltou a interrogá-la sobre coisas diferentes.
─ E 'tá sozinha? Quanto tempo?
─ Cerca de três semanas. Um daqueles... bandos de mortos-vivos atacou meu grupo. Eu tive que fugir. ─ Daryl novamente não parecia convencido por completo, mas de novo não questionou mais profundamente.
─ Quantos zumbis 'cê já matou?
─ Não muito mais do que vinte, eu acho. ─ Respondeu incerta, depois de alguns momentos refletindo. Não era como se ficasse contando mortes, o que tornava a pergunta dele um pouco estranha.
─ E quantas pessoas já matou?
─ ...Nenhuma. ─ Esme replicou com inocência, sendo realmente honesta ao dizer isso. A sobrancelha que Daryl tinha arqueado levemente ao fazer a pergunta, desceu.
─ Por quê?
─ Porque não encontrei ninguém que me fez ter que escolher se eu ia morrer ou matar. ─ Assume, inclinando a cabeça ao responder.
Daryl finalmente abaixou a besta por completo.
─ Vem.
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Way Down We Go [TWD]
Fanfiction☆ oh, pαı, me dıgα, nós tıvemos o que merecemos? oh, nós tıvemos o que merecemos... e lαdeırα α bαıxo, nós vαmos.