Way Down We Go [TWD]

25. a sea of zombies.

A mão destra de Esme se fechou firmemente atrás de si, ao redor do cabo da faca que carregava no cós da calça jeans.

A respiração que exalou a seguir foi profunda enquanto se lembrava mentalmente do porquê não podia simplesmente esfaquear o assassino de sua mãe ali, dentro de um dos caminhões da frota de Negan. Mesmo se ninguém visse, ela ainda teria que explicar o corpo de Mason.

Ao mesmo tempo em que tinha ganhado um aliado em Dwight, Mason havia sido inocentado pelo roubo das armas. Por falta de provas e pelo tempo de serviço prestado ao Santuário, Mason agora andava livre no território de Negan, exercendo o mesmo posto como Tenente e usufruindo das mesmas regalias, tudo como antes. Ele era inocente aos olhos do único Deus que importava no Santuário: Negan.

Seus esforços para se livrar dele tinham sido em vão, e agora ali estava ele, enchendo seus ouvidos de bobagem.

— E então, como foi pra você? — indagou ele, embora Esme estivesse se esforçando para ignorá-lo há algum tempo. — Conviver com aquele bando de idiotas em Alexandria, fingindo que era uma deles?

Esme cerrou os dentes. Queria gritar com ele, enterrar aquela faca em seu pescoço e chutá-lo para os zumbis da cerca... As ideias para se livrar de Mason surgiam tão rápido quanto o sentimento incômodo no peito dela crescia, reflexo de muito mais do que a conversa que estavam tendo.

Haviam coisas mais amargas e mais antigas do que a troca de farpas, as provocações, as ameaças ou até mesmo a agressão dele contra ela quando se encontraram no dia em que Negan e seus Salvadores encurralaram o grupo de Alexandria. Algo mais profundo do que os hematomas que Mason tinha deixado em seu pescoço ao tentar estrangulá-la por questionar suas decisões, muito antes de Esme encontrar o grupo de Rick.

— Não era fingimento. — a mais nova retrucou. — Talvez seja um conceito estranho pra você, mas nem todo mundo finge o tempo todo.

— Ah, claro que não... — Mason arqueou a sobrancelha, rindo baixo.

Com isso, a filha parou por um momento, a mão que ainda mantinha no cabo da faca de caça afrouxando. Ela fingia o tempo todo no Santuário — não que ele soubesse disso, mas ela sabia. Ainda assim, Esme nunca precisou fingir em Alexandria.

Exalando um suspiro teatral, ele continuou: — Olha, eu sei que você me vê como um monstro, mas alguém tem que fazer o trabalho sujo, Esme. O mundo mudou. E você sabe disso melhor do que ninguém. Estaríamos mortos também se sua mãe e os outros...

— Se terminar essa frase eu corto a sua língua fora. — as palavras vieram firmes, atropelando as dele e o silenciando com certa surpresa. Não tinha esperado que ela se fartasse da encenação dele de repente. — Não tem direito de falar das pessoas do acampamento, muito menos da minha mãe.

— Foi um sacrifício necessário. — Mason repetiu com serenidade, como se tivesse convicção no que dizia, ou como se não estivesse sendo acusado de causar a morte da própria esposa e de um pequeno grupo de pessoas por motivos puramente egoístas.

— Você os deixou pra morrer! — rebateu Esme. — Você viu uma horda se aproximando e correu na direção oposta, deixou todos dormindo e eu teria morrido também se dependesse de você. — ela pontuou. Se recordava vividamente de acordar com o som do zíper da mochila que Mason roubou para si enquanto fugia. Lembrava de achar estranho e o seguir para perguntar onde estava indo, e então ouvir os grunhidos da multidão de mortos caminhando na direção do acampamento. — Todo nós confiamos em você e no primeiro sinal de perigo você se mandou, deixou todo mundo pra morrer!

— Pra podermos fugir! — ele insistiu de novo, o tom quase irritado. Odiava ser contrariado. — Estaríamos aqui se eu não tivesse feito isso? Meia dúzia contra aquela manada de zumbis seria suicídio.