20. our savior.

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Sherry correu pelos corredores vazios, o som de seus passos ecoando à distância. O metal frio da chave que Esme lhe deu estava firme em sua mão, mas a ansiedade corria solta por suas veias, fazendo-a suar frio e sentir a chave tentar deslizar de seus dedos.

Cada movimento que fazia rumo sua liberdade era uma aposta que estava fazendo contra sua própria vida, ciente de que poderia ser pega a qualquer momento, mesmo com a vista grossa que Esme tinha prometido fazer se Sherry cruzasse só mais uma linha: libertar um prisioneiro específico com ela.

Se questionou quem Daryl era para Esme, a ponto de valer aquilo: A vida dela, apenas por acobertar o pequeno ato amotinado, estava tão em risco quanto a da própria Sherry por fugir — e as vidas das pessoas naquele lugar sempre estavam em risco por qualquer pequena coisa, diga-se de passagem. Ainda assim, ela não hesitou quando viu uma chance de libertá-lo através da "esposa" de Negan em fuga.

Por quê? Por que ele valia isso tudo? Por que ela achava que ele merecia? ...Bem, ninguém merecia estar a mercê de Negan, para começar. Embora isso também não fosse motivo suficiente para correr tamanho risco.

Mas as respostas estavam fora de alcance e as dúvidas, por consequência, teriam de ficar de lado.

Estava com muita pressa para contar as portas, testando a chave logo na primeira que se fez a seu alcance. Apesar das mãos trêmulas, surpreendentemente funcionou.

Abriu a porta em um movimento único e apressado, encontrando um Daryl sentado no chão, abraçado as pernas, o rosto escondido atrás dos joelhos. Pálido, desidratado e coberto de hematomas em diversos estágios — dos recentes e roxos aos amarelados, prestes a sumir. Sherry franziu o cenho, comovida com a miséria dele.

Lhe estendeu a mão, se dispondo a ajudá-lo a se erguer, a voz era gentil ao contar o que fariam a seguir:

— Vamos embora daqui.

Daryl hesitou, a olhando com suspeita. Por que ela o ajudaria? Era uma das "esposas" de Negan... Mas, a julgar pelas botas no lugar dos saltos e calça jeans ao invés de vestido, Daryl deduziu que ela estava indo embora.

Talvez o estivesse levando com ela para afrontar Negan, lhe tirando o prisioneiro que lhe dava vantagem sobre o grupo de Alexandria. Ou era uma armadilha para testá-lo e ele falharia miseravelmente.

Dane-se. Era a melhor chance que ele tinha de ir embora daquele lugar desde sua tentativa fracassada de fuga em dias anteriores, onde tudo que conseguiu ganhar foi uma surra.

Olhou para o rosto dela mais uma vez, sem confiar totalmente, mas também, incapaz de dispensar a chance de se livrar daquele lugar de uma vez por todas.

Sherry o olhou apreensiva. Temia que se demorassem demais, Esme voltasse atrás em sua palavra. Ou que Daryl não confiasse o bastante nela para se mover dali, então ele continuaria preso quando Sherry fugisse, e Esme faria questão de ser aquela que a encontraria quando Negan mandasse os Salvadores caçá-la, achando que Sherry a havia passado para trás. Era infernal apenas imaginar.

Mas, apesar de ignorar sua mão estendida, Daryl se levantou, saindo do escuro e correndo com Sherry para o estacionamento no pátio dos fundos.

Seu trato com Esme estava salvo.

Exceto por três Salvadores fora de seus postos durante seus turnos, fumando e jogando conversa fora. A dupla fugitiva se abaixou atrás de um carro prata e ocorreu a Sherry que talvez devesse ter barganhado um pouco mais com Esme para conseguir uma das armas dela.

Mas que droga.

Rick, de volta a Alexandria, ainda debatia internamente a possibilidade de atacar, pesando as consequências que poderiam surgir para cada pequeno movimento que fizessem.

Way Down We Go [TWD]Onde histórias criam vida. Descubra agora